As entidades sociais e culturais de Urussanga consideraram a 21ª Festa do Vinho, no geral, um sucesso. Com o preço dos ingressos mais acessível, o público dos cinco dias de evento aumentou, gerando consequentemente mais retorno para as associações urussanguenses. Com o objetivo de destacar os pontos positivos e negativos da Festa do Vinho, a fim de levantar sugestões para as próximas edições, o programa Ponto de Encontro realizou um especial com representantes das entidades. Todas as associações foram convidadas a participar, sendo que algumas não estiveram presentes no especial devido a compromissos particulares.

Participaram do programa representantes da Apae, Coral Santa Cecília, Rotary Clube, Paraíso da Criança, Hospital Nossa Senhora da Conceição, Clube dos Treze e ProGoethe. Ouça na íntegra:

Parte 01

 

Parte 02

 

Do geral

Ambas as entidades avaliaram como positiva a Festa do Vinho, estando satisfeitas com a edição deste ano. O valor acessível dos ingressos foi o principal ponto destacado, o que gerou mais público para a festa. Além disso, a segurança no Parque Municipal Ado Cassetari Vieira foi muito elogiada, além do bom relacionamento e receptividade com os membros da Comissão Central Organizadora (CCO). A realização do concurso do vinho durante a festa também foi citada como um dos pontos favoráveis, já que contou com a participação de diversos produtores artesanais de toda a região. No entanto, as entidades levantaram algumas sugestões que podem melhorar nas próximas edições da festa.

Contrapartida das entidades

Um dos pontos citados pelos representantes é o valor da contrapartida, popularmente conhecido como “aluguel”. Todas as sete associações que participaram do especial criticaram os altos valores cobrados das entidades pela prefeitura. Além disso, o fato de que os montantes foram repassados na véspera do início do evento, no dia 8 de agosto, também foi alvo de críticas pelas associações.

Entenda os motivos do aumento da contrapartida das entidades que participam da Festa do Vinho

Representando o Coral Santa Cecília, a senhora Iracema Copetti afirmou que a entidade recebeu com surpresa a informação do preço do aluguel. “Nós tínhamos pago um valor no Rittorno e agora foi aumentado, e não foi comunicado, foi tipo assim de cara ‘oh, tem que pagar tanto'”, comentou. O coral, que serviu durante a Festa do Vinho pizzas, minestra e prato de frios, pagou o valor cobrado, de R$ 3 mil.

O presidente da Apae de Urussanga, Samuel De Brida, afirmou que o que chamou a atenção foi o aumento do valor do ano passado para este. “A Apae, por exemplo, pagou no ano passado R$ 5 mil, esse ano foi R$ 8 mil, um acréscimo de 60%. A gente fica chateado porque o resultado que a Apae tem na festa é aplicado diretamente no município, é aplicado em saúde, educação, assistência social dos alunos que são frequentadores da Apae”, comentou. “Quando se tem um gasto desse que chega quase no valor que a gente arrecada em um pedágio, a gente fica chateado”, acrescentou.

Everaldo Savi Mondo, o Dado, presidente do Rotary Clube, destacou que o Rotary é a entidade que tem a menor arrecadação. Isso por conta do cardápio, feito apenas de carnes, a bacaria, que possui alto preço dos insumos e, consequentemente, do prato vendido. Como já foi presidente de uma festa Ritorno Alle Origini, Dado sabe das questões que envolvem o pagamento da contrapartida e de seus valores. Em sua opinião, Dado frisou que é preciso sim que o valor seja pago pelas entidades, mas em um percentual que ninguém seja prejudicado. Além disso, Dado também comentou sobre a surpresa dos valores terem sido repassados na véspera da festa.

O presidente do Clube dos Treze, Valcir Moraes, disse que a entidade sempre cobrava os valores dos aluguéis nas reuniões com a comissão organizadora da festa. Segundo Valcir, o valor da contrapartida aumentou 100%, indo para R$ 10 mil. “As refeições empatou praticamente, mas nosso lucro está diminuindo festa a festa”, disse. “Foi surpresa total, eu achei até, sou sincero, achei de má fé, não pode um valor alto desse jeito”, afirmou. Para Valcir, os valores deviam ter sido repassados com, no mínimo, uma semana de antecedência. “Contratamos 14 pessoas. Sabe quanto dá isso? R$ 12.700. Mais R$ 10 mil de aluguel. Olha o quanto nós estamos baixando o nosso lucro ano a ano, festa a festa”, acrescenta.

