A microcefalia é um problema de saúde relacionado ao tamanho do crânio da criança. De acordo com o neuropediatra da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), doutor Saul Cypel, as principais causas estão relacionadas a doenças capazes de lesionar o cérebro. Porém, também há causas genéticas, sejam familiares ou não, e lesões causadas durante o período da gravidez ou no trabalho de parto. Além disso, também são observadas causas infecciosas, como aquelas ocasionadas pela meningoencefalite ou Zika vírus.

Segundo o doutor Saul, o crânio cresce conforme o desenvolvimento interno. O programa Ponto de Encontro abordou mais sobre o tema em entrevista com o especialista. Ouça mais na íntegra:

 

Além do tamanho do crânio, a microcefalia causa outros problemas. “Em muitas situações, nós temos alterações motoras. Essas crianças já nascem, por exemplo, com um tônus muscular mais exagerado, com hipertonia, nascem com uma dificuldade nas primeiras semanas, dois, três meses, sem ter um contato visual”, explica. “O diagnóstico precisa estar apoiado não só na medida do crânio, mas como vai se dar o desenvolvimento dessa criança”, acrescenta.

É possível realizar uma identificação do problema já nos exames de pré-natal. “O crânio pode ser medido no quinto, no sétimo e no nono mês de gestação, nas 40 semanas. Se você tiver alguma alteração importante nessas medidas, você pode supor já que essa criança venha a ter algum problema”, comenta. Conforme o especialista, essa preocupação só é compartilhada com os pais, na maioria das vezes, no último trimestre de gestação, para não causar uma ansiedade na família. “É preciso ter muito cuidado com isso: não fazer diagnósticos ou prognósticos muito precoces antes de acompanhar essa criança durante um tempo depois de nascida”, alerta.

Em casos em que o problema é desenvolvido por conta de uma infecção, o especialista também destaca que há sinais que ajudam a identificar. O vírus atua destruindo os neurônios. “Esse cérebro para de crescer, se ele para de crescer, não há estímulo para que a estrutura óssea craniana prossiga a crescer”, esclarece. “Você pode ter convulsões, você tem um quadro febril e uma alteração no comportamento”, comenta. “Ela pode ficar muito agitada, chorar demais ou então começar a entrar em um quadro onde ela perde a conexão com o ambiente”, reforça.