Outubro é marcado por várias campanhas de conscientização sobre a importância do exame de mamografia e do preventivo. O Outubro Rosa, uma campanha mundial, visa reforçar a necessidade destes exames e da relação deles ao diagnóstico precoce para o tratamento do câncer de mama e outros problemas de saúde. Neste período do ano, assim como os outros meses, surgem diversas histórias de superação e de iniciativas que estão fortemente relacionadas à saúde feminina. Pensando em evidenciar as histórias destas mulheres e das campanhas sociais, o programa Ponto de Encontro realizou uma entrevista especial sobre o Outubro Rosa.

Acompanhe na íntegra a conversa realizada com a presidente da Associação Amor à Vida (Amovi) de Criciúma, Vera Lúcia Duarte, com a presidente e a vice da Associação Amigas do Peito de Cocal do Sul, Tereza Locatelli e Fátima Cologni, com a urussanguense Rosiane Mendes Leepkaln, e com a ex-vereadora de Urussanga, técnica de enfermagem e representante da ONG Amigas do Peito, Maria Rodrigues Pinheiro.

Parte 01

 

Parte 02

 

Parte 03

 

Parte 04

 

Na última quarta-feira (06), a Amovi de Criciúma completou 21 anos de atendimento às pessoas com câncer na região. Neste mês, a associação está com uma série de ações em prol ao suporte de homens e mulheres que possuem câncer de mama. De acordo com a presidente, a equipe é formada por voluntários que estão à disposição dos que mais necessitam, 24 horas por dia, seja com assistência, atendimentos, fornecimentos de perucas e outras ações, para todas as pessoas com qualquer tipo de câncer. Conforme Vera, a associação vive de doações e de campanhas, e que, inclusive, foram afetadas durante o período da pandemia do novo coronavírus. Infelizmente, segundo Vera, não há parcerias na região que contribuem financeiramente com a Amovi, tornando a situação da associação mais precária.

Vera frisa sobre a falta de ajuda financeira por parte de instituições e empresas regionais. Conforme a presidente, se fossem casos de câncer em crianças, muitas pessoas iam se comover e contribuir com doações, mas como se trata de câncer em adultos, parece que o apoio não é o mesmo. Em um momento difícil da associação, Vera afirma que as ajudas que vieram foram de outras cidades catarinenses, como Joinville e Balneário Camboriú, e de outros estados, enquanto a nível regional não houve contribuições. Mesma com toda a dificuldade, Vera frisa que em nenhum momento, ela ou outros voluntários, deixaram de ajudar e de dar apoio às pessoas que necessitam dos trabalhos da Amovi. Um trabalho movido pelo amor à vida das pessoas que lutam, diariamente, contra o câncer.

Para conhecer mais sobre o trabalho da Amovi ou fazer doações entre em contato pelos telefones (48) 9 9605-1548 e (48) 3437-2058 ou no perfil do Instagram @amovicriciuma.

Vera Lúcia Duarte, presidente da Amovi Criciúma. Foto: Reprodução / TN Sul

A dona Maria Rodrigues Pinheiro tem 54 anos de idade e possui uma história árdua no combate ao câncer. Maria é técnica de enfermagem, atuando 31 anos no sistema de saúde, aposentada e ex-vereadora de Urussanga. Em 2009, fez o auto exame e notou um nódulo em seu seio. Nesta época, descobriu o câncer de mama e precisou retirar os seios. Maria conta que, apesar de já estar curada, o pensamento que fica após ter um câncer é: se pode vir um outro câncer. Em 2010, Maria descobriu um câncer no rim, mas não foi necessário realizar quimioterapia e nem radioterapia. Passado algum tempo, a técnica em enfermagem desenvolveu um outro câncer, desta vez no pâncreas. No entanto, este não era agressivo, e por este motivo, Maria foi deixando de buscar um tratamento. Mas em uma noite, a senhora sonhou com o seu filho dizendo que era preciso se consultar com algum especialista.

Nisto, Maria descobriu uma metástase em seu pulmão, no qual ainda se encontra em tratamento com a quimioterapia oral, com um medicamento que custa em torno de R$ 9.700, mas que conseguiu por um processo. “É uma corrida, é a vida, a gente quer fazer tudo hoje porque amanhã não sabe, e eu digo assim: temos que se cuidar, tem que se conhecer, não adianta ir ao médico se a gente não se apalpar, se eu não conhecer o meu corpo eu não vou saber dizer ao médico ‘eu não tinha esse carocinho e agora apareceu'”, comenta Maria. Foi a partir das suas experiências, que a técnica em enfermagem aos poucos foi montando a ONG Amigas do Peito, em Urussanga. Palestras, rodas de conversas e diversas campanhas foram realizadas em prol da conscientização.