O valor da contrapartida também foi um dos principais fatores negativos para o Paraíso da Criança. José Elson Bittencourt, presidente da entidade, ressaltou que o valor deste ano aumentou 50%, indo para R$ 9 mil, sendo R$ 6 mil no espaço da Praça D’Itália e R$ 3 mil no quiosque em frente ao palco principal. “Era preferível ter divulgado, ter informado aquilo e aí ter a discussão. Mas não, acho que foi uma sacanagem de deixar para a última hora e não ser discutido”, destacou. José ainda comentou sobre o trabalho que o Paraíso da Criança desenvolve, sendo que o valor cobrado da entidade poderia ter sido apenas de forma simbólica.

O vice-presidente do Hospital Nossa Senhora da Conceição, Dirlei José Souza, também afirmou que o valor da contrapartida tem que ser repensado e corrigido. Além disso, Dirlei destacou que a comissão da Festa do Vinho deve ser formada logo após o encerramento do evento, tendo mais tempo para discutir essas questões com as entidades. “Fazer uma festa grande dessa aí com 60 dias é muito pouco tempo”, afirmou.

Neste ano, o valor da contrapartida cobrado da Associação dos Produtores da Uva e do Vinho Goethe (ProGoethe) foi de R$ 15 mil. O presidente licenciado da associação, Gilmar Trevisol, explicou que cada vinícola, totalizando cinco, teve que pagar R$ 3 mil. No ano passado, o valor pago foi de R$ 1 mil. Além disso, Trevisol destacou que o real protagonista da Festa do Vinho, que é a bebida, está perdendo força a cada edição. “Infelizmente, hoje não é mais Festa do Vinho, mas sim poderia ser uma festa dos shows, do chope, da caipirinha, menos Festa do Vinho hoje”, comentou. “A gente sente que a cada ano somos mais desprezados em relação a nós, as vinícolas, porque a festa foi feita mesmo para estar divulgando os vinhos, e a cada ano que passa está tendo sim um desleixo em relação as vinícolas”, comentou.

Decoração e planejamento

Outro ponto destacado pelas entidades é a necessidade de mais planejamento. É o planejamento na organização da festa, com as conversas entre as entidades e na decoração da cidade. O presidente da Apae, Samuel, destacou que é preciso criar mecanismos que liguem os principais eventos da cidade: Vindima Goethe, Ritorno Alle Origini e Festa do Vinho, para destacar mais a decoração do município. “Ela podia ser até um ato contínuo dentro da cidade”, comentou. Iracema também afirmou que a decoração da cidade nesta Festa do Vinho deixou a desejar. No entanto, se houvesse mais tempo e mais planejamento, a comissão poderia ter criado uma subcomissão para estar a frente da decoração.

Dado comentou que poderia haver um estudo para destacar a história do município através de decorações. “Urussanga mereceria uma decoração, não tão chamativa como é o dia da festa, mas algo que representasse o dia a dia realmente. E é investimento, é planejamento”, ressaltou. “O parque estava bem decorado, o parque estava lindo lá, tinha coisas ali, mas tinha ali muitas coisas remetidas do passado trazidas para o momento, bem-vindas também, só que o perfil das festas está mudando, então as decorações também tem que caminhar, trazer mais visibilidade, que a pessoa realmente venha e sinta que a cidade está em festa”, completou.

Valcir também destacou que a decoração da cidade é uma forma de vender a festa, chamando mais atenção. “O que pega mais é a falta de planejamento, porque é custosa, a ornamentação custa caro, a não ser que tu planeje e converse com as entidades e faça alguma coisa mais que o pessoal saiba fazer e que não tenha um custo tão elevado”, comentou o presidente do Paraíso, o Dedé. “Até nós, como entidades, temos que dar exemplo da decoração nos nossos estabelecimentos”, ressaltou Dado, representando o Rotary. O planejamento antecipado da festa e da decoração também foi destacado por Trevisol.

Espaços privados

Outro ponto mencionado pelas entidades foi a utilização de certos espaços do Parque Municipal para empresas privadas, que comercializaram lanches ou bebidas. Além disso, a utilização de caixas ambulantes também foi mencionada, já que aconteceu casos dos caixas irem vender o produto de suas empresas na “porta” da venda das entidades. O vice-presidente do hospital, Dirlei, também comentou sobre as barracas privadas de bebidas que estavam espalhadas pelo parque. “Ficam fazendo barraca de última hora com lona preta, isso aí ficou horrível”, disse.

Encontro

Um encontro com as entidades e com a CCO da Festa do Vinho foi realizado na noite desta segunda-feira, dia 21. Além das sete associações que participaram do programa especial, a associação Lama na Veia, Mulheres Agricultoras, Lions Clube, Amodamas, Epagri e Casa do Colono também estiveram presentes.

Entre elogios e críticas construtivas, foram tratados e destacados diversos assuntos ligados à segurança, ingressos mais acessíveis, os shows, espaços licitados, horário do último show de domingo, possibilidade de fazer a festa de dois em dois anos, valores de estacionamentos (que chegaram a ser mais caros que os ingressos), acessibilidade, aluguéis das entidades e caixas ambulantes.