Além da Câmara de Vereadores e da imprensa de Urussanga, o prefeito Luis Gustavo Cancellier (PP) fez uma alegação sobre um funcionário da Justiça Federal. Na última sexta-feira, dia 11, durante a 21ª Festa do Vinho, o prefeito concedeu uma entrevista em uma rádio de Criciúma. Na entrevista, Cancellier fez alegações sobre existir uma organização criminosa dentro da Câmara de Vereadores, e que essa organização teria comprado toda a imprensa da cidade. Em sua fala, o prefeito afirmou que “um funcionário da Justiça Federal foi a pessoa que fez a denúncia contra mim. Ele tinha informação privilegiada, pegava informação dentro da Justiça Federal e passava para essa organização criminosa, para eles conduzirem o processo dentro da Câmara de Vereadores”.

O funcionário da Justiça Federal que fez as denúncias é o ex-vice-prefeito do município, Luiz Henrique Martins, o Cuíca. Em entrevista para a Rádio Marconi, Cuíca afirmou que o acesso ao processo na justiça é auditável, sendo que é preciso de uma senha para acessar. Segundo Cuíca, em nenhum momento acessou o processo, no qual é possível saber, através de um TI, se o acesso foi feito ou não. Além disso, Cuíca explicou que o processo do prefeito estava, no meio do ano passado, no nível cinco, no qual apenas os desembargadores têm acesso às informações. “Quer dizer que o desembargador passou a informação para mim? Está entendendo o nível da mentira?”, questiona.

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Cuíca disse ainda que o prefeito se baseia em um áudio dele enviado para a ex-chefe de gabinete, Andresa Baldessar dos Santos, na gestão do vice Jair Nandi (PSD), que esteve na prefeitura como prefeito interino durante os 13 meses de afastamento do Cancellier (acesse aqui). Esses áudios foram obtidos após a ex-servidora esquecer o WhatsApp logado no computador da prefeitura. “Eu digo para a Andresa assim: para não comentar sobre o processo de lavagem de dinheiro, não lembro se falo lavagem de dinheiro ou lavagem. Mas eu falo e peço para ela não comentar porque pode atrapalhar. Falo isso”, conta. “Não tenho informação privilegiada nenhuma, sabe por quê? Porque quem levou a informação para a Polícia Federal foi eu, a Polícia Federal nem sabia dessa informação”, acrescenta. “Eu peço para ela não comentar porque eu não queria que caísse na boca errada, para eles começarem a anular a prova, tentar consertar o erro”, disse.

O assunto foi destaque em entrevista no Comando Marconi. Entenda mais:

 

Cuíca ainda fez afirmações sobre suposta lavagem de dinheiro envolvendo o prefeito e seu irmão, também réu por conta da Operação Benedetta. “Tem áudio sobre esse assunto dos terrenos, aonde ele pega, compra dois terrenos no Pirago, ele e o irmão dele, e botam no nome da família das mulheres, e pede para não botar no nome deles. Receberam o dinheiro vivo dentro da prefeitura, eu tenho o áudio. Receberam dinheiro vivo, parcelas de R$ 25 mil dentro da prefeitura. Então prefeito, se tu ficasse calado era melhor para ti”, afirmou Cuíca.

Sobre as obras em Urussanga que levantaram as suspeitas que geraram todo o processo na justiça, Cuíca também disse que os números são absurdos. “As perícias da Polícia Federal chegaram a constatar 3.000% de superfaturamento em alguns pontos, 3.000%, olha gente, olha o número, a Polícia Federal não vai inventar isso”, ressalta. “Naquele trechinho ali daquela obra Da Estação, que é menos de um quilômetro, é 57mil quilômetros rodados de caminhão caçamba, isso daria para dar uma volta e meio ao mundo”, comentou. Saiba mais. 

A Rádio Marconi já solicitou uma entrevista com o prefeito Luis Gustavo por meio de sua assessoria e aguarda um retorno.

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