Os veículos de comunicação de Urussanga repudiam as falas do prefeito Luis Gustavo Cancellier (PP), que afirmou que toda a imprensa da cidade é comprada por uma organização criminosa. As alegações foram feitas pelo prefeito em uma rádio de Criciúma, na última sexta-feira, dia 11, durante a 21ª Festa do Vinho. Na entrevista, Cancellier ainda disse que “em nenhum momento eu tive a oportunidade nos veículos de comunicação de Urussanga de expor a minha versão, de me defender”. Por outro lado, toda a imprensa sempre esteve à disposição para ouvi-lo, e ainda continua.

Assim como a Rádio Marconi, os jornais Panorama e Vanguarda repudiam as falas do prefeito. Márcia Costa, proprietária do jornal Panorama, afirma que, ao alegar que a imprensa é comprada, o prefeito também subestima os urussanguenses. “Além de ofender toda a imprensa urussanguense, tentando desqualificá-la, o nosso prefeito foi muito infeliz, porque ele também desqualifica a própria população. A nossa população é politizada, ela é inteligente, ela sabe o que acontece na cidade dela, ela está atenta, tão atenta que ela envia mensagens para a própria imprensa dizendo o que ela necessita e sugerindo pautas de acontecimentos. Então eu acredito que ele menosprezou a inteligência da nossa gente quando ele disse que a imprensa coloca na cabeça do urussanguense o que ela quiser para beneficiar um partido ou uma organização criminosa”, destaca.

O também proprietário do Panorama, Sérgio Costa, ressalta que é uma pena que o prefeito tenha aproveitado o momento mais significativo da cidade de Urussanga, que é a Festa do Vinho, para realizar ataques à imprensa local e ao Legislativo. Maria Luiza Da Rolt, proprietária do jornal Vanguarda, também frisa o papel do jornalista e da imprensa. “Urussanga é privilegiada, porque é difícil nós termos um município que tenha tantos veículos de comunicação atuando na sua cidade, e com tempo, com história, com bagagem, com experiência”, comenta. O assunto foi destaque em entrevista no Comando Marconi com os jornalistas Sérgio, Márcia e Maria Luiza. Ouça na íntegra os seus posicionamentos:

 

Leia na íntegra o editorial sobre o assunto do jornal Panorama:

O assunto mais falado da semana foi, com toda certeza, a entrevista concedida pelo prefeito Gustavo Cancelier à Rádio Cidade, de Criciúma, no último 11 de agosto.

Na narrativa apresentada pelo Prefeito nesta entrevista, há em Urussanga uma organização criminosa trabalhando para tirar-lhe da cadeira de Chefe do Executivo, a qual se instalou na PMU quando ele foi afastado do cargo e, em não conseguindo seu intento, se transferiu para a Câmara de Vereadores quando ele voltou, onde, através das Comissões Processantes, o cassariam e entregariam o mandato ao seu Vice.

Tudo isso, contando com a imprensa comprada que ficaria com a responsabilidade de fazer uma lavagem cerebral em toda a população para colocá-la contra ele, a grande vítima da história, negando permanentemente ao Prefeito o seu direito de defesa.

Roteiro digno de filme.

Deixando de lado, neste momento, a contrariedade nas versões entre o atual Prefeito e seu Vice sobre o assunto administração municipal, obras e Comissões Processantes, nos ateremos ao que foi dito sobre o setor que atuamos: a imprensa.

Depois de afirmar que veículos de comunicação foram comprados e usados para manipular a opinião pública, o Prefeito, na mesma entrevista, se contradiz . Ele explicou que está confiante na vitória de seu partido em 2026 porque, diferente das candidaturas para cargos  nas esferas estadual e federal em cidades grandes, onde a população conhece os candidatos pela mídia, ele e sua família são muito conhecidos pelos urussanguenses.

Uma expectativa de vitória nas urnas na próxima eleição municipal, anunciada mais de um ano antes; tendo como base uma pesquisa que ele alega ser da oposição e cujos resultados informou acreditar ser positivo para sua administração, nos leva a usar os neurônios e perceber que, se a imprensa local tem todo este poder de persuação e tem se unido à organização criminosa para destruir sua imagem, é muito ineficiente e nada conseguiu.

Ainda assim, é preciso perguntar: ao afirmar que  a imprensa local tem poder de colocar qualquer coisa na cabeça dos urussanguenses, estaria o prefeito menosprezando a inteligência do nosso povo?

Estaria ele considerando nossa gente incapaz de enxergar o que está a sua volta, de analisar os fatos que acontecem no dia a dia , de ter seu próprio veredito sobre a sua cidade e, somente depois, comparar o que sabe ou vive com o que ouve ou lê nos meios de comunicação ?

