A história de Criciúma e região está também na base da história do Brasil: a exploração do carvão é o principal motivo. Este é um dos pontos explicados no livro “Criciúma: um breve relato dos seus 140 anos”, lançado em novembro de 2021. Idealizado através de uma conversa com a jornalista Joice Quadros e com a vereadora Roseli De Lucca, que na época era secretária municipal de Educação, o livro conta os principais fatos do município criciumense. De acordo com Joice e Roseli, Criciúma não possuía livros atualizados sobre a história da cidade que pudessem servir de material didático para os professores. Assim, surgiu a obra que conta com pesquisas detalhadas e aspectos importantes para o desenvolvimento do município.

Em 2023, Criciúma completou 143 anos de colonização. A obra segue mais atual que nunca. Pensando na educação dos alunos, outro livro que conta com exercícios foi desenvolvido para os estudantes do município. O livro “Criciúma: uma história de todos!” também ajuda no processo de aprendizagem em sala de aula. Para explicar mais sobre as obras e sobre a história de Criciúma, o programa Ponto de Encontro realizou uma entrevista especial com a jornalista Joice e com a vereadora Roseli. Saiba mais no player abaixo:

 

Joice reuniu todo o acervo histórico já existente sobre a história de Criciúma para destacar os principais pontos no livro. A jornalista, que é gaúcha, chegou ao município no final dos anos 70, participando da comemoração do centenário de colonização. “Eu fui contratada pela prefeitura para fazer as pesquisas nessa área. Então eu entrevistei muita gente. Na época, a gente entrevistava em fitas cassetes, entrevistei muitos descendentes de imigrantes. Então foi um trabalho que eu fui fazendo aos poucos”, conta a jornalista.

O livro narra a história por décadas, começando já por volta de 1880, com a chegada dos primeiros imigrantes italianos na região. A importância e a história das escolas do município, desde públicas a privadas, dos hospitais, do hino da cidade, a relação com o carvão e o Criciúma Esporte Clube, são alguns dos pontos presentes na obra. Uma curiosidade também é a explicação de porquê a primeira carbonífera da cidade levada o nome de Araranguá: porque, antes da emancipação, Criciúma era pertencente ao município vizinho.

A autora também destaca a importância do carvão extraído de Criciúma para o Brasil todo. A primeira carbonífera, a Companhia Brasileira Carbonífera Araranguá (CBCA), surgiu no município em 1917, em plena Primeira Guerra Mundial. Na época, o carvão mineral era importado para o Rio de Janeiro e São Paulo, que o utilizavam para movimentar os trens e outras atividades. “A guerra impedia o trânsito dos navios em alto mar, da Europa para o Brasil, e então, se voltaram para a região de Criciúma, de Araranguá, mais especificamente”, relata.

Já se sabia que tinha carvão na região porque, como conta Joice, Dom João 6°, quando esteve no Brasil, trouxe pesquisadores para verificar onde se tinha o mineral, já que ele junto com o ouro e a prata, movimentavam a economia mundial. “Eles já sabiam, desde 1902 por aí, que existia carvão na região, porque veio um geólogo famoso, o Israel White, americano, que esteve dois anos em Criciúma e pesquisou sobre o carvão”, ressalta a jornalista e pesquisadora.

Além dos italianos, os poloneses chegaram na vila de Criciúma dez anos depois. Após isso, diferentes povos migraram de outras regiões do estado para a vila. A vereadora Roseli destaca que essas famílias viam o Sul do estado como um lugar de oportunidades para recomeçar uma nova vida. Passados 45 anos de colonização, Criciúma se emancipou de Araranguá e se tornou um município em 4 de novembro de 1925. Foi quando a certidão de nascimento da cidade foi realizada, como destaca a jornalista.

Após mais de 140 anos de história, Joice ressalta um importante fator para o desenvolvimento de Criciúma: o polo médico. Na época em que o carvão era explorado, muitos mineiros tinham pneumoconiose. Foi quando o pneumologista Albino Souza passou a desenvolver estudos com os mineiros para saber mais sobre a doença. Com o passar do tempo, muitos filhos de famílias com melhores condições de vida saiam da cidade para estudar medicina, geologia ou engenharia de minas. Muitos que se formaram médicos retornaram para a cidade para desenvolver mais o polo médico.

Foto: Arquivo / Decom

O livro está disponível nas bibliotecas públicas de Criciúma. Conforme Roseli, já há conversas para que uma impressão mais simples e de baixo custo, já que a prefeitura possui os direitos da obra, seja desenvolvida e que mais pessoas tenham acesso a ela.