A situação das estradas no interior de Urussanga, o transporte de universitários, o impasse envolvendo o Plano Diretor Municipal na comunidade de São Pedro, a busca por recursos e os cargos no Poder Executivo estiveram entre as principais pautas da quarta reunião ordinária da Câmara de Urussanga, realizada na noite desta terça-feira, dia 28. Todos os nove vereadores fizeram uso da tribuna para se posicionar em relação a assuntos que consideram importantes para o município.

“Que o prefeito não fuja”

Primeiro a se pronunciar na reunião desta terça-feira, o vereador Daniel Moraes (PSD), o Nel, julgou uma “falta de respeito” a situação das estradas do município. “Na Linha Pacheco, na Palmeira, Rancho, Belvedere… O que a gente pede é, no mínimo, um pouco de sensibilidade. Que o prefeito atenda mais as pessoas, não fuja, porque este é o sentimento que tenho nas ruas, inclusive do pessoal que é PP ferrenho”, relatou o vereador do PSD. “A gente sabe que ele não tem nenhuma pretensão (eleitoral) e que tem outras preocupações maiores, que sabemos quais são. Mas tem que atender as pessoas”, acrescentou.

Nel também endossou a cobrança por uma solução para a comunidade de São Pedro. “Como presidente desta Casa, coloco o Legislativo à disposição da comunidade. Este projeto precisa vir do prefeito, mas sem dúvida todos os vereadores são favoráveis. Não entendo a demora para que o prefeito converse com a comunidade. É melhor que a resposta seja um ‘não’ do que ficar enrolando. É uma falta de sensibilidade e de respeito”, opinou o parlamentar.

Foto: Divulgação / Renan Medeiros Amâncio

“Não é fatalidade, é incompetência”

O assunto do São Pedro também esteve na pauta do vereador Fabiano De Bona (PSDB). Segundo informações recebidas por ele, o Deplan tem conhecimento da situação, mas o prefeito ainda não. “Isso só tem uma palavra: desorganização”, caracterizou Fabiano, citando que o portal da transparência do município também é desorganizado.

De acordo com o parlamentar do PSDB, há ataques contra os vereadores nas redes sociais, em geral promovidos por ocupantes de cargos comissionados na Prefeitura. “Eles são bem pagos pelo prefeito e ficam descendo a lenha nos vereadores”, afirmou.

Fabiano retomou a questão das bocas de lobo sem cobertura, que causam riscos à população. “Se depois cair alguém ali, vão dizer que é fatalidade, mas eu digo que é incompetência”, disse. O vereador expôs a má qualidade de obras públicas em diversos bairros e questionou se não há fiscalização ou se o material é “de segunda”. “Esta obra no Rio Salto já foi inaugurada, sem canaleta, sem acostamento, sem nada. Agora já desbarrancou e já está se destruindo. Acredito que já tenham limpado, mas esta semana vou passar lá de novo. Se não resolver, toda terça-feira eu vou trazer aqui”, exemplificou, mostrando imagens.

Foto: Divulgação / Renan Medeiros Amâncio

“Transporte de estudantes ou altos salários?”

Ademir Bonomi (MDB), o Datcho, segue pressionando para que haja transporte escolar para os estudantes universitários de Tubarão. “O prefeito acha muito alto o custo de R$ 8 mil a R$ 9 mil, para dez alunos, um investimento que depois retorna para Urussanga”, avaliou o vereador. Datcho comparou esses valores com o custo de um cargo de secretário que considera desnecessário.

O emedebista também lembrou que, quando o transporte foi prometido em campanha eleitoral, nada foi falado sobre a necessidade de haver ao menos 15 alunos.

“Vocês não imaginam a quantidade de fotos que me mandam. Tem um senhor que gravou um vídeo de Santana até o Rio América. Não é este vereador que está indo procurar problemas, são as pessoas que me mandam. A gente fala, pede e não acontece nada. É incrível. Se não querem ajudar a gente, pelo menos façam pela cidade”, cobrou.

Datcho também criticou a falta de servidores para trabalhar na limpeza no Rio América. “Dois que trabalham lá. Um pegou férias e o outro saiu. Não colocaram ninguém”, relatou.

