A votação que decidiu a não instauração da Comissão Processante causou indignação nos urussanguenses. Os vereadores decidiram, por quatro votos a cinco, que não haverá análise do pedido de cassação de mandato do prefeito Luis Gustavo Cancellier. O assunto foi destaque durante a sessão desta terça-feira, dia 21. Além da população em geral, membros do Partido Progressista, no qual o prefeito afastado faz parte, manifestaram-se a respeito dos votos dos parlamentares da sigla. Já foram anunciadas três desfiliações do PP desde a semana passada, e a previsão é que haja mais anúncios nas próximas horas. Um deles é o Geraldo Fornasa, ex-vereador e ex-presidente do partido. Em entrevista ao Comando Marconi, Fornasa afirmou que está afastado da presidência há cerca de dois anos por conta de um desentendimento com Cancellier. Fornasa ainda não se desfilou do partido, mas já deixou claro que não faz parte do PP.

Ouça a entrevista na íntegra:

 

“Eu não faço mais parte disso daí [do partido], para mim isso daí é uma quadrilha. Então pode ter processo, eu não tenho medo de nada, eu não tenho culpa de nada, eu não tenho nenhuma porcaria de rolo com ninguém, tá me entendendo? Agora, é lamentável que esse vagabundo aí, que acabou sendo eu que coloquei esse merda na… essa bosta de uma pessoa que envergonha nossa cidade que é o Gustavo Cancellier”, disse Fornasa durante a entrevista. “Eu me sinto culpado, eu peço perdão de joelho para toda cidade e nós colocamos esse rapaz no partido e trabalhamos com a administração, e no fim ele enganou todo mundo e continua, lá na frente ele vai ser condenado, mas até lá ele vai perder muito”, completou o ex-presidente do PP.

Geraldo Fornasa frisou que a investigação deve acontecer e que a Polícia Federal já fez o papel dela, no qual todo o relatório já foi entregue ao Ministério Público Federal para análise. “Os vereadores tão aí pra quê? tá me entendendo? Até anteontem eles estavam tudo a favor, na última hora fecharam, porque quem tem culpa tem medo”, comentou. “O 11 sempre foi assim, um partido que foi meu partido do coração, agora o 11 é o 11, essa equipe que tá aí não é minha equipe”, ressaltou na entrevista.

Além disso, Fornasa disse ao Comando Marconi que estava decepcionado com o vereador Odivaldo Bonetti (PP), que é presidente da Câmara, pelo seu voto contrário a instauração da Comissão. “Eu apoiei o Bonettinho, eu tinha a palavra dele, não só eu mas outros amigos que não vou dizer nomes, e ele numa imparcialidade, ele ia ser imparcial, não ia ser um boca alugada do prefeito, e ele amarelou e disse ontem pra mim que ia perder o mandato dele. É mentira, é mentira, tá me entendendo? Então é mais uma decepção”, comentou. Geraldo afirmou que, provavelmente, o vereador esteve em reunião com o prefeito afastado para realizar acordos. “Eles devem ter feito uma reunião ontem, que eu sei, fizeram um ‘acordito’, um acordito o que é? sei lá, deve ter rolado algum coisa, porque ele mudou de conversa do dia pra noite”, acrescentou.

Situação

O assunto está repercutindo em Urussanga e região há quase duas semanas. Na última segunda-feira (13), a Polícia Federal indiciou Luis Gustavo e outras 13 pessoas por possível desvio de recursos públicos em obras do município. Conforme a PF, em duas das obras realizadas com recursos do Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento (Finisa) os exames periciais identificaram a prestação de serviços superfaturados em valor superior a R$ 640 mil. Os indiciamentos são pela prática dos crimes de organização criminosa; desvio de recursos, extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento; falsidade ideológica e peculato. As penas, que culminadas podem chegar a 29 anos de reclusão, podem variar e não necessariamente serão atribuídas de maneira igual a todos os envolvidos, pois cada investigado responderá na medida de sua culpabilidade.

Na mesma semana, o ex-vice-prefeito de Urussanga, Luiz Henrique Martins (Cuíca), e o ex-vereador Júlio Bonetti encaminharam à Câmara de Vereadores um pedido de cassação do mandato de Cancellier. Durante reunião da Mesa Diretora, realizado na segunda (20), foi decidido que a votação para a instauração da análise do pedido seria feito na terça-feira (21), na sessão do legislativo. A votação aconteceu ontem e foram quatro votos contra e cinco favoráveis. Eram necessários seis votos favoráveis para que fosse instaurado a Comissão Processante.

Pedido de Comissão Processante arquivado: confira como votou cada vereador