Muitos brasileiros acompanharam a conquista do Brasil na Copa do Mundo de 1994. Além de toda a memória afetiva ligada àquela época, já que foi uma das primeiras Copas que os brasileiros acompanharam, também diversos fatos históricos marcaram o ano. Tudo isso está registrado na obra “1994: o Brasil é Tetra”, do jornalista Thiago Uberreich, que deverá ser lançada na metade deste ano. “O meu trabalho em relação às copas do mundo não tem objetivo de apenas contar as histórias dos mundiais, simplesmente falar dos jogos, o futebol e a Copa do mundo, como um todo. A Copa tem muito a ver com a nossa memória afetiva e tem muitos fatos que estão ligados à Copa do Mundo: a questão política, a questão social, a questão econômica”, destaca o jornalista.

Para a obra que marcará os 30 anos da conquista do tetra, Thiago entrevistou 15 dos 22 jogadores que compuseram a seleção de 1994, além do técnico Carlos Alberto Parreira e parte dos jornalistas que realizaram a cobertura da Copa. Em uma época em que poucos tinham televisão em casa e que a internet ainda estava engatinhando, Thiago faz um registro completo das memórias, além de enaltecer o trabalho desenvolvido pela seleção daquele ano. “Aquela seleção é uma das seleções mais criticadas de toda a história”, conta. “Eu espero, com esse livro, por mais que seja uma análise fria de tudo o que aconteceu, fazer justiça com aqueles jogadores, fazer justiça com o Parreira, fazer justiça com o Zagallo, que recentemente nos deixou. Então, assim, é uma conquista e foi uma conquista super importante para o futebol do Brasil, porque o Brasil vinha com cinco copas perdidas”, comenta o jornalista.

Por conta das críticas, Uberreich conta que a seleção de 94 foi a equipe mais fechada para a mídia. Na fase das eliminatórias, o técnico Parreira pensou em deixar a seleção devido às críticas que recebia. “De tanta pressão que ele vinha sentindo. Até quando o Brasil se classificou para a Copa, quando Romário chegou no último jogo contra o Uruguai e classificou a seleção brasileira, naquele dia mesmo, o Parreira ainda ficou em dúvidas, ‘eu vou conversar com a minha família, se bobear eu não vou para a Copa do Mundo'”, fala o jornalista sobre um dos fatos contados pelos jogadores durante as entrevistas para o livro.

Segundo Thiago, a própria seleção também tinha suas cobranças. O jornalista comenta que os jogadores realizavam uma espécie de multa para cada um que se atrasava ou saía mais cedo dos treinos. “Até o Parreira uma vez eles queriam multar, porque o Parreira foi embora mais cedo do treino, ou chegou atrasado para um treino. Então, eles eram muito rigorosos, e isso mostra a união desse grupo em favor, não só da comissão técnica, mas também em favor da possibilidade de se conquistar o título”, destaca o autor. O assunto foi abordado no Ponto de Encontro. Ouça e saiba mais:

 

O jornalista ainda salienta que, na época, cada um dividiu a premiação, totalizando 60 mil dólares. Uma das curiosidades sobre isso, que Uberreich descobriu após o fechamento do livro e que irá acrescentar, envolve o jogador Taffarel. Após a conquista do tetra, ele passou a noite no hotel com a esposa e a filha. No dia seguinte, em uma segunda-feira, retornou até a concentração da seleção, porque era onde estavam as malas dele. “O Taffarel estava com uma pochete com um passaporte, com a medalha dele do tetra e estava com dinheiro em espécie da premiação, 60 mil dólares. Quando ele chegou no hotel, passou um tempo, acho que passou uma meia hora, ele se deu conta que todo o material que ele estava, inclusive a medalha e a premiação, ele esqueceu no táxi”, conta. A comissão técnica da seleção inclusive pensou em acionar o FBI para achar a pochete, porém, 1h30 depois, o taxista, um mexicano fã da seleção brasileira, voltou ao hotel e devolveu a pochete de Taffarel.

O livro deverá ser lançado na metade do ano pela editora Letras do Pensamento.

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