Foto: Divulgação / Renan Medeiros Amâncio

“Obra que começa tem que finalizar”

Elson Roberto Ramos (MDB), o Beto Cabeludo, levou à tribuna a insatisfação com as obras inacabadas em Urussanga. “Eu vejo no site e nas redes da prefeitura que estão lançando isso ou aquilo no interior. Mas não vejo quando a obra vai ser finalizada. Quando se inicia, tem que terminar, fazer com qualidade”, ressaltou.

O vereador mostrou fotos de obras inacabadas por toda a cidade e com placas informando datas para a conclusão que não foram cumpridas. “De que adianta lançar um pacote de obras de R$ 44 milhões e não terminar isso aí? E o lixo? E a iluminação pública? Nesse pacote, não vi a aquisição de caminhões para coleta de lixo e nem para trocar lâmpadas. E é um caos na cidade há anos”, afirmou Beto.

Na avaliação do vereador do MDB, o prefeito cria dificuldades para vender facilidades. “Reduzindo em miúdo, é ‘me ajuda que eu te ajudo’”. Essa é a preocupação do prefeito”, considerou.

O parlamentar se disse entristecido com o tratamento dado pelo Executivo aos moradores do São Pedro. Ele relatou que o secretário municipal de Desenvolvimento foi à casa de um morador e o chamou de ‘palhaço’. “Ele (morador) está na Alemanha trabalhando, se querem saber. Já esse (secretário) sim, está aí de gaiato ganhando R$ 9 mil. Fico envergonhado com essa Secretaria de Desenvolvimento. Primeiro ele tem que desenvolver a educação. Respeito é o mínimo que tem que ter”, discursou.

O vereador Beto rebateu as acusações de que a Câmara seria um ‘circo’, segundo ele recebidas de servidores comissionados. “Não chamo ele (prefeito) de palhaço porque é uma ofensa à arte circense. Ele é um mágico. Ou acham que as 500 horas de trator não foi uma magia? Ou acham que os 40 mil quilômetros de caminhão-pipa e os 57 mil quilômetros de caminhão caçamba no bairro da Estação não foram uma mágica?”, indagou.

Beto agradeceu as orações recebidas em nome da mãe, que passou por problemas de saúde recentemente e esteve internada na terapia intensiva.

Foto: Divulgação / Renan Medeiros Amâncio

“Quem paga por toda essa sem-vergonhice?”

O vereador Luan Varnier (MDB) criticou a falta de diálogo e observou que o cidadão urussanguense não é valorizado pelo Executivo. “O cidadão nesta cidade só serve para pagar imposto. E aí eu cito também os parlamentares que estão com o Executivo, aqueles que batem nas suas portas no ano eleitoral. Quando você precisa fazer o processo inverso, para conversar, você não consegue”, comparou.

O parlamentar exibiu dados funcionais de uma servidora comissionada da Secretaria Municipal de Educação com um salário de R$ 5 mil e citou que ela responde por prevaricação, concessão de autorização em desacordo com normas ambientais, participação em organização criminosa, sonegação de documentos, falsidade ideológica e desvio de verba pública. “Quem paga por toda essa sem-vergonhice somos nós, para uma pessoa que foi afastada junto com o prefeito e foi colocada novamente pela secretária Janea (Possamai, de Educação)”, afirmou.

Luan traçou um paralelo com outra discussão envolvendo a Educação: o transporte de estudantes. “Se ele tivesse cumprido o que prometeu em campanha, não estaríamos aqui discutindo isso. A secretária de Educação, a debochada, diz que é muito caro pagar transporte porque tem que pagar hora extra e diária para motorista. Mas, na hora de aceitar a investigada pelo Ministério Público Federal, ganhando R$ 5 mil, ela aceitou”, disse.

O vereador alertou que, se abrir o precedente de extinguir o transporte para Tubarão, os ônibus para outros municípios também ficam sob risco.

Foto: Divulgação / Renan Medeiros Amâncio

“O pior cego é o que não quer ver”

Erotides Borges Filho (PDT), o Tidinho, criticou a ação de quem chama a Câmara Municipal de ‘circo’ nas redes sociais e os vereadores de ‘palhaços’. Segundo ele, são defensores do prefeito insatisfeitos com as cobranças recebidas.

