O câncer de intestino se desenvolve com o crescimento anormal da mucosa intestinal, conhecido como pólipo. De acordo com a doutora Heloísa Guedes Mussnich, membro titular da Sociedade Brasileira de Coloproctologia, esse crescimento celular começa com propriedades benignas. “Se sabe que esses pólipos, se vão ganhando tempo e capacidade de se desenvolver por se nutrir do sangue de onde eles surgem, eles podem desenvolver um tumor intestinal, e esse tumor, que é o câncer, cresce dentro do intestino e se alastra. Ele pode se alastrar pela corrente sanguínea ou pelos vasos linfáticos e atingir outros órgãos”, explica.

Conforme a especialista, o câncer de intestino é o segundo mais comum entre as pessoas: para as mulheres, o câncer de mama; para os homens, o câncer de próstata; como segundo para ambos, o câncer intestinal. Para evitar a doença, é necessário a prevenção. “Tem duas formas de acontecer: uma delas é através do teste de sangue oculto. É um teste que é feito nas fezes, um teste de laboratório, que não é invasivo e que pode ser coletado em qualquer laboratório público ou privado. E no outro exame, que é um pouco mais elaborado, mas não menos importante, é a colonoscopia, que é o exame de cólon”, esclarece.

No exame de colonoscopia, já é possível retirar o pólipo no momento do procedimento. “Ao retirar o pólipo, tu estás evitando que aquele pólipo, que é benigno na maior parte das vezes, evolua para lesão maligna, que é o tumor de intestino”, ressalta Heloísa. Ainda segundo a doutora, o exame de sangue oculto ajuda a identificar se o paciente precisa realizar a colonoscopia ou não, evitando possível sobrecarregamento no sistema de saúde, principalmente na rede pública, onde a gama de exames é menor. O assunto foi destaque em entrevista no programa Ponto de Encontro. Ouça na íntegra:

 

Conforme Heloísa, há fatores de risco que podem aumentar as chances de uma pessoa desenvolver os pólipos: ter doenças intestinais crônicas, o histórico familiar de câncer de intestino e alguns hábitos, como tabagismo, alcoolismo, sedentarismo e excesso de peso. “Mesmo assim, algumas pessoas que não têm esses fatores de risco formam pólipos no intestino”, destaca. “Atualmente, a gente indica a colonoscopia a partir dos 45, 50 anos para fazer uma avaliação basal da pessoa”, complementa. Se a pessoa não tiver os pólipos, a orientação é repetir o exame em uma média de cinco a 10 anos. Caso ela tenha, o ideal é seguir com o acompanhamento repetindo o exame a cada dois ou três anos, dependendo da avaliação médica.

Em março, a sociedade médica realiza a campanha Março Azul, com o objetivo de alertar sobre o diagnóstico precoce do câncer de intestino. Neste ano, a campanha tem como lema: “médico e paciente: uma parceria que salva vidas! Juntos na prevenção do câncer de intestino”. Pelo quarto ano, a campanha busca conscientizar profissionais de saúde, gestores, decisores políticos e pacientes sobre a importância da prevenção, do diagnóstico precoce e do tratamento adequado do câncer de intestino, visando diminuir sua incidência no país. A iniciativa enfatiza a colaboração entre o sistema de saúde e as entidades de especialidades médicas, com o objetivo de promover a saúde e o bem-estar da população brasileira.