Porém, conforme Maria, algumas perdas foram vividas e isso desestabilizou o grupo de mulheres. Com o abalo, aos poucos a ONG foi parando com os trabalhos, e ainda então, veio a pandemia que acabou abalando as atividades ainda mais. Mas já há planejamentos para que as reuniões retornem novamente.

Maria Rodrigues Pinheiro, representante da ONG Amigas do Peito – Foto: Arquivo Pessoal

Descobrir que está com câncer é um processo difícil, tanto para a pessoa como para toda a família. Algo que foi bastante comentado na entrevista, é que geralmente, quando a mulher descobre que está com câncer, ela não pensa em fatores positivos. O câncer de mama é um problema que possui formas de tratamento, descobrir ele não é um atestado de óbito. A importância de se observar de forma precoce dá mais chances de saber em qual estágio está a doença e quais as alternativas de tratamento. No entanto, é certo que o abalo emocional vai ocorrer, mas são nestes momentos que o apoio familiar e de amigos é fundamental. A jovem Rosiane Mendes Leepkaln, mais conhecida como Ane, passou por este processo. Em janeiro de 2019, Ane descobriu o câncer de mama enquanto estava grávida de sua filha de quatro meses. Em fevereiro do mesmo ano, Ane já estava realizando a quimioterapia. Além disso, fez o uso de medicações orais e injeções que eram feitas a cada 28 dias.

Ane foi diagnóstica com câncer mamário invasivo aos quatro meses de gestação – Foto: Robson Debiasi Fotografia

A atual presidente da Associação Amigas do Peito em Cocal do Sul, Tereza Locatelli, descobriu o câncer de mama em 2012. Durante o banho, ao realizar o auto exame de toque, Tereza notou algo que não era comum. No mesmo instante, Tereza procurou o posto de saúde para a realização de exames de diagnóstico. Conforme a presidente, um dos pontos mais difíceis foi contar sobre o câncer para a família. Tereza conta que a todo momento pensou que não era nada até o médico dizer o resultado e confirmar que sim, realmente havia algo de diferente. O que a ajudou em contar sobre a doença aos familiares foram depoimentos de superação de outras mulheres que lia na internet, isso fez com que se “acostumasse” com a ideia da doença. Tereza conta que o processo é difícil, isso porque em um dia, a pessoa leva uma vida normal, e em apenas um auto exame, de repente, tudo muda.

Tereza foi uma das primeiras mulheres que ajudaram a compor a Associação em Cocal do Sul. Após ter feito todo o tratamento, ela descobriu novamente outro câncer em 2018. O novo tumor estava praticamente no mesmo lugar que o anterior. Fez radioterapia novamente e teve que realizar a mastectomia total. Hoje, já fazem três anos que Tereza venceu este câncer. Desde aquela época, Tereza continua a frente dos trabalhos feitos na Associação Amigas do Peito, com encontros e reuniões realizados na sala do CREAS do município. No início, cinco mulheres se uniram para contar experiências e se ajudarem no momento mais difícil, e, atualmente, cerca de 21 mulheres compõem o grupo. “Levamos para elas um pouco mais de esperança, porque você sabe que na hora que você é acometida é difícil, a gente sabe que é difícil, passamos por isso”, explica Tereza sobre o objetivo da Associação.

Tereza Locatelli, presidente da Associação Amigas do Peito em Cocal do Sul – Foto Arquivo Pessoal

A história de Fátima Cologni, vice-presidente da Amigas do Peito em Cocal do Sul, não difere das outras. Certo dia, Fátima estava se arrumando para ir a um curso quando notou um pequeno nódulo em seu seio. No momento, Fátima conta que até brincou com a sua filha dizendo que se assemelhava com um ovo de passarinho. No outro dia após notar ele, Fátima procurou o posto de saúde. Fez todos os exames necessários e, para sua surpresa, o nódulo se tratava de um cisto d’água. Porém, como já havia casos na família, a médica que a atendeu achou melhor fazer mais exames completos. Nisso, Fátima descobriu um câncer que estava nascendo e que ainda não estava visível em seu corpo. “Era Deus me avisando assim que o nódulo não era comum”, conta Fátima, que só procurou apoio especializado após descobrir o cisto d’água.

