A doença de Crohn é uma doença inflamatória intestinal, considerada um problema autoimune. De acordo com o membro titular da Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBPC), doutor Abel Botelho Quaresma, a doença é relativamente nova, tendo suas primeiras pesquisas no início dos anos 1930. No Brasil, um aumento dos casos da doença foi registrado a partir dos anos 2000. Segundo o especialista, isto está ligado ao nível de industrialização do país, já que as pesquisas indicam que países mais desenvolvidos tendem a ter mais casos da Doença de Crohn. O doutor explica que os próprios anticorpos da pessoa atacam o intestino, causando diarreia e dores abdominais.

O doutor também esclarece que a diarreia crônica é o principal sintoma da doença. Diferente de uma diarreia infecciosa, na qual a pessoa melhora dentro de dias sem tratamento, a diarreia crônica costuma afetar de forma recorrente. O assunto foi destaque em entrevista no Ponto de Encontro com o doutor Abel. Ouça mais:

 

Quaresma ainda explica que não existe um único exame capaz de diagnosticar a doença. É necessário realizar uma série de exames que irão indicar o problema. “Basicamente, o diagnóstico é feito pela história clínica, pela consulta e exames de laboratório, exames endoscópicos e exame de radiologia”, comenta. Conforme o doutor, a Doença de Crohn pode afetar as pessoas de todas as idades, porém, há estudos que indicam que a incidência maior é entre pessoas de 25 e 35 anos.

O doutor ressalta que o problema ainda não possui uma causa definida. No entanto, sabe-se que existem uma série de fatores que podem estar ligados no aparecimento da doença, como os hábitos alimentares, condições psicológicas e sociais, além de higiene. Quaresma cita uma pesquisa desenvolvida na Ásia, que prova que quem tem cachorro e gato em casa é mais exposto a bactérias, que “treinam” o sistema imunológico, ou seja, elas têm menor índice de ter uma doença inflamatória. Países com condições de higiene mais precárias, como Índia e China, tendem a ter menos casos da doença.

A Doença de Crohn ainda não possui cura, mas há tratamento. “Quando apareceu, ela tinha pouquíssimas opções terapêuticas, basicamente a gente tratava com corticoides, que são anti-inflamatórios, e imunossupressores, que são drogas usadas para diminuir as defesas. Muitas vezes, pacientes transplantados têm que usar o imunossupressor. Só que essas drogas têm um nível de efetividade em torno de 30 a 40%”, afirma. “A partir dos anos 2000, apareceram as drogas biológicas, que são feitas, em algumas vezes, por engenharia genética”, completa. Por conta disso, esses medicamentos têm um custo muito elevado. No Brasil, as pessoas com a Doença de Crohn podem solicitar os medicamentos através do Sistema Único de Saúde (SUS).