No decorrer dos 70 anos de existência da Rádio Marconi, diversas pessoas passaram pelos microfones da emissora, seja como locutores, entrevistados ou convidados. Uma dessas pessoas foi a dona Maria Damiani Alves Batista, simplesmente a primeira locutora da Rádio Marconi. De acordo com Maria, desde criança participava da Legião de Maria e de grupos da igreja, vontade que também veio da sua mãe, que incentivava em participar da vida cristã.

Em meados dos anos 50, o Monsenhor Agenor Neves já pensava em colocar alto-falantes na torre da Igreja Matriz para que a missa fosse transmitida. Aos poucos, a ideia foi aperfeiçoando até, anos depois, surgir a Rádio Fundação Marconi, que na época era a Rádio ZYT 22 Rádio Difusora de Urussanga. Nesta história, começa a carreira de Maria como locutora ao anunciar as atividades da Paróquia Nossa Senhora da Conceição.

Fora do estúdio, a dona Maria, junto com seu esposo Dário Alves Batista, foram o casal responsável por fundar o Movimento de Irmãos, o Shalom, em Urussanga. Os dois, hoje com 85 e 88 anos, são importantes nomes da fé católica urussanguense. Foram responsáveis por fazer parte de diversos grupos, como Legião de Maria, coordenação da catequese e como ministros eucarísticos.

“Eu penso em uma paz interior, eu fico satisfeita comigo mesmo de ter dito sim, de não ter me omitido, e eu digo para vocês: quando vocês forem convidados para algum serviço comunitário, ou qualquer coisa assim, não se omitam”, afirma Maria ao ser questionada sobre o sentimento que sente em fazer parte de iniciativas tão importantes para Urussanga.

O programa Ponto de Encontro preparou um especial cheio de histórias contadas pela Dona Maria e pelo Seu Dário. Acompanhe na íntegra:

Parte 01

 

Parte 02

 

Parte 03

 

Maria lecionou na Escola Caetano Bez Batti para as turmas de primeiro a terceiro ano, que na época ainda fazia parte da administração municipal. A instituição era apenas uma casa, no qual o senhor Germano Concer havia disponibilizado. A Dona Maria e a Senhorinha Mafra davam aulas aos estudantes quando as carteiras das salas eram maiores, inclinadas e de madeira.

Na Rádio, além de ser locutora, a dona Maria cuidava de toda a parte de secretariado. “Assim que a rádio foi inaugurada começou o processo de organização”. Maria explica a logística da época com emoção. A senhora diz que o padre Agenor mandou fazer armários grandes. Esses móveis, que ainda hoje estão na secretaria paroquial, eram o local onde todos os discos de músicas permaneciam guardados. Cada prateleira comportava cerca de cinco discos.

“Nós não tínhamos o computador, então como procurar uma música em que a pessoa pedia?”, indaga Dona Maria. A resposta parece ser simples: nesses armários com os discos, tudo estava organizado em ordem alfabética pelo nome do cantor. Para saber a música, tinha que saber quem a cantava.

E, para a Marconi ter audiência no início, Maria comenta que o Monsenhor orientava que todas as capelas de Urussanga adquirissem um rádio. “A missa era radiada, então todas as capelas tocavam o sino, e ao invés de rezar o terço, o pessoal participava das celebrações juntamente com a Igreja Matriz”.

No início, os funcionários da emissora trabalhavam voluntariamente, apenas os locutores recebiam um determinado valor. Monsenhor organizava rifas em prol a paróquia e ao avanço da rádio, que eram vendidas em municípios vizinhos através de ofícios e cartas de recomendações. “Ele (padre Agenor) tinha muito acesso e conhecimento com autoridades fora daqui, em Criciúma principalmente, então íamos nós com uma carta oferecendo as rifas”.

O casal, Maria e Dário, foram importantes nomes da realização das serenatas. “Me lembro bem de uma cena de uma pessoa que era muito ligada na nossa época, que queria escutar a serenata, mas não tinha como, porque era de madrugada e era frio. Para que o som fosse para a janela no quarto dela, que era no segundo andar, ela colocou um sapato de salto alto no vidro da veneziana, ela colocou o sapato para calçar e deixar um espaço para o som para poder escutar”, lembra Dário.

Foram inúmeras histórias contadas ao longo de mais de uma hora entrevista e conversas. Ouça sem cortes acima.

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