O ano é de eleições municipais e as pessoas devem ficar atentas aos possíveis candidatos. Especialistas alertam que muitos candidatos aproveitam essa época para realizar um marketing político. Seja com várias ações nos últimos meses de mandato em busca de uma reeleição ou na eleição de um sucessor, ou em divulgações nas redes sociais, candidatos costumam adotar estratégias para conquistar votos. Para o economista e cientista político Eduardo Guerini, políticos costumam usar táticas para desviar o foco de uma má administração pública.

De acordo com o especialista, é comum que candidatos apareçam mais nas redes sociais. “Hoje mais do que nunca as redes sociais mostram uma série de prefeitos que são candidatos ou que vão indicar candidatos de seu partido, da sua coligação para a gestão municipal, que começam a aparecer com mais frequência para a lembrança do eleitor, usando a máquina pública, os cargos comissionados, o seu secretariado como cabos eleitorais para fazer valer a sua vontade”, comenta. “O eleitor tem que estar atento também a essa situação para fazer uma escolha consciente e buscar a melhor opção para o seu município”, complementa. 

Ainda conforme Eduardo, é possível identificar algumas situações que são criadas para a distração do eleitor. Discussões de gestores sobre a obrigatoriedade da vacina em crianças, internação involuntária de pessoas em situação de rua são alguns dos temas abordados que têm a intenção de chamar a atenção de algum eleitorado específico. Outro exemplo, segundo o especialista, é a presença de algum possível candidato em eventos oficiais da administração, principalmente em inauguração de obras. “Há uma série de questões que estão sendo desviadas de foco. A agenda que deveria ser discutida era para problemas essenciais como Saúde, Educação”, afirma.

O assunto foi abordado em entrevista no programa Comando Marconi. Ouça na íntegra e entenda mais:

Parte 01

 

Parte 02

 

Para o economista, as eleições municipais são de extrema importância. “As pessoas vivem na cidade e elas precisam de políticas para aquela municipalidade. Os habitantes querem o melhor para o seu município, querem melhores condições de vida, melhor emprego, melhor renda, melhor saúde, melhor educação e isso faz no município com bons gestores. Péssimos gestores acabam produzindo quatro anos de atraso”, comenta. “Políticos populistas que usam da demagogia devem ser colocados naquilo que seria o lugar ideal deles: o esquecimento, o ostracismo e a não reeleição”, acrescenta.

Outro ponto comentado pelo cientista político é a realização de eventos com fins eleitorais. “Quando surgem shows extemporâneos, um cantor nacional famoso, uma determinada festa que se incorpora de maneira rápida ao ambiente da cidade, isso é uma armadilha de entretenimento que hoje é muito comum. A política não é lugar de entretenimento, é lugar de seriedade. Política se faz com programas, projetos que estão no plano do governo”, explica. “A política cultural tem que estar alinhada ao orçamento do município, ou seja, quanto vai ser gasto para a cultura, o que vai ser gasto na cultura, tudo isso tem um critério. Quando não existe critério, é populismo com um viés eleitoreiro”, destaca.

Além do entretenimento presencial, com shows e eventos, também existe o das redes sociais. “A política da lacração. O prefeito ou o vereador que aparece toda hora fazendo esquetes no Tiktok, prefeito ou parlamentar que aparece muito na rede social fazendo lacração sobre assuntos que não lhe competem, esse entraria na lista daqueles não elegíveis do meu ponto de vista particular. Ele deve usar a comunicação oficial, usando os meios oficiais com a maior transparência possível”, frisa Eduardo. “Quando você começa a fazer muita festa, muito show próximo às eleições há um lastro de populismo, demagogia eleitoreira, que ao meu ver seria desvio de finalidade da gestão pública ou da representação política. Essa é uma situação que o eleitor tem que estar muito atento, voto consciente é voto sério”, salienta o cientista político.