“Eu não sei os demais edis, mas eu não vejo problema nenhum na profissão de palhaço. Eles são profissionais idôneos, honestos, que fazem as pessoas rirem e trazem alegria. O fato de ser um palhaço já me coloca num nível muito superior ao de um corrupto”, citou.

“Nas redes sociais, às vezes eles se escandalizam com algumas palavras um pouco ofensivas, às vezes trocadas no calor do momento, mas não se escandalizam com os R$ 600 mil desviados em apenas duas obras, acham normal o prefeito apresentar um pacote de obras fictício, com recursos conseguidos pelos vereadores e pelo vice Nandi, como se fosse dele, com a situação da rodoviária, com as pontes de madeira prestes a cair”, comparou Tidinho.

O vereador do PDT relatou que a defesa do prefeito tenta parar a ação penal, sob a alegação de ilicitude nas investigações conduzidas pela Polícia Federal.

“O processo é público e agora no dia 3 de fevereiro o ministro Jesuíno Rissato (do STJ) foi contra o pedido da defesa”, afirmou. Tidinho leu trechos da decisão judicial, que relata o cometimento de crimes “de forma reiterada” na administração pública municipal, incluindo a criação de uma organização criminosa.

“Mais uma vez, as provas sustentam uma conduta criminosa, como diz a desembargadora. O que eu espero é que a mídia faça uma chamada dando ênfase à situação. A mesma Justiça que mostra que existem provas suficientes, dada a sua morosidade, permite que um corrupto continue dando as cartas no município de Urussanga”. Segundo ele, não há mais o que se exigir de provas. “O pior cego é o que não quer ver”, sintetizou.

Foto: Divulgação / Renan Medeiros Amâncio

“Temos que representar, fazer nosso papel”

Gilson Casagrande (PP) destacou que, embora não goste de falar do passado, viu-se na necessidade de relembrar alguns fatos. “Você sabia que lutamos para fazer a capela mortuária de São Pedro? Uma pessoa que estava, na época, controlando o nosso município como gestor e prefeito, quando perdemos duas emendas, que custaram R$ 400 mil”, contextualizou. “Quando o prefeito Gustavo assumiu o cargo, fomos conversar novamente com o deputado Zé Milton (Scheffer, PP). Ele mandou mais R$ 200 mil para que aquela capela se realizasse e agora está servindo a todos daquela região”, afirmou.

“Você sabia que lutamos para conseguir verba para o hospital? Mesmo não tendo sido eleito para esta gestão, mesmo fora, este vereador estava trabalhando. Fizemos uma reunião na casa do Arnaldo Bez Batti (presidente do Hospital Nossa Senhora da Conceição), com a suplente Izolete (Duarte Vieira, PP), o padre Giovanni, onde conseguimos mais R$ 400 mil para o hospital. E esta verba veio ano passado”, relatou Casagrande.

O progressista também destacou a conquista, no passado, de R$ 300 mil para a rua João Cittadin, no Rio América. “Essa verba foi desviada para o Nova Itália. E aquela população está lá sofrendo. Ia fazer com recurso próprio, mas não deixou dotação. Foi o Gustavo? Pergunto a todos”, questionou Casagrande.

O vereador cobrou mais respeito por parte dos colegas vereadores. “Gosto da minha cidade, a nossa cidade. Nós estamos aqui representando porque está essa comunidade aqui, que deu seu apoio, botou a sua confiança em um vereador desses que está aqui. Elegeu e nós temos que representar, sim, fazer o nosso papel. O ‘disse, não disse’ às vezes se estende e o povo não vê a realidade do que está acontecendo em nossa cidade”, concluiu.

Foto: Divulgação / Renan Medeiros Amâncio

“O Gustavo pagou contas e implantou o transporte de acadêmicos”

O vereador José Carlos José (PP), o Zé Bis, lembrou que foi o prefeito Gustavo Cancellier quem implantou o transporte gratuito para universitários de Urussanga. “Quando o prefeito Gustavo assumiu, em 2017, eu, o Casagrande e o Bonettinho conversamos com ele a respeito da passagem de ônibus. Ele começou a atender o nosso pedido um ano e meio depois, porque ficou esse tempo pagando contas que o prefeito anterior deixou. Em dois anos e meio, ele fez tudo isso e isentou todos os acadêmicos de pagar a passagem para as faculdades. O único prefeito que fez isso”, frisou o progressista.

