A votação para saber se teria ou não a Comissão Processante em Urussanga é o assunto principal do município. A Rádio Marconi está realizando um especial durante esta semana com os vereadores para saber os motivos que levaram votar contra ou favor da instauração da Comissão Processante. A votação decidiu, por quatro votos a cinco, que não será analisado o pedido de cassação do prefeito afastado Luis Gustavo Cancellier. O pedido foi realizado pelo ex-vice-prefeito, Luiz Henrique Martins, e pelo ex-vereador Júlio Bonetti. Nesta sexta-feira (24), os vereadores, José Carlos José (Zé Biz) do PP, Luan Francisco Varnier do MDB e Odivaldo Bonetti (Bonettinho) do PP se posicionaram sobre os motivos de seus votos em entrevista ao Comando Marconi.

José Carlos José

Zé Biz foi contrário a instauração da Comissão Processante. Segundo o parlamentar, a sua decisão foi por entender que não se pode condenar uma pessoa antes de julgar. “Até o momento, sequer foi oferecido denúncia contra o prefeito Gustavo e ele ainda nem fez a sua defesa que poderá mudar o curso das acusações”, afirmou. Zé Biz comentou que qualquer cidadão tem o direito de se defender, e que nada a respeito do prefeito afastado foi confirmado ainda. “Nós do partido do PP somos favoráveis, sim, as investigações, mas a Polícia Federal já investigou e o processo ainda é segredo de justiça e ninguém pode andar por aí falando mal e acusando nós todos de que bloqueamos as investigações”, disse. O vereador ainda completou que apenas houve comentários parciais e manifestações políticas.

O parlamentar disse que não é papel dos vereadores julgarem e sim da justiça, pois não seria um julgamento, não seria técnico, e sim político. “Eu acho que a Câmara de Vereadores investigando e se houvesse uma cassação e depois a justiça absolvesse, seria uma grande injustiça”, acrescentou. Zé Biz afirmou que, no seu entendimento, a Comissão seria uma manobra política para destituir um prefeito que foi democraticamente eleito com a maioria dos votos dos urussanguenses. “Eu sou contrário a qualquer ato de irregularidades no trato do dinheiro público”, frisou.

“A gente tem um alinhamento, a gente tem um partido político, temos que aceitar as decisões do partido, nós somos favoráveis a qualquer tipo de investigação. Se não tivesse tido nenhuma investigação pela Polícia Federal ou qualquer outro órgão, com certeza eu seria favorável, eu votaria a favor, mas já foi investigado, já tem o relatório da Polícia Federal, para que investigar de novo? O que nós temos que fazer ali é trabalhar para fazer o município crescer, a justiça que resolve esse problema aí, se tiver problema”, comentou durante entrevista.

Ouça o seu posicionamento completo a seguir:

 

José Carlos José do PP

Luan Varnier

Luan foi a favor da abertura da Comissão Processante. O parlamentar afirmou que o papel dos vereadores é de fiscalizar e analisar o que é feito pelo executivo. “Eu votei favoravelmente porque credito no meu trabalho enquanto parlamentar, acredito na importância que tem a função de vereador. Mas além de tudo, quem me solicitava eram as pessoas na rua. O povo urussanguense queria que fosse aberto um Comissão Processante. Aí eu te pergunto, por que não votar a favor? Não tínhamos nada para esconder, quem não deve não teme”, disse.

Além disso, Varnier comentou que o mandato do prefeito não seria cassado no dia seguinte a instauração, mas sim que os vereadores iriam ter a oportunidade de ter acesso as investigações, aos autos e ouvir Cancellier. “A câmara, o munícipe, a cidade em nenhum momento ouviu um posicionamento dele”, disse. Segundo Luan, o MDB votou favorável às investigações porque a sigla sabe da importância dela para o município. “Foi mais nesse sentido de votar favoravelmente em nome daquelas pessoas que me colocaram ali dentro. Mas além de tudo, não somente daqueles que me colocaram no parlamento, mas daqueles que pagam impostos, que pagam essa conta toda”, ressaltou.

