A reunião ordinária desta terça-feira, dia 25, ficou marcada por discussões relacionadas à gestão do Poder Executivo. Com moradores do Bom Jesus novamente protestando por melhorias urgentes no bairro, os parlamentares endossaram as cobranças. A cultura, a forma de trabalhar de entidades empresariais do município e a possibilidade de exame toxicológico para agentes políticos também pautaram os debates.

Daniel Moraes, o Nel (PSD), questiona a prefeitura sobre uma mudança no projeto de pavimentação da estrada geral da Linha Pacheco. O vereador lembra que ele e o vice-prefeito Jair Nandi (PSD) articularam com o deputado estadual Júlio Garcia (PSD) a liberação de R$ 373 mil em recursos estaduais para pavimentar 300 metros da via.

Segundo Nel, o prefeito decidiu alterar o projeto para que a obra não passe em frente a um estabelecimento cujo proprietário simpatiza com outro partido. “Isso se chama política com ‘p’ de ‘pequeno’. É inaceitável. Outras obras foram finalizadas. Correu o risco de perder o recurso por conta dessa política suja”, classificou.

O vereador apresentou um requerimento, aprovado pela Câmara, para que a Prefeitura apresente uma cópia do projeto original, do projeto alterado, a justificativa apresentada ao Governo do Estado e informe se ela foi aceita.

“Sempre falei: aquele que está em um cargo político tem que ser pelo povo, independentemente de cor partidária. Tem que ser daltônico. Isso é uma vergonha. Se o prefeito usasse para o bem toda energia que gasta para o mal, nosso município estaria ‘voando’”, declarou Nel.

O parlamentar relatou que visitou nesta semana alguns pontos do Rio dos Americanos e se deparou com diversos entulhos prejudicando a passagem da água. “É preocupante porque neste fim de semana há previsão de muita chuva. A última limpeza nesse rio foi feita em abril de 2022, na gestão do então prefeito interino Jair Nandi”, lembrou.

Nel ainda criticou o fato de Urussanga ser o município que mais cortou servidores essenciais e serviços à população. “A gente vê os municípios da Amrec na mesma situação de arrecadação, fazendo economias, mas sem demitir médicos, psicólogos, professores, como Urussanga faz. Tem que cortar na própria carne antes de prejudicar a população”, enfatizou.

Na semana passada, por iniciativa do vereador, que é presidente do Legislativo, a Câmara antecipou a devolução de R$ 800 mil à Prefeitura.

Fabiano De Bona defende exame toxicológico para políticos

O vereador Fabiano Murialdo De Bona (sem partido) defendeu o projeto de lei apresentado por ele que obriga os agentes políticos do município a apresentarem periodicamente um exame toxicológico para exercer seus cargos.

O próprio vereador prevê que o projeto provavelmente não irá adiante por haver jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF). “O STF não é régua para medir”, disse. “Eu já sei que não vai passar, mas o meu toxicológico eu vou fazer, e eu quero ver o vereador que não aprovar trazer o toxicológico dele”, desafiou. “Caminhoneiro tem que fazer, polícia tem que fazer, exército tem que fazer. Por que não exigir também dos políticos?”.

Fabiano endossou as cobranças dos moradores do Bom Jesus e criticou a prefeitura por considerar que não foram tomadas as medidas preventivas. “Segundo o Coutinho, virá mais 100 milímetros de chuva. A população vem aqui e tem que vir mesmo, porque o Legislativo é o único Poder que escuta o povo. Pode ter certeza que depois ele vai estar lá com a capa amarela dos Teletubbies para fazer foto”, disse.

“Infelizmente é isso o que temos para Urussanga. Ano que vem tem eleição. Quando chegar lá alguém com um santinho e 100 reais, não venda o seu voto. Esses 100 reais estão custando a sua rua, um posto de saúde, um médico”, declarou.

Segundo o vereador, a estação de tratamento de esgoto no bairro é um “elefante branco”. “Nunca funcionou direito. Eu trabalhei no Samae e sei do que estou falando”, atestou.

Para finalizar, Fabiano abordou o que chamou de “desgoverno federal”. “Agora a pessoa que tem o Bolsa Família pode gastar com apostas na casa lotérica”, criticou. “Infelizmente, é isso o que temos, um governo de bandidos”.

Beto pede foco nos assuntos de Urussanga

Elson Roberto Ramos (MDB), o Beto Cabeludo, destacou a indicação que apresentou, sugerindo que, neste mês, o Samae cobre apenas a taxa de distribuição de água para os consumidores afetados pelas enchentes que precisaram lavar as calçadas e casas.

“Sabemos das dificuldades que os munícipes afetados passam, tanto nas perdas materiais, mas também no abalo psicológico, por isso, nada mais justo que buscar políticas públicas em prol de quem mais precisa”, justificou Beto.