Acusar a imprensa de trabalhar para a oposição ao seu governo com intuito único de roubar-lhe a cadeira de Prefeito e negar espaço para defesa, pareceu uma postura demasiadamente vitimista, pareceu uma tentativa de criação de provas a serem inseridas em algum processo na Justiça e que não condiz com a atual realidade.

Pois, apesar de a denúncia de suposto superfaturamento em obra ter sido feita pela oposição, foi um homem que era do mesmo partido e da confiança do prefeito Gustavo, um engenheiro urussanguense renomado contratado por ele, e que em seu depoimento na Justiça afirmou haver sim problemas na execução da obra denunciada. E imagina-se a gravidade, haja vista que o mesmo afirmou que preferiu pedir demissão do cargo para que não viesse a ter problemas na sua vida pessoal e profissional.

A narrativa de manipulação se esvai pela segunda vez, carimbada com a falta de interesse de se defender de uma imprensa que, segundo ele, colocou estopa em sua boca durante todo este tempo.

Ora, um Prefeito com conhecimento para emitir ou permitir que se emita uma notificação extrajudicial a uma emissora de rádio que existe na cidade há mais de 70 anos, com possibilidade de tirá-la do local que ela construiu no Parque Municipal, alegando falta de pagamento da taxa de aluguel na Festa do Vinho; sabe também que a Lei de Imprensa garante o direito de resposta para todos que se sentirem ultrajados pelo que for publicado ou dito nos meios de comunicação. Direito este que, ao menos no Panorama, NUNCA FOI PEDIDO, seja de forma amigável ou judicial.

Quem conhece a história do Jornal Panorama, sabe que a filosofia editorial deste semanário já mostrou não ser atrelada a partidos políticos e seus interesses, com as críticas, denúncias, elogios ou sugestões sendo feitas independentemente de quem esteve na Cadeira de Chefe do Executivo.

Estamos, neste 2023, encerrando o trigésimo ano de ininterrupta circulação. Neste tempo, políticos de diversos partidos e coligações já entraram e saíram do Paço Municipal e da Câmara de Vereadores.

Nós continuamos no mesmo semanário.

De todo este lamentável  episódio, entristece saber que durante o maior evento festivo de Urussanga, um radialista de Criciúma se instalou no Parque Municipal, certamente com a anuência do Prefeito e da Comissão responsável pelos espaços, para falar de política e eleições 2024 com o prefeito da cidade.

E nós, que pela primeira vez não recebemos na redação do Jornal o convite para o referido evento e nem a autorização para entrar com veículo no Parque, facilitando assim o nosso trabalho das pretendidas e não feitas transmissões ao vivo, certamente  fomos considerados dispensáveis. Resta saber, como um veículo de comunicação que  não é considerado importante para, através de suas redes sociais, animar o povo a ir para uma simples festa, teria competência para incutir na mente do povo que o prefeito é bom ou ruim.

Mesmo assim, cumprimos com nosso papel divulgando em edição impressa e rede social, matérias sobre a Festa do Vinho.

A vida continua, nós continuaremos nosso trabalho, sempre na esperança que o Panorama da nossa gente seja de realizações que beneficiem a sociedade, e de que a terra colonizada por bravos imigrantes italianos seja sempre motivo de orgulho para todos.

Leia na íntegra o editorial sobre o assunto do jornal Vanguarda:

NOTA DE REPÚDIO

O Jornal Vanguarda de Urussanga repudia, com veemência, a declaração e acusação do Prefeito Gustavo Cancellier, em entrevista ao jornalista Denis Luciano, no dia 11, quando disse que um grupo criminoso comprou a imprensa de Urussanga para manipular a opinião pública: “A opinião pública comprada. Muito claramente os veículos de comunicação de Urussanga, todos alinhados a esse grupo”, disse. Isso é uma afronta ao jornalismo exercido na cidade.

O município em momento de festa e o prefeito preferiu na oportunidade desenterrar assuntos negativos politicamente, criticar pessoas e, ainda, atacar a imprensa. Perdeu uma grande oportunidade de se manter calado e representar a cidade nos microfones da imprensa regional com respeito e grandeza, elevando a tão conceituada Festa do Vinho. O Jornal Vanguarda reafirma sua indignação e posicionamento de que não aceitará qualquer desrespeito e acusação pelo trabalho profissional que exerce e exige as provas de que este veículo é comprado. É inadmissível que, em pleno ano de 2023, profissionais com formação e ética sofram esse tipo de ataque por desempenhar suas funções.

A imprensa tem como missão informar a sociedade sobre fatos de interesse público. Além de infringir o direito constitucional de acesso à informação, qualquer ato de intimidação ao trabalho jornalístico é uma ameaça à liberdade de imprensa. Quando alguém se acha no direito de atacar a imprensa que cumpre com seu papel, ataca também o direito dos cidadãos de serem informados.

Equipe Jornal Vanguarda

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