Diversos fatores, tanto biológicos, ambientais e até mesmo genéticos, podem resultar em um caso de suicídio. De acordo com o psicólogo Alex Cambruzzi, os casos não envolvem apenas um único evento. “Em torno de 90% dos casos existem sim a presença também de um transtorno mental, e que não é somente o caso da depressão”, explica. “Agora, os pensamentos sobre cometer o ato, eles costumeiramente já vem acompanhando aquela pessoa há algum tempo, eles tendem a começam com a pessoa querendo acabar com o sofrimento”, acrescenta.

O especialista ressalta que esses pensamentos não estão relacionados com o achismo das pessoas, que envolvem desconhecimento sobre o assunto. “Não tem nada a ver com aquela fala infeliz, que às vezes o senso comum traz, de que falta coragem, de que isso é mi mi mi. Pelo contrário, tem a ver com dor, com muito sofrimento”, esclarece. “Na maioria dos casos, há um período de latência, um período em que a gente pode atuar preventivamente com a ajuda profissional para que haja diminuição para essa pessoa dessa carga de pensamentos. Por isso, a importância de a pessoa procurar ajuda já quando isso está começando”, destaca.

Neste Setembro Amarelo, o assunto foi abordado em entrevista no programa Ponto de Encontro com o psicólogo Alex. Entenda mais:

 

Todas as pessoas, quando estão passando por um problema, acabam reduzindo a capacidade de resolução da situação. “Quando a gente está enfrentando um problema, essas alternativas podem ficar menores. É como se fosse uma visão de túnel, a gente só acaba em uma única saída. Então, a ajuda do médico, a ajuda do psicólogo vai na direção de gerar a estabilização emocional, gerar uma recuperação e ampliar a aquisição de novas habilidades para resolução dos problemas”, reforça. O profissional ressalta que a pessoa vai ter auxílio para aprender a resolver as situações, percebendo que é possível encontrar novas maneiras de lidar com elas.

Além disso, mais de 80% das pessoas que pensam em suicídio manifestam comportamentos ou falas de que aquilo iria acontecer. Sobre este fato, Alex ressalta que a família de quem se suicidou não deve se sentir culpada por não ter percebido possíveis sinais. “O Setembro Amarelo também precisa abordar a necessidade de libertação para as famílias que se culpam por não terem conseguido evitar essa situação. Quando nós falamos de sinais, é preciso que a gente entenda que isso é para ajudar a identificar, mas jamais para culpar alguém pela responsabilidade por não ter conseguido prever esses atos”, frisa.

Para Cambruzzi, é fundamental que as pessoas que tenham pensamentos suicidas busquem ajuda o quanto antes. “Esses tratamentos vão ajudar na diminuição desses pensamentos. Não espere, procure agora, faça uma busca por esse tipo de atendimento. Teve o pensamento? Saia daquele ambiente, se envolva em algo que lhe distraia naquele momento”, afirma. “As pessoas que evitaram a tentativa são categóricas em dizer que foi muito bom não ter cometido o ato. É um impulso que se a gente redirecionar a gente pode superar aquele momento e salvar a vida daquela pessoa”, comenta Alex.

CVV

Um dos principais canais no Brasil, na luta contra o suicídio, é o Centro de Valorização da Vida (CVV), que realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, e-mail e chat 24 horas todos os dias. O número para contato é o 188, e o site para mais informações é o cvv.org.br. Neste primeiro semestre de 2023, os voluntários do CVV atenderam mais de 1 milhão de ligações, uma média de 7.500 por dia.