O Dia Mundial de Conscientização do Autismo foi lembrado no último sábado, dia 2. O assunto foi destaque no programa Ponto de Encontro em entrevista com a coordenadora do Comitê de Linguagem Oral e Escrita da Infância e Adolescência do Departamento de Linguagem da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (SBF), doutora Ana Carina Tamanaha. A especialista explicou que o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é uma condição neurológica caracterizada por afetar duas áreas do desenvolvimento, que é a interação e comunicação social e a presença de movimentos restritos e estereotipados.

“Não tem uma etiologia definida. Atualmente o diagnóstico é clínico, a gente observa, o médico psiquiatra da infância e adolescência vai observar o comportamento e vai verificar a presença desses sinais”, comenta Ana Carina. Esses comportamentos que podem ser observados são: dificuldade em interagir com outras pessoas; um bebê que não olha nos olhos da mãe, por exemplo; quando cresce costuma andar na ponta dos pés; não desenvolver ou ter atraso na fala; dificuldade em sustentar um diálogo e outros fatores do tipo.

A especialista esclarece que o TEA se chama assim justamente por haver uma variabilidade de sintomas e grau de severidade. “A gente vai ter casos bastante graves na pessoa, que realmente mesmo na vida adulta não vai conseguir se comunicar por meio da fala, então classificamos, tecnicamente, esse grupo de pessoas como não verbais, ou com uma verbalização mínima. E a gente vai ter dentro desse grupo espectro, pessoas que vão ter comportamentos mais leves, são mais sutis”, afirma. Ana Carina completa que esse último grupo de pessoas possuem um descompasso no uso de palavras ou falas. Ou seja, a pessoa pode levar as coisas e situações muito ao pé da letra, no discurso literal, além de outras dificuldades no convívio social para determinados cenários.

Ouça a entrevista completa da especialista Ana Carina Tamanaha, que participou da matéria especial alusiva ao Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Confira no player abaixo:

 

A criança com TEA, dependendo do nível de dificuldade, precisa de atenção especial para que haja maior adaptação curricular nas escolas. “Não é só a escola, toda a comunidade precisa estar pronta para fazer as adaptações para que essa pessoa seja realmente incluída nos espaços, em toda a comunidade. Claro que a escola tem um papel muito importante, porque é o primeiro núcleo social além da família quando a gente pensa na criança, mas toda a comunidade, toda a sociedade precisa estar pronta para fazer a inclusão”, ressalta.

É muito importante que exista políticas públicas em prol das pessoas com TEA. Uma delas é o atendimento preferencial, já que a pessoa com o transtorno necessita ser atendida com prioridade em locais com concentração de indivíduos, principalmente quando há barulho alto. “Para a pessoa com TEA existe uma dificuldade muito grande de integração sensorial, então se ela está em um ambiente com muito barulho, com muito estímulo visual, aquilo que a gente chama de muita demanda sensorial, pode desestabilizar a pessoa naquele momento, muitas pessoas falando ao mesmo tempo, enfim”, comenta a especialista em Distúrbios da Comunicação Humana pela Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP. Para as pessoas que não possuem o TEA pode ser um tempo pequeno de espera em uma fila, mas para quem possui a dificuldade o fato de ter atendimento preferencial contribui muito.

Para refletir sobre o Dia Mundial do Autismo, a Dra. Ana Carina Tamanaha foi a convidada do Ponto de Encontro. Foto: Divulgação