Ele também abordou o projeto de lei que apresentou para incluir no calendário do município o evento “Olha Ela”, relacionado ao Outubro Rosa. “Todo recurso arrecadado é doado para as Amigas do Peito, que trabalham contra o câncer de mama”, frisou Beto. O parlamentar agradeceu e parabenizou o organizador do evento, Rangel Quaglioto.

Beto também se disse indignado com o fato de a Associação Empresarial de Urussanga (ACIU) ter contratado uma empresa de fora de Urussanga para o serviço de telão durante a comemoração de aniversário. “A ACIU tem o objetivo incentivar as empresas, incentivar novos empreendedores para o município. Este vereador tem uma empresa em Urussanga, gera imposto em Urussanga, e a ACIU contrata de fora”, relatou.

Na avaliação do vereador, há cunho político na forma de conduzir entidades empresariais da sociedade civil em Urussanga, como ACIU e CDL. “Até quando isso vai acontecer em Urussanga?”, questionou Beto.

O vereador também rebateu a iniciativa de Fabiano Murialdo De Bona (sem partido) sobre criar a exigência de exame toxicológico para agentes políticos. “Esta casa tem advogado e eu não vou aprovar um projeto inconstitucional. Se o senhor quiser, o meu exame toxicológico eu apresento”, afirmou.

Beto pediu aos vereadores que foquem nas questões relacionadas a Urussanga. “Vamos discutir mais o município, vamos parar com picuinha pessoal e pensar no todo. É muita demagogia”, finalizou.

Luan diz que prefeito causou R$ 1 milhão em prejuízos

Luan Varnier (MDB) comparou os resultados do próprio mandato, que obteve R$ 2 milhões em recursos para o município, aos gastos de R$ 1 milhão atribuídos por ele ao prefeito de Urussanga, Luis Gustavo Cancellier.

O vereador exibiu registros do portal da transparência da Prefeitura que mostram que o chefe do Executivo recebeu R$ 258 mil enquanto esteve afastado do cargo como resultado de uma operação da Polícia Federal, que se somam a R$ 79 mil em férias e R$ 663 mil em superfaturamentos em duas obras, apontados no processo que agora tramita na Justiça Federal.

“Com esse R$ 1 milhão de prejuízo que ele causou, dava para fazer muito pela cultura. Dava para fazer muito pelo Bom Jesus, pela cultura, pelo turismo, pelo saneamento básico, pela saúde, pela educação”, apontou Luan.

O vereador desafiou o prefeito a comparecer a uma reunião da Câmara para prestar esclarecimentos. “Tem que prestar contas, porque vai a Brasília faz sete anos e não traz recurso nenhum para Urussanga”, afirmou.

O vereador criticou a postura do prefeito em um evento recente da agricultura. Na avaliação de Luan, o gestor municipal se aproveitou do evento para atacar os vereadores que cumpriram agenda na Itália no início do mês. “Eu tenho a responsabilidade de defender o que é legal. Até agora, não respondo por nenhum crime e não tenho nenhum processo, diferente do prefeito”, disse.

O parlamentar disse não ter problemas para prestar contas e falar abertamente sobre a viagem, já que esteve representando a população e defendendo a cultura. “Quem quer discordar, tem esse direito, mas quando estivemos sempre dentro da legalidade. Não fiz e jamais farei algo ilícito. Nunca fui afastado pela Polícia Federal”, defendeu.

“Antes de falar dos vereadores, olhe para o superfaturamento, olhe para o que roubou. Ele faz parte de uma quadrilha, a Polícia Federal disse”, citou o vereador do MDB. O parlamentar também criticou o que considerou um excesso de comissionados com salários que passam dos R$ 9 mil, e totalizam R$ 236 mil por mês.

Luan voltou a falar sobre a situação dos moradores do Bom Jesus. Ele defendeu que, desde que não haja agressão a ninguém, a população tenha o direito de se manifestar no Legislativo.

Tidinho aponta inconsistências em obra no Rancho dos Bugres

Erotides Borges Filho, o Tidinho (PDT), denunciou inconsistências nas informações recebidas em requerimento feito por ele, sobre o uso de máquinas nas obras da Rodovia da Imigração Italiana, no Bairro Rancho dos Bugres.

O vereador considerou excessivo o uso alegado pela Prefeitura, como os 85 mil quilômetros de caminhão caçamba. “Daria para dar duas voltas ao mundo”, disse. O vereador também observou que houve 1.753 quilômetros de caminhão pipa, sendo que o trecho de obras tem 1.700 metros. “O caminhão deve ter passado mil vezes”, ironizou.

“Quantas limpezas de rios, manutenção de lajotas, limpeza de boca de lobo daria para fazer com todo o dinheiro desviado. A Polícia Federal investigou apenas duas obras e constatou desvio de mais de R$ 600 mil. Aparentemente, houve desvio em todas, de forma padronizada, mesma empresa, mesmos equipamentos, mesmos exageros de horas máquinas”, relatou Tidinho.