Fátima foi buscar o resultado final do exame sozinha, isso porque, no mesmo dia, a tarde, a sua filha iria se casar no civil. “Tu tem que buscar forças onde tu não tem”, relata. Fátima pensou que não deveria contar sobre a doença a família, não por enquanto, passou a tarde com os filhos e familiares na festa do casamento. Por isso, aguardou a semana toda para contar sobre o câncer para a família. Apenas quando a filha retornou da viajem, que a vice-presidente reuniu os filhos e contou sobre a doença. Fátima diz que, por ser espírita, sempre teve muita fé e muita ajuda através de orações, tanto é que, no dia que fez a cirurgia, foi descoberto que o câncer não era mais o mesmo, que era menor e estava em outro lugar.

Marciana, Teresa e Fátima Cologni, integrantes do grupo Amigas do Peito de Cocal do Sul – Foto: Lucas Colombo / TN

Ambas as mulheres relatam sobre o preconceito com a doença que existe no olhar de cada pessoa. Conforme exposto por elas, é nítido o olhar de pena que as pessoas dão ao enxergar uma mulher com câncer, principalmente quando não há mais cabelo ou quando se está fazendo o uso do lenço. E isso é um dos pontos que o grupo de mulheres Amigas do Peito tenta mudar, mostrar que o câncer é apenas uma doença, que se cura e que tem que lutar para passar por este momento difícil. Além disso, é observado como muitos não sabem conversar com pessoas que possuem o câncer, por achar que a doença é uma luta perdida. Porém, conforme mostrado pelas quatro mulheres ao longo da entrevista, isto não é verdade e existem vários tratamentos quando o câncer é descoberto precocemente.

Conforme a especialista

A ginecologista e obstetra, Bianca Bez Batti De Pelegrin, explica que o Outubro Rosa visa informar sobre a prevenção do câncer de mama. A especialista reforça a necessidade de se consultar para realizar exames de rotina, seja em qualquer idade, mesmo se não tiver nenhum problema aparente ou histórico familiar. Além disso, após as mulheres completarem 40 anos de idade, é fundamental que elas façam o exame de mamografia ao menos uma vez ao ano. “A prevenção a gente tem que falar não apenas para não ter a doença, mas em diagnosticar em um momento rápido, em um momento precoce para que eu consiga fazer o tratamento que seja eficaz e que tenha menos danos para as mulheres”, explica Bianca.

Conforme a ginecologista, é comprovado cientificamente que hábitos de vida saudáveis podem prevenir o câncer de mama, como alimentação, prática de atividades físicas, evitar consumo de bebidas alcóolicas e de cigarros. Bianca ressalta que o que realmente falta é apoio e motivação para que as pessoas, principalmente as mulheres, consigam manter estes hábitos saudáveis.

Dra. Bianca Bez Batti De Pelegrin fala sobre o câncer de mama e alerta que a doença pode ser prevenida com estilo de vida saudável – Foto: Gustavo Marques / Rádio Marconi

Bianca esclarece que existem vários tipos de câncer de mama que variam conforme a sua classificação. Além disso, dependendo do tipo, o tratamento também pode variar. Por isto, o ginecologista é considerado privilegiado, porque verifica todo o corpo da mulher, sabendo dizer corretamente qual profissional especialista ela deverá procurar após o surgimento de algum problema de saúde ou doença, como um mastologista, cardiologista, gastro e afins.

A doutora Bianca também participou de uma entrevista especial no programa Ponto de Encontro. Confira a seguir:

Parte 01

 

Parte 02

 

LEMBRE-SE: O autoexame das mamas não substitui sua consulta anual com o ginecologista nem os exames que devem ser realizados rotineiramente. Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), o autoexame não é capaz de identificar lesões pré-malignas, ou seja, não consegue descobrir as lesões quando elas podem ser tratadas mais facilmente. Em uma fase inicial, quando os tumores são pequenos (menores do que 1 cm) e imperceptíveis ao toque, as chances de cura chegam a 95% dos casos.

IMPORTANTE: Em relação à vacinação da Covid-19, a SBM também reforça que é primordial que todas as mulheres se vacinem, inclusive as diagnosticadas com câncer de mama, pois não há nenhuma contraindicação.

Rádio Marconi ganha fachada alusiva ao Outubro Rosa

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