Os alagamentos e as enchentes que atingem algumas cidades catarinenses demandam cuidados por parte da população que tem contato com as áreas afetadas. Isso porque após o registro de inundações, aumentam os casos de leptospirose. De acordo com a Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (DIVE/SC), a distribuição de casos da doença acompanha o regime mensal de chuvas, de dezembro a março, diminuindo durante o inverno.

Em 2019, 284 casos de leptospirose foram confirmados em Santa Catarina. Desses, oito acabaram indo a óbito. A maioria foi registrada em homens e a maior parte das contaminações aconteceu na área urbana. Neste ano, já foram notificados 127 casos da doença e três mortes. Nos últimos dois anos, o mês de janeiro foi o que mais registrou casos da doença em SC.

Segundo Miriam Ghazzi, bióloga da DIVE/SC, o risco de contrair a doença é maior em épocas de enchentes e alagamentos. “Moradores das cidades que registraram alagamentos que tiverem febre, dor de cabeça e dores no corpo até 40 dias após a ocorrência devem procurar uma unidade de saúde. É fundamental que a pessoa informe ao médico se teve contato com a água ou com a lama”, destaca.

Confira a entrevista realizada no programa Ponto de Encontro:

 

Leptospirose

A leptospirose é uma doença grave, causada por uma bactéria presente na urina contaminada de animais, principalmente ratos. A bactéria penetra no corpo através de machucados e, até mesmo, da pele sadia quando a pessoa fica muito tempo dentro da água. Por isso, o risco é maior em épocas de enchentes e alagamentos.

Os sintomas iniciais podem ser semelhantes aos da gripe, começando de forma abrupta, com febre alta, dor de cabeça, mal-estar e muitas dores no corpo. Um sintoma bastante característico é uma forte dor nas panturrilhas (batata da perna). A leptospirose pode evoluir para quadros graves, com aparecimento de icterícia (a pele fica com um tom amarelo-avermelhado). Os sangramentos podem aparecer na fase mais avançada, com dificuldade respiratória e pode levar a óbito.

Animais peçonhentos

Quando as águas ainda estão baixando e as pessoas retornando para suas residências, é também preciso que a população fique atenta à prevenção de acidentes com animais peçonhentos. “Animais como serpentes, aranhas e escorpiões procuram abrigo em locais secos e costumam invadir as residências para fugir da água”, alerta João Fuck, gerente de zoonoses da DIVE/SC.

Medidas de prevenção

– Evite contato com água ou lama de enchentes e não deixe que crianças brinquem no local;

– Use botas e luvas quando trabalhar em áreas com água possivelmente contaminada, como é o caso de alagamentos. Se isso não for possível, use sacos plásticos duplos amarrados nas mãos e nos pés;

– Quando as águas baixarem é necessário retirar a lama e desinfetar as casas, sempre se protegendo com luvas e botas. O chão, paredes e objetos devem ser lavados e desinfetados com água sanitária (Hipoclorito de Sódio 2,5%), na proporção de dois copos (200 ml cada) do produto para um balde de 20 litros de água, deixando agir por 15 minutos;

– Jogue fora alimentos e medicamentos que tiveram contato com a água dos alagamentos;

– Lembre-se que serpentes, aranhas e escorpiões podem estar em qualquer lugar da casa, principalmente em locais escuros. Nunca coloque as mãos em buracos ou frestas. Use ferramentas como enxadas, cabos de vassoura e pedaços compridos de madeira para mexer nos móveis. Bata os colchões antes de usar e sacuda cuidadosamente roupas, sapatos, toalhas e lençóis;

– Em caso de encontrar animais peçonhentos dentro da residência, afaste-se lentamente, sem assustá-los. E nunca pegue com as mãos animais peçonhentos, mesmo que pareçam estar mortos.

Colaboração: Bruna Matos / Assessoria de Comunicação