Com as últimas taxas altas de chuva e com a chegada do verão, os índices de transmissão da dengue estão aumentando. Isso preocupa toda a sociedade médica, já que não se via tantos casos ativos como atualmente. Para falar sobre cuidado, prevenções e sobre o panorama geral dos casos de dengue, a doutora Letícia Heidemann, geriatra e membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia de Santa Catarina (SBGG/SC), concedeu entrevista ao programa Ponto de Encontro.

Conforme a especialista, a dengue é uma doença causada por um vírus, a chamada arbovirose. A dengue pode levar a consequências muito graves em alguns grupos específicos, principalmente em idosos. A doença pode variar de um quadro viral leve, com poucos sintomas, até quadros graves que podem levar à morte do paciente. Segundo a doutora Letícia, os idosos estão no grupo que corre o risco de desenvolver um quadro viral mais grave, já que o envelhecimento enfraquece o sistema imunológico, fazendo com que não haja uma boa resposta imunológica ao vírus invasor.

De acordo com a doutora, o que mais preocupa o âmbito médico é que a dengue está se espalhando por locais que antes não haviam tanta incidência. O fato de ser uma doença que pode ser prevenida, preocupa ainda mais. O assunto foi destaque em entrevista no Ponto de Encontro. Confira:

 

A doutora explica que a dengue não é transmissível entre pessoas, somente através da picada do mosquito. Os sintomas podem demorar de dois dias a duas semanas para serem percebidos e, quando são, cada pessoa pode reagir de uma maneira diferente ao se infectar. Para o diagnóstico, a especialista afirma que todo profissional de saúde está qualificado a identificar um caso de dengue, pois os sintomas levam o paciente até ao pronto-socorro, onde serão feitos os exames de sangue adequados para diagnosticar o paciente.

Referente à vacina da dengue, a médica conta que ela chegou ao Brasil em 2023, mas somente disponível na rede privada. Agora, a vacina está sendo liberada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), limitada dos 4 até os 60 anos de idade. Letícia destaca que existe um longo processo até todos se vacinarem e, no início, poucos receberão. A doutora aponta também o motivo pelo qual os idosos não são grupo prioritário para o recebimento da vacina. Segundo a especialista, como a vacina é de um vírus vivo atenuado, ou seja, o vírus está vivo, mas “adormecido”, o idoso tem propensão maior de desenvolver a doença, mesmo com o organismo enfraquecido.

A doutora também frisa que não há um medicamento próprio para o combate da dengue, somente medicamentos de suporte. A especialista ainda alerta para que os portadores da doença não utilizem anti-inflamatórios e ácido acetilsalicílico, os conhecidos medicamentos AAS, já que eles aumentam a tendência hemorrágica.

Letícia pontua que, nos últimos anos, houve um aumento expressivo nos números dos casos de dengue. Em regiões que dificilmente se viam pacientes internados por causa da doença, agora estão sendo registrados com mais frequência. Conforme ela, provavelmente isso está sendo desencadeado pela falta de cuidados por parte da população, além das altas taxas de chuvas que recentemente aconteceram. Como prevenção, a médica indica os clássicos cuidados como o uso de repelentes e não deixar água parada em pneus, vasos, entre outros recipientes.