Mesmo com a imaginação proporcionada por leituras, filmes e documentários, a dor de ver o real se torna maior. A jornalista içarense Caroline Sartori, que sempre teve interesse na história da Segunda Guerra Mundial, visitou recentemente os campos de concentração de Auschwitz, na Polônia. Em entrevista, a jornalista relatou que o seu primeiro impacto foi o tamanho dos campos, onde milhões de pessoas foram torturadas e mortas.

Assim que se chega ao primeiro campo, os visitantes passam por um longo corredor de paredões. Ao caminharem, os alto-falantes anunciam o nome de cada uma das vítimas, sem pausas longas. “Tu já começa a sentir a tristeza e a dor ali”, comenta Caroline. Depois, é possível visualizar as condições em que os prisioneiros viviam. Segundo a jornalista, as vítimas dormiam em camas parecidas com beliches, que tinham três andares, sendo o primeiro o chão. Porém, oito pessoas chegavam a dormir no mesmo andar, juntas. “A realidade era uma coisa assim impossível de uma pessoa sobreviver, os que sobreviveram, olha, foi realmente por um milagre”, destaca.

As câmaras, que foram o destino final de milhares de pessoas, ainda possuem as marcas pretas do gás. Junto delas, estavam as marcas das unhas das vítimas, que tentavam fugir do local ao serem atingidas pelo gás. “Quem recolhia os corpos que estavam ali eram os próprios prisioneiros, ou seja, os prisioneiros recolhendo o corpo seja de um familiar, de um colega. Aquilo, pra mim, foi a parte mais difícil, foi entrar na câmara de gás”, frisa Caroline.

O último dia 27 de janeiro foi lembrado por ser o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto. O programa Ponto de Encontro destacou sobre o assunto em entrevista com a jornalista Caroline, que falou sobre a sua experiência de visitar um local de memória. Ouça na íntegra:

 

Dentre todo o sofrimento visto nos campos, os prisioneiros se brigavam para ver quem limparia os banheiros. Apesar de ser um serviço considerado sujo por muitos, já que era necessário limpar os dejetos de outros seres humanos, a atividade era a mais desejada. Segundo a jornalista, era naquele local, nos banheiros coletivos, que os prisioneiros podiam se proteger do frio, da neve e, muitas vezes, evitavam de apanhar.

Durante a visita, Caroline, assim como os outros visitantes, se emocionaram diversas vezes. Antes do dia da viagem, a jornalista conta que passou alguns dias se preparando mentalmente e emocionalmente. “Eu até cheguei a levar na minha bolsa um remédio para dor de cabeça, porque eu já imaginei que a pressão ia ser tão grande, que eu ia ficar mal”, salienta.

A jornalista destaca que é possível ver nos campos os objetos dos prisioneiros. Desde malas, documentos e próteses até dentes de ouro e os cabelos das vítimas. Caroline ainda ressalta que os prisioneiros não eram somente judeus, mas sim todas as pessoas que não se encaixavam nos “padrões” arianos da época, como ciganos, homossexuais e grupos de outras religiões.

Caroline também explica que a visita aos campos deve ser agendadas através da internet, mesmo não optando por um guia. No primeiro campo, a visita dura em torno de 1h30. No segundo, dura 2h30. Somado ao tempo de deslocamento, a visita pode chegar a cinco horas. A visitação tem um baixo custo para a entrada, no qual o valor é destinado para a preservação de todo o espaço.

A jornalista ainda comenta que outro fator que chamou a sua atenção é a preservação da história. “Até é uma coisa que vai ser estranho eu falar isso, mas é um local muito bonito, muito bem preservada a história”, frisa. “A guia consegue trazer uma visão muito viva daquilo ali que aconteceu, uma tristeza também muito viva, tanto é que tu não consegue sorrir lá dentro de tão tenso que é”, acrescenta. “É muito legal eles terem preservado isso para hoje a gente poder viver, relembrar e respeitar a história”, destaca Caroline.

Confira as imagens impactantes que contam a história por trás do sofrimento e da resiliência. Um registro jornalístico que nos lembra da importância de recordar para não se repetir. Créditos: Fotos por Caroline Sartori.

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