O ser humano está em constante formação, aprendendo coisas novas todos os dias. Não só nas ações, a formação também se dá na mente, através da saúde mental. Essas formações acontecem principalmente na infância e na adolescência. É por isso que muitas atividades são desenvolvidas no ambiente escolar, já que é nessa fase quando, infelizmente, iniciam-se os casos de bullying. Devido a sua importância, o assunto é tratado de forma multidisciplinar, envolvendo várias matérias e áreas do conhecimento.

Em alusão ao Março Laranja, campanha de combate ao bullying, o programa Ponto de Encontro realizou um especial sobre o assunto. Participaram da entrevista a psicóloga do Colégio Monsenhor Agenor Neves Marques, Priscila Do Ben, e a professora de Biologia e Ciências, Monica Citadin; o diretor da Escola Caetano Bez Batti, Márcio Lucas da Cruz, e a professora Priscila Rodrigues Carneiro; e as professoras da Escola Barão do Rio Branco, Janete Sorato Benincá e Giovana dos Santos. Ouça na íntegra:

Parte 01

 

Parte 02

 

Para ambos os especialistas, o bullying deixa marcas para a vida toda, mesmo que aconteça somente na infância. “Não é um problema só das escolas, a gente trabalha nas escolas, mas é um problema da sociedade em geral como um todo”, destaca o diretor Márcio. Apesar de ser um termo considerado novo, as atitudes de chacota com outras pessoas são antigas. “Quando aluno, nós nem sabíamos, então, nós sofríamos sim, chegávamos em casa ainda éramos recriminados pelos nossos pais, ‘porque é brincadeira’, ‘é coisa de criança’. Criança é maldosa, criança faz maldade também, criança mexe no sentimento do outro, ela fere”, destaca a professora Janete.

Além de apelidos desagradáveis e xingamentos, o bullying pode envolver agressões físicas e manipulações psicológicas. A professora Giovana, que leciona Física, ainda lembra que casos de cyberbullying estão sendo cada vez mais registrados. “Não é porque sou professora de Física que a gente vai falar somente sobre fórmulas, cálculos, relatividade e tudo mais, mas a gente também trabalha sobre a questão do bullying dentro da disciplina, por causa do advento das tecnologias”, destaca a especialista.

Como atuação nas escolas, a professora Monica ressalta que o papel do professor não é somente ser um mediador de conhecimento. “Acho que o nosso papel também é esse: de ouvir o que eles têm a falar. A gente pode parar, a gente não precisa dar aula só de História, a gente não precisa dar aula só de Língua Portuguesa, a gente não precisa só dar aula de Física, de Ciências. Eu acho que, em algum momento, quando a gente sente que tem alguma coisa de errada, a gente pode parar a nossa aula e conversar com os alunos”, comenta a educadora.

A psicóloga Priscila ainda frisa sobre as consequências de um bullying na vida de uma criança. Para a profissional, crianças com características mais melancólicas, diante de uma agressão verbal ou física, tendem a se isolar mais, podendo ter, no futuro, uma depressão. Já crianças que revidam um ato de bullying podem gerar problemas envolvendo impulsividade e raiva. “Cada um é diferente, cada criança, cada adolescente é diferente, mas a consequência em si, no geral, vai ser o básico, vai ser que eles vão carregar traumas”, explica.

Para os docentes, o bullying é um reflexo da sociedade. “Pessoas morrem por causa do preconceito. Então, eu sempre falo em sala de aula que a gente não precisa gostar de todo mundo, mas a gente precisa se respeitar. A gente vê pessoas morrendo por racismo, mulheres morrendo por machismo, pessoas morrendo por xenofobia. Então, o bullying é reflexo disso”, destaca a professora Monica.