O prefeito afastado de Urussanga, Luis Gustavo Cancellier (PP), afirmou, em entrevista exclusiva no Comando Marconi, que está envergonhado com o que está acontecendo na política do município. Isso porque uma sessão extraordinária foi realizada nesta segunda-feira, dia 16, para decidir sobre a cassação ou não do mandato do Cancellier. Depois de 12 horas de reunião, a sessão se encerrou sem haver a votação do mérito da Comissão de Investigação e Processante (CIP). Cancellier irá completar um ano afastado da prefeitura nesta sexta-feira, dia 20, por causa da Operação Benedetta, desencadeada pela Polícia Federal, em maio do ano passado (leia mais aqui).

Cancellier afirmou que o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) de Urussanga está fazendo manobras para que ele tenha o mandato cassado, já que foi o partido que impetrou com a representação de denúncia. O prefeito afastado citou sobre a rejeição da abertura de outra CIP em setembro do ano passado, quando o pedido foi rejeitado por quatro votos contra e cinco favoráveis, sendo que a bancada do PP (vereadores Odivaldo Bonetti, José Carlos José e Thiago Mutini) e o vereador Rozemar Sebastião (PDT), o Taliano, tinham votado contra. Para a abertura de uma CIP são necessários seis votos a favor. Em fevereiro deste ano um novo pedido de CIP foi aprovado no momento em que três vereadores estavam afastados, sendo que quem votou foram os suplentes (saiba mais).

“A partir do momento do retorno dos três vereadores titulares eles perceberam, claramente, que eles não teriam novamente os votos para me cassar, até porque os quatro vereadores já tinham se manifestado lá em setembro contra a abertura da CIP”, comentou. O prefeito ainda acrescentou sobre a CIP contra o vereador Taliano, que, de acordo com ele, a Câmara realiza manobras para cassar o mandato de Taliano primeiro que o dele, impedindo Taliano de votar contrário a cassação de mandato de Cancellier. “A partir do momento da volta de Rozemar Sebastião para a Câmara de Vereadores, eles enfrentaram um outro problema: não adianta botar a votação do prefeito enquanto o Rozemar está lá dentro, e aí começou uma série de manobras vergonhosas”, disse.

Segundo Cancellier, a CIP de Taliano deixou de ouvir testemunhas para que o julgamento acontecesse primeiro. “Ontem eu chego na sessão, que foi uma vergonha os vereadores. Eu queria que tivesse sido transmitida para a população, os vereadores andando, não escutando ninguém, rindo, é um circo essa Câmara de Vereadores de Urussanga”, frisou. Cancellier falou que o MDB “inventou” uma história para impedir que Taliano votasse na CIP. Segundo o prefeito, a Câmara justificou o impedimento alegando que Taliano e Cancellier foram, recentemente, vistos juntos almoçando em um restaurante no Farol de Santa Marta.

“O que eu preciso dizer para a população de Urussanga: é uma manobra absurda”, comentou. O prefeito afastado concedeu uma entrevista exclusiva para a Rádio Marconi, no programa Comando Marconi, na manhã desta terça-feira, dia 17. Em quase 50 minutos, Cancellier abordou vários assuntos sobre o seu afastamento e sobre as investigações da CIP. Esta é a segunda entrevista, em quase um ano de afastamento, que Luis Gustavo concede para a imprensa. Confira na íntegra:

 

O prefeito disse que haverá audiência no Tribunal Regional da 4ª Região (TRF-4) nesta quinta-feira, dia 19, para decidir se ele irá retornar ao cargo ou não. “A gente tem uma denúncia, onde a Justiça, o Poder Judiciário, não avaliou ainda se essa denúncia tem procedência, vamos abrir um processo contra o prefeito ou não. Pode ser que na quinta-feira agora o meu processo seja arquivado e eu poderia estar cassado pela Câmara de Vereadores”, afirmou. Cancellier disse que, caso volte, irá analisar os meios para que possa acabar com o que chama de “golpe político”.

Sobre estar recebendo o salário normalmente mesmo afastado, o prefeito disse que acha justo. “Primeiro, eu fui eleito pelo povo, a vontade do povo de Urussanga, a vontade que eles queriam era me ver por mais quatro anos”, comentou. “Eu também acho justo porque nós estamos gastando com advogado, eu gasto bastante com advogado e posso dizer para vocês que quase, quase, não sei se o que eu ganhei já não gastei com advogado”, completou. Cancellier ainda disse que se o problema da Câmara de Vereadores for com relação ao salário que ele recebe afastado, ele irá depositar o que ganha na conta do Legislativo.

O prefeito disse que a política da cidade está parada há um ano, apenas discutindo sobre as investigações dele e de vereadores, enquanto poderiam estar buscando investimentos para a população. “Essa falta de planejamento, essa falta de se preocupar com o que é importante para a cidade de Urussanga e ficar se importando com a política está acabando com a cidade”, reforçou. “Eu me solidarizo com a cidade de Urussanga. Esqueçam de mim, deixa eu no meu canto, deixa eu com a Justiça, a hora que a Justiça mandar eu voltar eu volto, vocês fazem o trabalho de vocês”, disse se referindo aos parlamentares do Legislativo.

Durante a entrevista, Cancellier citou o presidente da câmara, o vereador Elson Roberto Ramos (MDB), o Beto Cabeludo. “Eu desafio ele aqui (na rádio) para nós discutirmos CIP por CIP”, comentou. “Nós não vamos discutir aqui o mérito se é culpado, se não é culpado, eu quero discutir o procedimento, que eu vou mostrar para a população de Urussanga. Eu quero desafiar ele”, disse.

Por conta dessa menção, Beto Cabeludo compareceu na Rádio Marconi para ter seu direito de resposta, após a entrevista de Cancellier. “Gostaria de deixar claro a toda a população urussanguense: independente de eleitor, independente de partido político, quem entrar com alguma manifestação na Câmara Municipal de Urussanga, eu na condição de presidente, vou botar sim em votação, não vou engavetar”, comentou. Beto afirmou que a formação da comissão é realizada através de sorteio.

Ouça a entrevista na íntegra:

 

As entrevistas foram transmitidas ao vivo pelo Facebook. Confira:

Karine Possamai Della / Da Redação