Uma semana após a prisão preventiva do prefeito de Urussanga, a Câmara de Vereadores irá votar sobre a instauração de uma Comissão Processante para cassar o mandato de Luis Gustavo Cancellier. O pedido da comissão foi protocolado nessa segunda-feira, dia 22, pelo ex-vice-prefeito Luiz Henrique Martins, o Cuíca, e pelo ex-vereador Julio Cesar Bonetti. O assunto será votado pelos vereadores na noite desta terça-feira, dia 23. O prefeito Luis Gustavo, assim como os vereadores Thiago Mutini e Elson Roberto Ramos, além do ex-servidor Marcial David Murara, o Xixo, estão presos preventivamente desde o último dia 16, após a segunda fase da Operação Terra Nostra, que apurou aquisição pela prefeitura de terrenos superfaturados.

Em entrevista, Julio afirmou que o pedido foi protocolado após os fatos que geraram todos os desdobramentos da operação da Polícia Civil. Julio disse que, em maio do ano passado, a prefeitura excluiu o empresário Juninho Bez Batti da Comissão de Avaliação de Bens e Imóveis porque, segundo Julio, ele teria sido contra os encaminhamentos da comissão. A Operação Terra Nostra apurou superfaturamento em dois terrenos: um adquirido no ano passado para a construção do Parque Industrial 3 e outro, adquirido no começo deste ano, com a justificativa de ser uma nova garagem da prefeitura. Esse segundo terreno seria do então vereador Elson Roberto, o Beto Cabeludo.

Conforme Julio, neste ano, a prefeitura emitiu um documento declarando utilidade pública um terreno do bairro Rio América Baixo. “Ele é um terreno que foi comprado em leilão, ele está no nome do Ramon Bettiol, porém ele é um terreno que o Ramon tem sociedade com o vereador (Elson Roberto Ramos). E tanto o regimento interno quanto a lei orgânica do município, ela proíbe esse tipo de transação entre o vereador e administração pública. Além do mais, o que causa bastante estranheza é o valor da avaliação feita pelo judiciário, o valor R$ 45 mil, o valor arrematado de R$ 55 mil. E o valor pago pela prefeitura? R$ 643.500,00”, disse Julio.

Cuíca acredita que os desdobramentos serão diferentes, já que houve a prisão preventiva do prefeito e dos outros envolvidos. “Ele (Luis Gustavo) estava comprando tudo em silêncio, estava tudo quieto. Ele comprou Área Industrial calado, ninguém sabia. Como a gente acompanha o Diário Oficial, a gente sabia, mas ele não estava divulgando. Essa compra desse terreno para a garagem, um terreno comprado por R$ 50 mil, vou arredondar, foi vendido por R$ 650 mil… Em dois anos não tem essa valorização”, disse. “Aí ele vai lá e compra. Justamente quem é o dono? O vereador que chamava ele de ladrão todo dia, e de repente não chama mais de ladrão, começa a falar bem dele, sai do partido dele e vai para um outro que vai coligar com o partido do prefeito”, acrescenta Cuíca. “No caso aí do Gustavo, ele ficou 13 meses afastado. Pensa bem, um ano e um mês. Será que não deu para refletir? Não, voltou para a cena do crime”, comentou Cuíca sobre a situação política de Urussanga.

Além da possível cassação de mandato do prefeito Luis Gustavo, o pedido protocolado pede providências sobre os dois vereadores que foram presos também. O assunto foi abordado em entrevista com Julio e Cuíca no programa Comando Marconi. O presidente do Legislativo, o vereador Luan Varnier (MDB), também falou sobre o pedido protocolado. Ouça mais na íntegra:

 

Também em entrevista, o presidente Luan relembrou as outras duas comissões que tiveram em Urussanga contra o prefeito. A primeira foi arquivada por falta de votos favoráveis, em 2021, logo após a Operação Benedetta, da Polícia Federal, que resultou no afastamento de Cancellier do cargo por 13 meses. A segunda foi em 2022, mas foi suspensa pela justiça. Para a votação desta terça-feira, espera-se que a comissão seja aprovada. “Na minha opinião, eu acredito que por uma questão de moralidade, questão de a gente honrar o nosso povo que já está cansado diante de tantas polêmicas, deveria ser aprovado por unanimidade, para dar oportunidade, inclusive, a gente reafirmar o que a polícia tem colocado nos indícios, inclusive, resultando nas prisões e posteriormente, vai de cada parlamentar analisar o relatório que será feito dentro dos 90 dias e aí sim avaliar se cassa ou não cassa”, explica Luan.

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