Até o final abril, Santa Catarina terá colhido mais de 7,5 mil toneladas de mel, uma safra recorde no território catarinense. A produção ficou em 25 kg por colmeia, superior à média dos últimos anos, que foi de 20,42 kg. No Brasil essa média fica em 10 kg por colmeia. Há cinco anos, a média catarinense era de 13 kg por colmeia.

O acompanhamento mais freqüente da Epagri, que triplicou seus atendimentos a apicultores nos últimos três anos, resultou em melhorias no manejo e adoção de novas tecnologias pelo produtor. Somam-se a isso as condições climáticas adequadas e o capricho e empenho dos apicultores para se chegar ao aumento de 20% na produtividade por colmeia verificada nesta safra.

A safra do mel acontece entre agosto e janeiro, meses em que são colhidas 70% da produção. O restante é coletado entre fevereiro e abril, quando acontece a safrinha.

Apesar da grande produção, o preço pago ao apicultor catarinense se mantém em alta. O mercado está pagando entre R$ 12,00 e R$ 13,00 o quilo do mel no atacado, tanto para o mercado interno quanto para exportação. Esse valor é o dobro do pago pelo mel da Argentina e do Uruguai, por exemplo.

“Essa grande valorização é resultado da qualidade do nosso mel, produzido sem o uso de químicos, diferente de outros países”, explica Ivanir Cella, coordenador de apicultura da Epagri. Segundo ele, é o emprego de manejo adequado e de tecnologias nos apiários que permite a produção do mel em grande escala sem uso de aditivos químicos.

Graças à alta qualidade do mel produzido, Santa Catarina passou a ocupar nessa safra a posição de maior exportador do Brasil e se mantém em terceiro no ranking nacional de produtores. Nosso Estado também é o líder nacional em produção por quilômetro quadrado, com 62,85kg/ km²/ano, enquanto que no restante do território nacional essa média é inferior a 5 kg/ km²/ano.

Metade do mel catarinense é exportada e 42% do total produzido tem certificação orgânica. Esse alto nível, somado ao aroma e ao sabor proporcionados pela diversidade da flora catarinense, deu ao mel barriga-verde o reconhecimento como um dos melhores do mundo, tendo recebido vários prêmios internacionais nos últimos anos.

Para além da produção em expansão, o grande valor da apicultura catarinense para a economia do Estado se concentra no trabalho de polinização das abelhas, que tem impacto no ganho de produtividade da maçã, pêra, ameixa e outras culturas. São cerca de 320 mil colméias existentes no território catarinense, 45 mil delas alugadas para polinizar macieiras.

O presidente da Confederação Brasileira de Apicultura, José Soares de Aragão Brito, lembra que o segmento tem perspectivas promissoras no Brasil, já que nos próximos dez anos o mercado mundial deve aumentar sua demanda de mel em 170 mil toneladas. “O Brasil só atinge 10% do seu potencial produtivo”, calcula.

Ele lembra ainda que o próprio consumidor brasileiro esteja despertando para o consumo do produto. Cada brasileiro consome em média 120g de mel por ano. Na Suíça, por exemplo, essa média é de 2 kg por pessoa.