Zé Bis justificou a decisão do município de não fornecer mais o transporte para Tubarão, atribuindo à necessidade de haver a demanda de ao menos 15 estudantes, quando há apenas nove, e não todos os dias da semana. “Não é porque nós não queremos. É porque a lei não permite”, afirmou.

O vereador trouxe à pauta a reivindicação da comunidade de Santa Luzia quanto à necessidade de ajustes no projeto de duplicação da SC-108. “Já venho tratando desse assunto desde que recebi o abaixo-assinado dos moradores. Procurei o deputado Zé Milton (Scheffer, PP) em dezembro, com o vereador Bonettinho. A SC vai ser duplicada e no meio da pista vai ter uma placa de cimento de fora a fora, sem passagem para os moradores atravessarem”, detalhou Zé Bis. “Antes de iniciar essa obra de mais de R$ 200 milhões, deveriam conversar com os moradores. O deputado Zé Milton deve conseguir uma audiência pública com os moradores do bairro para abril”, antecipou.

O parlamentar informou, ainda, que trabalha para elevar o limite de enquadramento do Simples Nacional em todo o país, contribuindo para a geração de emprego e renda.

Zé Bis também destacou que está marcada uma reunião no dia 6 de março com o prefeito Gustavo Cancellier para tratar da situação envolvendo o zoneamento no São Pedro.

Foto: Divulgação / Renan Medeiros Amâncio

“Iluminação pública é segurança”

Odivaldo Bonetti (PP), o Bonettinho, relatou ter percorrido o município para fiscalizar as obras e identificou falhas que já estão sendo solucionadas pelo Executivo. “Hoje passei pela Linha Pacheco e a estrada está boa, refizeram aquela estrada, e também para Santana. Eu sei que o povo cobra, nós estamos cobrando também”, afirmou o vereador.

“Eu já falei aqui na tribuna que se está pecando por coisas pequenas. Foi terceirizado o lixo e a coleta está ruim, tem que ver o que fazer. O (Jucemar) Sangaletti, coitado, está trabalhando com uma patrola só, porque tem 60 ou 90 dias que estão arrumando uma peça de uma patrola”, contemporizou.

Conforme Bonettinho, outra preocupação do momento é a iluminação pública. “O caminhão, pelo amor de Deus, não tem conserto, é um caminhão ‘xing ling’. É até uma vergonha, o município de Urussanga está às escuras. Parece que fizeram uma licitação, tem um vencedor que vai fazer o serviço e vai começar segunda. A gente pediu para o prefeito que faça uma força-tarefa rapidamente. Iluminação pública é segurança”, afirmou.

O vereador progressista endossou a preocupação com o projeto de duplicação da SC-108 e com a possibilidade de comunidades ficarem isoladas. Ele e os demais vereadores do PP atuam junto ao deputado José Milton Scheffer para que uma audiência pública seja realizada e o projeto seja ajustado.

Bonettinho ressaltou que o Plano Diretor Participativo de 2020 foi precedido de audiências públicas em todas as comunidades. “Eu tenho a sensibilidade de dizer que quem já tem casa lá tem direito adquirido. O que temos que fazer é que as coisas aconteçam. No que depender desta Casa Legislativa, nós vamos consertar esse erro”, assegurou.

Foto: Divulgação / Renan Medeiros Amâncio

Presença de moradores

A reunião teve participação maciça da comunidade de São Pedro, que busca uma solução para um impasse envolvendo o Plano Diretor Participativo. O zoneamento na localidade se tornou industrial, mas os moradores reivindicam a permissão para construírem imóveis residenciais em seus terrenos que já existiam antes da vigência da nova legislação municipal. A Câmara está auxiliando a comunidade para que o problema seja resolvido junto ao Executivo.

Colaboração: Renan Medeiros Amâncio / Assessoria de Imprensa