Um filhote de baleia franca foi encontrado encalhado já sem vida na Praia do Camacho, em Jaguaruna, neste domingo (18) . A equipe do ProFRANCA foi até o local para realizar o registro da ocorrência, seguindo os procedimentos do Protocolo de Encalhe da Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca/CMBio. Tratava-se de um macho com 4,8 metros de comprimento. Não foram observados sinais externos que indiquem a causa da morte, porém as dobras fetais indicam se tratar de um filhote com poucos dias de vida. O animal estava em estado avançado de decomposição, por isso não foi possível realizar necropsia. A prefeitura de Jaguaruna enterrou o animal na manhã desta segunda-feira.

Este é o primeiro encalhe de baleia-franca da temporada 2021. Este ano, as baleias-franca chegaram mais cedo em Santa Catarina. A primeira avistagem ocorreu no dia 12/06. “A análise de imagens de fotoidentificação individual obtidas até agora já indicam a presença de pelo menos 40 baleias-franca entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul, incluindo 18 filhotes, o que é um número expressivo para este período, já que estamos ainda no início da temporada, que atinge o pico em setembro e vai até novembro”, afirmou a diretora de pesquisa do Projeto ProFRANCA, Karina Groch.

O programa Comando Marconi abordou sobre o assunto e sobre a temporada 2021 em entrevista com Karina. Ouça:

 

Diferente das baleias-franca, este ano, uma grande quantidade de encalhes de baleias-jubarte tem sido observado no litoral catarinense. A ocorrência das baleias-jubarte não é rara, já que estes animais passam pela região durante a migração, entretanto neste ano um fenômeno atípico aconteceu, um grande número desta espécie está sendo avistado próximo à costa. São animais jovens e as observações e registros de encalhes mostraram que muitos destes animais estão magros, o que indica falta de alimento para esta espécie.

Este pode ser o fator responsável pela aproximação destes animais à nossa costa, já que as baleias-jubarte se alimentam de pequenos peixes, diferente das baleias-franca, que se alimentam somente de organismos planctônicos, como o krill existente na Antártida. A população total das baleias-jubarte no Brasil está estimada em mais de 20.000 indivíduos. Para as baleias-franca a estimativa é que cerca de 550 fêmeas se reproduzem regularmente no Brasil, sendo que a média anual avistada em Santa Catarina é em torno de 100 a 120 baleias-franca.

Protocolo de Encalhes da Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca

O Protocolo de Encalhes da APA da Baleia Franca é um programa desenvolvido pela equipe desta Unidade de Conservação Federal para prestar assistência aos mamíferos marinhos encalhados na unidade, estabelecendo assim diretrizes entre as instituições executoras deste plano para o desenvolvimento de ações coordenadas para o atendimento destes casos.

A coordenação do Protocolo de Encalhes na Unidade é formada pela APA da Baleia Franca/ICMBio, Instituto Australis/Projeto Baleia Franca, Associação R3 Animal, Universidade do Estado de Santa Catarina/UDESC/CERES, Museu de Zoologia Professora Morgana Cirimbelli Gaidzinski da UNESC, Corpo de Bombeiros, Capitania dos Portos e Policia Militar Ambiental.

As instituições de pesquisa e conservação que atuam no Protocolo são integrantes da Rede de Encalhes de Mamíferos Aquáticos do Brasil (REMAB), criada pelo ICMBio em 2011 para melhorar o monitoramento e atendimento a encalhes e capturas de mamíferos aquáticos.

Como ajudar em casos de encalhes de animais mortos:

– Informe o local do encalhe e outras informações úteis a um dos membros do Protocolo (contatos abaixo);

– Evite se aproximar do animal sob risco de contaminação biológica;

Em caso de animais vivos:

– Não tente devolver o animal para a água, pois pode ser perigoso;

– Obtenha fotografias do animal, possibilitando a identificação da espécie e documentação do caso.

– Evite respirar o ar expirado pelos animais;

– Não se aproxime da cauda. São animais grandes em situação de debilidade física, que podem se tornar ariscos com a aproximação de outros indivíduos e, assim, causar ferimentos.

Colaboração: Guilherme Comodo / Comunicação Instituto Australis