Há 38 anos a cidade de Urussanga era marcada na história por uma tragédia. No dia 10 de setembro, 31 trabalhadores morreram soterrados na Mina Santana, localizada no bairro Rio Carvão. O acidente é considerado a maior tragédia da mineração brasileira em subsolo. “Nós tivemos o antes e depois da explosão. Costumo dizer que essas 31 pessoas não precisavam ter pagado por isso, ter morrido por isso, por essa tragédia. Mas eles não morreram em vão, eles foram heróis, porque depois de 84, da explosão da mina, a segurança em mineração teve uma guinada de 100%”, comenta Sérgio Maccari, um dos sobreviventes da tragédia.
O acidente aconteceu em 1984, quando os trabalhadores da Carbonífera Urussanga voltavam às atividades em uma segunda-feira após um feriado prolongado do Dia da Independência. Uma das principais teorias do acidente é que ele ocorreu por causa do acúmulo de gás metano no subsolo. Maccari lembra que os funcionários estavam felizes porque era o dia do pagamento, estando todos animados para receber o salário após o feriadão.
A explosão ocorreu no painel 6, que era uma frente de trabalho para os mineradores, por volta das 5h40. “São frentes de trabalho que vão determinando para você fazer a distribuição de material, de localização”, explica Sérgio. Ele esclareceu que a explosão foi como um grande deslocamento de ar. “Foi isso que ocorreu, a gente teve uma pressão muito forte nos tímpanos, nós sentimos aquilo e, quando aquilo passou, imediatamente veio o deslocamento de ar, que acabou arremessando as pessoas”, recorda Maccari.
Para Sérgio, os dias depois do acidente pesaram muito. “É pior ainda quando tu tens que trabalhar no local. Isso é o pior ainda, porque aonde tu passa tu começa a recordar”, comenta. “Tu começa a associar os fatos passando no lugar, isso vai machucando muito, entende, porque tu tens que retomar os serviços”, completa. Maccari foi um dos sete funcionários escolhidos para continuar trabalhando na mina até o encerramento das investigações do acidente. “Isso tudo pesava muito”, frisa.
Sérgio Maccari participou de entrevista no programa Comando Marconi e relembrou mais detalhes da história e do acidente que sempre marcará Urussanga. Ouça a seguir:
Parte 01
Parte 02
A urussanguense Karoline Mariot, que é jornalista, realizou o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) sobre o caso. Em sua pesquisa, a jornalista analisou reportagens da época das revistas Veja e a Isto é. “O jornalismo nos desperta essa proximidade dos fatos, da história. Ele nos traz essa sensibilidade de a gente poder acompanhar essas histórias, esses fatos tão marcantes da nossa região”, ressalta. Ouça a entrevista com a jornalista na íntegra:
As 31 vítimas
Os 31 trabalhadores que morreram na tragédia foram:
Antonio Acedir da Silva; Aloísio Schmidt; Arestides José Goulart; Cesário Borba Camilo; Dionísio Modelon da Silva; Ederli Melo; Euclides Ronsani; Francisco Jeremias; Hedi Cesário Scarabelot; Luiz Carlos Galdino; Paulo Rogério Alves; Pedro Paulo Leopoldo; Reginaldo Araújo; Ronaldo F. dos Santos; Vanderlei Mendes; Valdir Machado; Wilson Cláudio Miranda; Antônio Elizário Mendes; Gilmar Belmiro Ribeiro; Itamar Belmiro Ribeiro; Jair Mendes; Jaime Alfredo Coelho; Jorge José Pereira; Luiz Carlos Leopoldino; Luiz da Cruz; Luís César Cardoso; Pedro Engel José; Santos Tezza; Valdemiro Fioravante Bonot; Vilmar Fernandes Madeira; Volnei Dalazen.
Documentário relembra os fatos do acidente
O documentário “Painel seis – O que meus olhos viram” narra o acidente na Mina Santana. A produção foi realizada por acadêmicos de Jornalismo da UniSatc, hoje já jornalistas, David Morona e Edson Padoin. Confira:
Livro conta a história
O livro “A explosão da mina Santana: Uma tragédia anunciada” narra a história dos acontecimentos do maior acidente de mineração na história do país. No dia 10 de setembro de 1984, 31 trabalhadores perderam suas vidas em um acidente em uma mina localizada em Urussanga. O autor, Bruno Mandelli, conta os fatos do ponto de vista dos trabalhadores que sobreviveram a tragédia. Leia mais a seguir:
