A medicina nuclear é uma especialidade que utiliza materiais radioativos com finalidade diagnóstica e terapêutica. De acordo com o físico e membro da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), doutor Eduardo Tinois, são utilizados materiais radioativos ligados a moléculas que têm funções fisiológicas específicas do corpo. “A gente vai ver algum tipo de função corporal, diferentemente da radiologia que vê a anatomia. Então, a gente injeta essa pequena quantidade, ou por via oral ou venosa, e aguarda o metabolismo acontecer. Vai haver a fixação desse material radioativo no local onde houve o metabolismo, e aí a gente faz a imagem para avaliar como está esse nível metabólico, se está adequado ou não”, explica.

Conforme o especialista, no caso de mulheres grávidas, a recomendação é que se evite fazer os exames de medicina nuclear. “No nosso protocolo, evitamos não só os exames de medicina nuclear, mas os exames de tomografia e raio X também”, comenta. “Mas existem alguns casos onde é imprescindível que a mulher faça o exame, seja da medicina nuclear ou da radiologia. Quem faz a avaliação desse risco benefício é o médico nuclear. Quando ele indica que tem que fazer o exame, então nós temos procedimentos para minimizar esses riscos”, comenta.

O assunto foi destaque em entrevista no programa Ponto de Encontro com o doutor Eduardo. Ouça na íntegra:

 

Entre os procedimentos para esse caso, está a aplicação de quantidades menores do material radioativo. “A gente deixa a paciente mais tempo no equipamento para fazer a compensação e, com isso, a gente consegue fazer os exames. O que existe uma contraindicação é para quando a gente vai fazer terapia em medicina nuclear. No caso da terapia com iodo-131, que é a mais realizada no Brasil, é contraindicado fazer essa terapia se a mulher estiver grávida. Existe até uma recomendação para que, no caso dela ter que fazer esse tratamento, de fazer a checagem se está grávida. Se não estiver, é recomendado o uso de métodos contraceptivos até o momento de fazer a terapia para que não tenha riscos”, esclarece.

Caso todas as recomendações e protocolos necessários não sejam seguidos nesse tipo de terapia, há certos riscos. “Para a mulher em si, não há nenhum risco. O risco que a gente pode ter é uma dose no feto que, dependendo do momento da gravidez, pode induzir algum tipo de má formação ou pode também ter um risco aumentado de câncer no futuro. É por isso que a gente trabalha de maneira preventiva, agora esse risco é extremamente baixo, o que nós fazemos é exagerar para evitar esse tipo de problema futuramente”, destaca.

SBMN

A Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN) – entidade filiada à Associação Médica Brasileira (AMB) reúne os médicos nucleares. Atua tanto no diagnóstico quanto na terapêutica de diversas doenças, que incluem embolia pulmonar, infecções agudas e infarto do miocárdio, câncer, obstruções renais, demências e outras.