“Você acha que a Polícia Federal, uma instituição tão importante, largaria seus trabalhos, para vim passear em Urussanga, para recolher dois ou três documentos para fazer um relatório final de acordo com aquilo que simplesmente pensasse? não né”, comentou. Luan disse que houve um trabalho árduo da Polícia Federal durante as investigações, com análises das obras com engenheiros peritos e que as pessoas devem confiar nos trabalhos feitos pelo órgão federal. Luan também comentou sobre as comemorações e da carreata que houveram após o arquivamento da Comissão Processante na terça-feira, dia 21. O parlamentar disse que nunca viu algo parecido na história de Urussanga e que se sentiu triste, principalmente por se tratar do arquivamento de uma investigação.

Confira o posicionamento de Luan na íntegra:

 

Luan Varnier do MDB

Odivaldo Bonetti

O presidente da Câmara de Vereadores foi contrário a abertura da Comissão Processante. Em outras entrevistas e ocasiões, o parlamentar disse que seria favorável a abertura, no entanto, mudou o seu posicionamento. “Havia rumores dentro do Partido Progressista, da executiva, da contrariedade para não abrir a Comissão Processante porque ela não é investigativa. Ela é para julgar, ou seja, prefeito é notificado, apresenta a defesa, ouve testemunha se tiver, apresenta o relatório e julga, julga politicamente”, explicou. Bonettinho ainda deu o exemplo do caso governador Carlos Moisés, no qual os desembargadores votaram pela cassação, porém os deputados votaram contra, sendo considerado por ele um julgamento político.

Bonettinho explicou que depois de sua entrevista à Rádio Marconi, nesta segunda-feira, 20, (acesse aqui), foi notificado pelo PP sobre fechamento de questão, no qual os vereadores da sigla foram enquadrados a votar contrários a Comissão Processante. Conforme o parlamentar, a mudança de voto foi devido ao partido, já que se deve ter lealdade e respeito ao estatuto da sigla. “Eu fiquei entre a cruz e a espada, ou seja, entre a minha palavra pessoal e a posição partidária. Conversei com várias lideranças estaduais, lideranças políticas, municipais, pessoal da mais antiga, e por unanimidade, principalmente as estaduais, me disseram “Bonettinho, nessa hora você tem que ficar com o seu partido”, comentou.

O vereador ainda disse que outros vereadores que foram a favor também deram a justificativa que votaram por conta do partido, e que ninguém falou sobre isso. Mas parece que quando se trata de seu partido, o PP, não se pode seguir a orientação da sigla. “É isso que a gente tem que colocar e deixar bem claro para a população”, comentou durante a entrevista. O vereador disse que confia no trabalho da Polícia Federal, mas que também confia na Constituição Federal. “Diz assim no artigo quinto no inciso 55, ‘aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa’. E o inciso 57 diz assim ‘ninguém será considerado culpado até o trânsito julgado de sentença penal condenatória’, então eu acredito na defesa, todos tem que ter a defesa, o contraponto, para depois o juiz julgar”, frisou. O parlamentar acrescentou que a Comissão Processante serve para julgar e cassar o mandato, e que o certo era instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para realmente investigar.

Ouça a entrevista completa:

 

Odivaldo Bonetti do PP

Resposta ao Geraldo Fornasa

Nesta quarta-feira (22), o ex-presidente do PP, o empresário Geraldo Fornasa, concedeu uma entrevista polêmica sobre o partido ao programa Comando Marconi. O assunto gerou repercussão estadual por conta do que Fornasa falou sobre a sigla e do prefeito afastado (leia a reportagem aqui). O vereador Bonetti foi citado na fala de Fornasa e solicitou à produção o seu direito de resposta. “Ficou bem claro uma rixa pessoal, que até que o Gera colocou entre ele e o prefeito Gustavo”, disse. “Nas últimas eleições o Geraldo me ajudou e por isso tem direito de cobrar. E a gente ficou sentido também, porque eu não sou pilantra, eu não sou moleque e ele me chamou de uma palavra de que eu sou traidor”, afirmou.

Bonettinho relatou que Fornasa ligou para ele na terça-feira (21) de manhã e perguntou se ele seria a favor ou não da abertura da Comissão Processante. Conforme disse o vereador, ele comunicou Fornasa de que o partido havia fechado questão sobre a votação. “Aí eu traí ele, essa foi a palavra dele. Se eu tivesse votado com ele, aí eu estaria traindo todo o partido, ia ser chamado de traidor também pelo outro lado”, afirmou. Ouça o momento em que Bonetti comenta sobre a entrevista de Fornasa e das comemorações vistas após a sessão de terça-feira:

 

Especial: Ademir, Fabiano e Daniel explicam seus votos da abertura da Comissão Processante