A baleia-jubarte que encalhou na orla do Balneário Esplanada, em Jaguaruna, passou por eutanásia na sexta-feira, dia 7. O animal havia encalhado na quarta, dia 5, e desde cedo os moradores acionaram os órgãos competentes para realizar o desencalhe. A diretora do Instituto Australis, que auxiliou nas tentativas de resgate, Karina Groch, explicou que quando uma baleia encalha viva significa que ela não está 100% saudável, ou seja, houve desorientação para onde nadar ou ela está apresentando alguma doença. A baleia que encalhou na Esplanada era um macho, quase adulto, apresentando quase 11 metros, além de pesar mais de 10 toneladas.

A bióloga ainda ressaltou que, desde 1998, dez baleias encalharam vivas no litoral catarinense. Dessas, apenas duas foram encaminhadas para a eutanásia: uma baleia-franca, em um caso que aconteceu em 2010, e agora essa baleia-jubarte do Balneário Esplanada. “Tivemos outras baleias que encalharam e morreram em seguida, e outras que foram resgatadas”, afirmou. “É bem importante ressaltar que se a gente encaminhou para o procedimento de eutanásia é porque é o último recurso, é a última coisa que a gente vai fazer, vamos fazer todas as tentativas antes para salvar o animal”, reforçou a bióloga.

Conforme Karina, a eutanásia da baleia-jubarte foi decidida após as tentativas de desencalhe. O animal já estava bastante debilitado e a maré não colaborava para que ele pudesse voltar ao mar. Karina ainda explicou que a maré também prejudicava na tentativa de desencalhar a baleia usando uma embarcação. “Qualquer procedimento de tentativa de resgate tem que ser feito com o auxílio do mar, porque a gente não consegue pegar e colocar um guindaste na água e levantar a baleia, puxar e empurrar ela para o mar”, ressaltou a bióloga. Karina participou de entrevista no Comando Marconi e explicou mais sobre a situação que ocorreu em Balneário Esplanada. Ouça na íntegra:

 

As baleias-jubarte têm a sua área reprodutiva no nordeste do país, sendo que, normalmente, elas não se aproximam da costa do litoral sul. No mesmo dia em que a baleia encalhou, na quarta-feira, moradores, bombeiros e voluntários realizaram uma força-tarefa para puxar o animal de volta ao mar. Mesmo com o esforço, a baleia não conseguiu se deslocar sozinha. “Ou a baleia não teve vontade de nadar para o alto mar ou a maré não encheu o suficiente”, comentou Karina.

Para que o resgate da baleia com o uso de uma embarcação acontecesse, seria necessário um rebocador. “Os rebocadores têm um calado alto, ou seja, a parte do casco, do leme que vai para o fundo, ela é bastante profunda, ela tem uma profundidade determinada. Isso implica que essa embarcação, para operar com segurança, fique em uma determinada distância da costa”, explicou. Karina ainda acrescentou que, além do uso da embarcação, o rebocador teria que ter no mínimo um quilômetro e meio de cabo para puxar a baleia. Os órgãos não encontraram nenhuma embarcação com as características necessárias para fazer o desencalhe.

Diante da dificuldade em realizar o resgate, os órgãos decidiram em realizar a eutanásia na quinta-feira, sendo que o procedimento aconteceu na sexta. “A partir do momento que a gente toma a decisão de fazer a eutanásia, a gente precisa mobilizar equipamentos e medicamentos, que isso em seguida já estava disponibilizado. Tem que lembrar que o animal é grande, então também não é pouca quantidade de medicamento”, comentou Karina.

Sobre a demora para a realização da eutanásia, a bióloga esclareceu que também dependia das condições da maré. “Para fazer o procedimento a gente tem que esperar a maré baixa para podermos acessar o animal. As pessoas que estiveram no local puderam perceber que tinha momentos em que a baleia ficava com bastante ondas batendo nela, e isso acaba comprometendo a segurança e o trabalho de quem está ao redor”, esclareceu. Após a eutanásia, os órgãos coletaram amostras para a realização da necropsia, que permitirá identificar se o animal possuía alguma doença. O animal foi enterrado na praia do Balneário Esplanada pela prefeitura de Jaguaruna, no final da tarde de sexta-feira.

Karina agradeceu a todos que colaboraram durante as tentativas de resgate, principalmente os moradores que acompanharam a situação. “Sei que é um procedimento que não contenta a todos, muito menos a gente. Eu queria deixar isso bem claro, não é uma decisão fácil de ser tomada, não é uma situação fácil de se lidar”, frisou. O protocolo de encalhe de baleia é formado pela APA da Baleia Franca/ICMBio, Instituto Australis, Associação R3 Animal, UDESC, Museu de Zoologia Professora Morgana Cirimbelli Gaidzinski, da Unesc, Corpo de Bombeiros, Capitania dos Portos e a Policia Militar Ambiental.