O vereador mostrou uma empresa que faturou mais de R$ 31 mil para serviços de recapagem asfáltica, com empenho na data de 21 de outubro, sendo que o pagamento pela colocação da capa asfáltica ocorreu no dia 28 de novembro. “A empresa conseguiu fazer um serviço de recapagem de capa asfáltica em uma rodovia que ainda não tinha asfalto”, apontou.

Tidinho atribuiu a investigações como essa a razão pela qual algumas pessoas não o querem na Câmara de Vereadores. “Eu estando aqui, vocês não terão vida fácil. O problema é que o corrupto se acostumou com a impunidade, com a certeza de que nada vai lhe acontecer. Sempre terá alguém para proteger, para tentar impedir que a justiça seja feita”, disse.

“Não basta que todos sejam iguais perante a lei. É preciso que a lei seja igual perante a todos”, finalizou.

Zé Bis divulga concurso cultural e critica vice-prefeito

José Carlos José, o Zé Bis (PP), divulgou o “Concorso Hedi Damian”, coordenado pela professora urussanguense Liz Regina Zapelini De Bona. O vereador convidou a todos para o evento de premiação ocorre no Ginásio de Esportes Centenário nesta sexta-feira, dia 27, às 19h.

“Há 20 anos ela vem fazendo este trabalho muito importante para todos os descendentes que estão vivendo hoje graças à luta e força de vontade dos que desbravaram e se instalaram na região. Esta guerreira Liz está sempre estendendo a mão para que essa riqueza permaneça viva, celebrando a luta e a imigração dos nossos antepassados”, enalteceu.

O concurso consiste na produção de textos que destacam a história e os laços de Urussanga com Longarone. Zé Bis explicou que 69 alunos e alunas de cinco escolas públicas do município: Lydio De Brida; Rosalino Damiani, Rosalino De Nez; Ernesto César Mariot e Alda Brognoli Marcon. São 19 alunos premiados.

Zé Bis também rebateu comentários anteriores na tribuna, críticos à administração municipal, e afirmou que o vice-prefeito não comparece na Prefeitura há 18 meses. “Recebe R$ 12 mil por mês, mais os encargos, que no ano totalizam R$ 270 mil. Este valor não é aproveitado para nada, porque ele não vem trabalhar”, afirmou.

Mariela defende projetos pelas mulheres e pela acessibilidade

Mariela Iana Fabris Moraes (PP) relatou a participação, na última semana, da inauguração da Galeria Lilás, na Câmara de Criciúma, e informou que protocolou um projeto semelhante em Urussanga, que cria a Galeria Rosa no Legislativo.

“O projeto tem o objetivo de homenagear as mulheres que já legislar aqui no nosso município, enaltecê-las e honrá-las. Meu tempo aqui nesta Casa é curto, pois sou suplente, e gostaria muito que este projeto fosse votado no tempo em que eu estiver aqui como vereadora”, solicitou Mariela.

“As mulheres que dão a sua cara a tapa para fazer política, trabalhar e representar o povo merecem ser homenageadas. Minha luta é para que tenhamos mais mulheres nesta Casa e mais mulheres inseridas na política”, defendeu.

A vereadora também abordou outro projeto apresentado por ela, este para garantir a acessibilidade a todos os cidadãos que acompanham as reuniões do Legislativo. “Solicitei que, aqui, nós tivéssemos um profissional que pudesse transmitir as sessões desta Casa com a linguagem brasileira de sinais, a Libras. Se somos os representantes do povo, precisamos que todos tenham acesso ao que estamos falando”, argumentou Mariela, com ênfase na palavra “todos”.

“Aqui a gente pode dar o exemplo iniciando essa caminhada pela acessibilidade, para que se estenda por todo o município, tanto no público quanto no privado, como exemplo do que precisamos”, afirmou.

Bonettinho mobiliza secretários por providências no Bom Jesus

O vereador Odivaldo Bonetti, o Bonettinho (PP), reconheceu que não houve, por parte do Executivo, movimentação para solucionar os problemas da comunidade do Bom Jesus II e ele próprio convocou os responsáveis.

“Vim à tribuna para tentar amenizar o sofrimento de vocês, porque é uma reivindicação muito justa. Vou falar com o chefe de gabinete, convidar os vereadores, marcar com os secretários que tiverem relação com o problema de vocês para irem lá”, providenciou Bonettinho.

“Eu vou dar um puxão de orelha. São secretários pagos por nós e não podem virar as costas para a população. Independente de partido político, nós estamos aqui para falar e dar razão para quem as tem. Quem tem obrigação de ir lá resolver o problema é o Poder Executivo”, disse. “Todo mundo sabe que vocês estiveram aqui e se manifestaram semana passada. Isso eu falo de coração. O mínimo que tinham que fazer era ir lá e escutar vocês. Se não foram, vou tentar fazer isso por vocês”, afirmou.

Após a reunião da Câmara, o vereador conversou com os moradores e marcou para esta quarta-feira, no início da noite, um encontro com a comunidade e todos os envolvidos.

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Colaboração: Renan Medeiros / Assessoria de Imprensa