A imigração italiana no Sul de Santa Catarina completou 145 anos em 2022. Com acontecimentos de quase um século e meio, a história não pode ser esquecida, principalmente quando novas gerações surgem. Para marcar a importância da imigração e dos italianos para a região, Vilmar Dal Bò Maccari, urussanguense que atualmente vive em Florianópolis, lançou o livro “Os dias eram assim”, em Treviso, na Itália. Vilmar foi aprovado no doutorado pelo Instituto Universitário Sophia, Fingline e Incisa Val d’Arno. O catarinense defendeu a tese em Ciências Econômicas e Políticas, com ênfase em Teoria Política.

O livro narra a história da família Dal Bò, chamada de a família do boi. Apesar de conter apenas um sobrenome, a obra não conta a história de somente uma família em específico. “Nós vemos que nós começamos a narrar um sobrenome, mas ele vai se entrelaçando com a história de outros sobrenomes, e vai dando a história de outras raízes, outros encontros, outros desencontros, outras divergências”, contou Vilmar. “Não é uma história isolada, a gente vê a história de uma região e de nomes que circulam ainda hoje nos nossos territórios”, completou.

Para realizar a obra, Vilmar reuniu todo o documento histórico existente. “Antes de mim, estiveram tantos outros autores que já trabalharam. Não trago uma novidade desconhecida para a nossa região, para os municípios da Rota Italiana, porque tantos outros já escreveram sobre esses fenômenos”, destacou. Vilmar citou o Monsenhor Agenor Neves Marques e a Karla Ribeiro, que possuem obras que narram a história da imigração italiana em Urussanga. O autor frisou que é muito importante relembrar a história, principalmente quando se está encaminhando para a quarta geração de descendentes italianos. “Este livro tem como um grande objetivo recordar os 145 anos da imigração italiana”, reforçou.

O programa Ponto de Encontro abordou mais sobre o livro Os dias eram assim em entrevista com o autor Vilmar. Ouça na íntegra:

 

Como primeira fonte de pesquisa, Vilmar conversou com todas as pessoas que têm histórias para contar sobre a imigração italiana e o processo de colonização. “É ouvir o que eles ouviram dos seus, dos seus avós, dos seus pais”, contou. É a chamada tradição oral, aquelas informações que não estão nos livros, mas naqueles que conviveram com imigrantes e que ouviram as histórias. “Eu emprestei, eu dei a minha atenção, o meu tempo e os meus ouvidos a ouvir essas pessoas”, destacou Maccari. “Aí que eu digo a importância de registrar a história para as futuras gerações, porque essa tradição oral corre o risco de ser perdida. Então nós devemos escutar o avô, o bisavô, aqueles que estão partindo e escrever”, comentou.

Toda essa tradição oral se torna ainda mais emocionante quando se observa os documentos históricos que comprovam tudo. “Começamos a folhear os diários de bordo, começamos a tocar os livros canônicos aonde estão os registros de 1880, os registros de batizado, os registros de casamentos, as vezes algumas informações um pouco mais precisas”, falou. “Essa retomada com registros não é mais a tradição oral, mas são os registros históricos, isso é uma grande riqueza. E eu digo que é um dos momentos mais fortes em uma pesquisa é quando você tem em mãos um livro datado de 1880”, comenta Maccari.

O livro Os dias eram assim foi lançado na Itália, onde o autor está atualmente por conta da apresentação do doutorado. Nas próximas semanas, Vilmar voltará para o Brasil, no qual os exemplares da obra serão entregues às pessoas que ajudaram com a tradição oral.

Vilmar Dal Bò Maccari

Mestre em Estudos Políticos pelo Instituto Universitário Sophia, Figline e Incisa Val d’Arno, Itália (2014); Bacharel em Teologia pelo Instituto Teológico de Santa Catarina – ITESC – vinculado a Faculdade Teológica da Companhia de Jesus, Belo Horizonte (2011); Graduado em Engenharia de Produção pela Universidade do Sul de Santa Catarina, Florianópolis (2005). Professor do Curso de Bacharelado em Teologia da Faculdade Católica Santa Catarina (FACASC). Professor vinculado ao Programa de Iniciação Científica da Faculdade Católica Santa Catarina (FACASC). Coordenado do Núcleo de Pesquisa em Teologia, Sociedade e Comunicação (NUTECOM). Professor das disciplinas de Moral Social, Gestão Pastoral, Sociologia da Religião, Políticas Públicas e Organizações Sociais. Linhas de pesquisas: Teologia, Sociedade e Comunicação. Ética Pública e Humanismo Integral. Assessor parlamentar na Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina.