A Associação Internacional para o Estudo da Dor (International Association for the Study of Pain – IASP) promove campanhas anuais e se dedica ao desenvolvimento de estudos em áreas específicas. A cada ano a entidade aborda assuntos como fibromialgia, cefaleia, polineuropatias e outros. Neste ano, a associação promove a conscientização e educação de toda a comunidade médica sobre a dor. Para o neurocirurgião funcional, mestre pela UNIFESP e especialista em dor pela AMB, doutor Claudio Fernandes Corrêa, o tema é de suma importância já que a dor é o maior motivo que faz as pessoas procurarem a área da saúde.

Para o médico, muitas faculdades de medicina não abordam especificamente o tema dor e como lidar com os pacientes que a possuem, seja por qualquer motivo. “Essa campanha busca conscientizar profissionais da área da saúde a lidar com pacientes que apresentam dor, não só um diagnóstico, mas possibilitando um tratamento desse quadro de dor”, ressalta. O doutor Claudio participou do programa Ponto de Encontro e explicou mais sobre a iniciativa da IASP. O especialista também abordou o que mais leva pessoas aos consultórios e hospitais, além de outras questões. Ouça:

 

A dor crônica atinge aproximadamente 40% da população brasileira*. Esse tipo de dor é aquela que perdura mais de três meses no paciente, muitas vezes por toda a vida, sem cura. Corrêa esclarece que esses casos são gerados por conta de processos inflamatórios persistentes ou lesões teciduais causadas por doenças já curadas, mas que deixam sequelas. O médico usa o exemplo de quem já teve cobreiro, provocado pelo vírus varicela. “10% desses pacientes vão desenvolver uma dor chamada dor neuralgia pós-herpética. O vírus vai lá no neurônio e provoca uma desorganização e ela não é recuperável, se pode fazer um tratamento do quadro de dor, mas ela não cura a lesão que o vírus provocou. Então é uma dor que pode perdurar por toda a vida do paciente”, comenta. Essa situação também pode acontecer em pacientes que sofreram uma Acidente Vascular Cerebral (AVC), onde a pessoa pode desenvolver uma dor chamada de síndrome talâmica.

Por isso que o tratamento da dor não é feito somente por especialistas da medicina, já que engloba vários fatores. Fisioterapeutas, enfermeiros, dentistas, psicólogos e outras áreas muitas vezes trabalham juntos de forma multidisciplinar para encontrar a melhor forma de amenizar a dor do paciente. Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), a dor é caracterizada por ser uma manifestação desagradável que acontece no corpo da pessoa. Essa sensação denuncia a presença de uma disfunção ou lesão de parte do sistema nervoso. Dada a importância da escolha da campanha, a IASP busca conscientizar sobre a dor e como os profissionais podem estar atuando para melhor atender a todos os pacientes que sofrem diariamente com o problema.

*Fonte Sociedade Brasileira de Dor (SBED)