A febre maculosa é uma zoonose, ou seja, é transmitida de animais para humanos. Nos últimos dias, quatro mortes foram registradas pela doença em São Paulo. De acordo com a médica veterinária da Agropet Dandolini, Brenda Lagarreta, a febre é transmitida através da picada do carrapato-estrela, encontrado principalmente em capivaras, bois, cavalos e cães que vivem no campo. Conforme a especialista, os sintomas iniciais que a pessoa infectada apresenta podem ser confundidos com uma gripe comum. Por isso é importante estar atento aos sinais, principalmente se a pessoa esteve em sítios, fazendas e matas.

Brenda explica que a febre é causada por uma bactéria do gênero Rickettsia. A veterinária ressalta que existem duas espécies da bactéria no Brasil que estão associadas a quadros clínicos da febre. A Rickettsia rickettsii, que leva ao quadro mais grave da doença se encontra no norte do estado do Paraná e nos estados da região sudeste. Já a Rickettsia parkeri é mais registrada em áreas de Mata Atlântida, como em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Bahia e Ceará. Esse tipo, geralmente, causa sintomas menos graves.

O assunto foi destaque em entrevista no programa Ponto de Encontro com a veterinária Brenda. Entenda mais na íntegra:

 

A veterinária esclarece que os sintomas iniciais que uma pessoa apresenta quando está infectada são febre, dores no corpo, indisposição, e manchas vermelhas pela pele. “Se teve contato com o campo, foi em uma fazenda, foi em um sítio, foi fazer uma trilha e depois dessa trilha teve febre, procura logo um médico, vai a um posto de saúde porque pode ser algo relacionado a essa bactéria”, comenta Brenda. A veterinária explica que a transmissão se dá pela picada do carrapato, sendo que ele tem que ficar em contato com a pele de quatro a sei horas. “Se a pessoa observa um carrapato na pele, o quanto antes ela tirar melhor, porque a possibilidade de infecção vai ser menor”, afirma.

Brenda ainda faz uma alerta sobre a retirada do carrapato da pele. “Não tirar o carrapato, não esmagar ele, puxar ele. Pega uma pinça, não faz com a mão, pega o carrapato, torce, para que não fiquem resquícios na pele da pessoa”, explica. “Também do animal, no caso de ver um carrapato no cão, por exemplo”, acrescenta. Brenda esclarece o porquê de não esmagar o carrapato: para que a bactéria não se espalhe mais ainda. “O que se faz é tirar ele, o carrapato, e imergir ele em um frasco com álcool, porque o álcool vai fazer com que o carrapato morra e não espalhe a bactéria”, ressalta.

Sintomas em animais

Em cachorro, os sintomas podem ser confundidos com uma parvovirose. Isso porque o cão apresenta febre alta, rigidez, respiração difícil, vômito, diarreia, edema na pata e no focinho, além de sangramento nasal, na urina e nas fazes. A especialista comenta que o carrapato precisa ficar quatro horas sugando o sangue do cachorro para que a infecção aconteça. Por isso quanto antes remover o carrapato menor é a chance de se desenvolver a doença.

Nos bovinos é bastante comum que aumentem os casos de aborto nas fêmeas infectadas. Em ovinos o que se observa é o aumento na dificuldade respiratória. Já os equinos parecem ser refratários, ou seja, são resistentes e não apresentam sinais clínicos. “Mas é importante lembrar que não é porque o animal não tem sintoma que ele não pode transmitir a doença”, frisa.