A votação para saber se teria ou não a Comissão Processante em Urussanga é o assunto principal do município. A Rádio Marconi está realizando um especial durante esta semana com os vereadores para saber os motivos que levaram votar contra ou favor da instauração da Comissão Processante. A votação decidiu, por quatro votos a cinco, que não será analisado o pedido de cassação do prefeito afastado Luis Gustavo Cancellier. O pedido foi realizado pelo ex-vice-prefeito, Luiz Henrique Martins, e pelo ex-vereador Júlio Bonetti. Nesta quarta-feira (22), os vereadores, integrantes da Mesa Diretora, Rozemar Sebastião (Taliano) do PDT, Elson Roberto Ramos (Beto Cabeludo) do MDB e Thiago Mutini do PP se posicionaram sobre os motivos de seus votos.

Rozemar Sebastião

O vereador Taliano foi contra a instauração da Comissão Processante. Segundo o parlamentar, a executiva do PDT estava pressionando ele para que votasse contrário ao projeto. “O PDT entendeu que, no fim, não é uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) normal de investigação, e sim, como ela diz ali, processante e de cassação. Essa foi a decisão tomada por unanimidade na nossa executiva”, afirmou. “A gente tomou essa decisão ali e no meu entender corretamente, até porque a gente entendeu que é político mesmo, não é uma investigação, uma CPI, e sim uma projeto de lei que dá direito a cassação. E isso a gente entende que deveríamos deixar para o Ministério Público e a Polícia Federal, que estão fazendo um bom trabalho”, explicou.

Segundo o vereador, o PDT avaliou que a Comissão Processante não seria o correto, já que, de acordo com Taliano, ela iria tirar muitos direitos de defesa do investigado. “Quem somos nós para abrir cassação? Se você for olhar, vereador pode votar em projetos importantes. Agora, eu acho que essa decisão teria ser com o juiz, teria que ser pessoas assim como a oposição vinha falando, dizendo que estava em boas mãos esse trabalho da Polícia Federal e Ministério Público. Vinha dizendo da competência deles e aí vamos tirar a competência deles e nós tomar a decisão? um agricultor, um servidor público que é vereador?”, frisou. Taliano acrescentou que caso fosse cassado o mandato, como seria se, por exemplo, daqui um ano, Cancellier ganhe na justiça e volte a seu cargo. “Como é que fica o dia a dia daquela pessoa que diz: bom, se a Polícia Federal e o Ministério Público inocentou ele um ano depois e nós cassamos ele. Aí é tarde demais”, comentou.

Ouça a entrevista realizada com Rozemar para o Comando Marconi na íntegra:

 

Rozemar Sebastião, do PDT

Elson Roberto Ramos

O Beto Cabeludo foi a favor da instauração da Comissão Processante. O voto já era esperado pela população, já que Elson foi a pessoa que realizou uma denúncia ao Ministério Público Federal sobre a possível má aplicação de recursos públicos. Em sua fala, Ramos disse que seu papel é fiscalizar e legislar. “Sempre vou fazer, estou no meu terceiro mandato, sempre vou fiscalizar com muita coerência, com muita tranquilidade, nunca com interesse pessoal, sempre com interesse da comunidade e sempre contendo o zelo e aonde tem que ser aplicado o dinheiro público”, ressaltou.

Beto comentou que todos os vereadores possuem uma agremiação política, porém, após serem eleitos, muitos deles dizem que se elegeram em um partido, mas que agora faz parte do partido de Urussanga. “Infelizmente, nesta hora, não foi Urussanga, foi o partido. Foi o partido que mandou nos votos. Eu acho uma incoerência, não sei se às vezes foi partido ou se às vezes foi pessoas mandantes em todo esse processo e querem esconder alguma coisa”, afirmou. O vereador também frisou que se o partido dele tivesse o pressionado para votar contra a Comissão, o mesmo não seguiria o pedido da sigla. “Poderia ser expulso do partido, ficaria sem partido, não perderia o mandato como o próprio Pierre falou ontem (acesse aqui) e que não serveria de escudo para o partido decidir o meu voto”, acrescentou.

O parlamentar esclareceu que a comissão seria para quebrar o sigilo do relatório da Polícia Federal que indicia Cancellier. “Com certeza se tivesse aberto essa comissão que esse vereador visse que não tivesse elementos, óbvio que eu não ia cassar o prefeito. Agora, se tivesse elementos claros, esse vereador é contra a corrupção, esse vereador é contra falcatrua, esse vereador é do município e quer servir a cidade”, disse.

Confira o seu posicionamento completo:

 

Elson Roberto Ramos, do MDB

Thiago Mutini

Thiago foi contra a instauração da Comissão Processante. O vereador afirmou que seu voto está relacionado com a filiação partidária, que é o PP, e com tudo que o partido proporcionou a ele nestes anos que está na política. “Eu acredito que as pessoas que fizeram a denúncia foram muito afoitas, poderiam esperar um pouco mais, porque assim, como nós vereadores nós vamos se basear em um processo investigatório onde não foi ouvido o outro lado. Como nós vereadores vamos ouvir as testemunhas e analisar a perícia se a polícia demorou um ano? Como é que a gente em 90 dias iria tomar uma decisão dessas? A gente poderia tomar uma decisão até precipitada, como o Taliano falou. Vai que a gente vota para cassar o prefeito e lá na frente o Ministério Público diz que ele é inocente”, afirmou. O vereador acrescentou que se o prefeito for acusado no futuro, aí sim os vereadores poderiam cassar o mandato do mesmo.

Mutini disse que confia no trabalho da Polícia Federal, que está sendo feito desde setembro do ano passado, mas que o prefeito afastado e as outras 13 pessoas indiciadas precisam se defender. “Quando alguém é citado, quando alguém é julgado, ao menos a gente tem que escutar o lado da defesa. Então acredito que a polícia fez o seu trabalho, agora está indo para o Ministério Público, e essas 14 pessoas agora vão se defender, vão ter tempo, os advogados vão estar orientando. Acredito que essas pessoas também tem o direito de se defender”, completou.

Ouça a entrevista com Thiago completa a seguir:

 

Thiago Mutini, do PP

Pedido de Comissão Processante arquivado: confira como votou cada vereador