Buscando traduzir os conhecimentos filosóficos, o professor, jornalista e filósofo Clóvis de Barros Filho aproxima o maior público possível para a sua área. Clóvis é autor de mais de 35 obras, sendo um dos mais requisitados palestrantes do Brasil. Com o projeto iniciado durante a pandemia, o podcast Inédita Pamonha se tornou um livro. O programa em áudio, assim como o livro, aborda questões da vida e valores existenciais. O programa Ponto de Encontro realizou uma entrevista especial com o filósofo Clóvis. Vários assuntos foram abordados, entre eles: seu podcast e livros, a liberdade humana, a educação no Brasil e outros pontos. Ouça na íntegra:

 

Com mais de 30 anos de experiência acadêmica, Clóvis ressalta que sua relação com os estudantes possui certa responsabilidade. Para o profissional, o aluno tem grandes expectativas em cima do professor. “O aluno sai do ensino médio com limitações cognitivas evidentes, mas ele sai também imaturo, ele sai, eu diria, pouco conhecedor da sua vida emocional, dos seus afetos, e ele conta muito com a universidade para amadurecê-lo e prepará-lo, não só para desempenhar uma atividade que tem, digamos certos atributos técnicos, mas prepará-lo para a vida como um todo”, destaca.

Na mesma linha, Clóvis comenta que o público que o acompanha, em sua grande maioria, são jovens entre 16 a 24 anos de idade. “Naturalmente que eu fico feliz, mas me sinto muito responsável porque entendo que, não se tratando de um adulto completamente formado e maduro, espera muita da minha palavra, e para tanto isso reforça muito a minha responsabilidade como educador”, fala. Clóvis é professor livre-docente na área de Ética da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, a USP.

Sobre o nome do podcast, Inédita Pamonha, o filósofo explica que é referente a uma história que, durante muito tempo, contava nas palestras que fazia. O conto tinha o objetivo de ressaltar a especificidade e a singularidade de cada instante da vida. Resumidamente, se uma pessoa anda pelas ruas com fome e come uma pamonha, sendo a primeira, ele se sentirá alegre. Ao comer a segunda, talvez ele não tenha o mesmo sentimento parecido, o mesmo vale para a terceira e a quarta pamonha.

Seja para qualquer situação da vida, todo o momento vivido tem sua particularidade. Até para a entrevista realizada na Rádio Marconi, Clóvis ressaltou que, mesmo contando a história da pamonha diversas vezes, ela foi completamente repetida como da primeira vez. “O ouvinte me ouve que eu elaboro esse discurso em um instante impossível de ser repetido, porque quando nos reencontramos já seremos outros”, frisa.

Sobre as inúmeras escolhas que a pessoa tem diante da própria vida, Clóvis ressalta que isso é a realização e a materialização da liberdade. “É preciso lembrar que muito da nossa vida resulta de nossas escolhas, o que é interessante? Cada escolha feita nos permite um passo que nos abre o caminho para novas escolhas”, afirma. “Há um pedaço da vida que é imposto pelo acaso, imposto pelo mundo. Ninguém escolheu a quarentena, ninguém escolheu a pandemia, ninguém escolheu os tsunamis, os terremotos, as doenças graves, as humilhações no trabalho, ninguém escolheu tanta coisa que acaba fazendo parte da vida”, comenta.

“Se um pedaço da vida é você que escolhe e o outro pedaço não é você que escolhe, não é muito auspicioso perder tempo com o pedaço da vida que não você não escolhe”.

Algumas publicações

  • A Política da Constituinte (1988);
  • A Constituição Desejada (1990);
  • Ética na Comunicação: da informação ao receptor (1995);
  • A Vida Que Vale A Pena Ser Vivida (2010) com Arthur Meucci;
  • O Executivo e o Martelo: Reflexões Fora da Caixa Sobre Ética Nos Negócios (2013) com Arthur Meucci;
  • A Filosofia Explica as Grandes Questões da Humanidade (2013) com Júlio César Pompeu;
  • Deuses Para Clarice (2018);
  • Reputação: um eu fora do meu alcance (2019) com Luiz Peres-Neto;
  • A felicidade é inútil (2019);
  • Tesão de Viver (2020) com Júlio Pompeu.
Inédita Pamonha” vira livro pela editora Citadel com seleção peculiar de episódios que fazem refletir sobre a vida