O passado não é só passado, o passado é história e a nossa realidade é a história em permanente construção. Esta é uma afirmação de João Paulo Pimenta, doutor em História e professor do Departamento de História da Universidade de São Paulo (USP). Pimenta é organizador da obra “E Deixou de Ser Colônia”, livro que reúne pesquisas que contam sobre os acontecimentos que levaram o país à independência e suas consequências. O dia 19 de agosto foi lembrado por ser o Dia Nacional do Historiador e, por isso, o programa Ponto de Encontro realizou uma entrevista especial com o professor João Paulo sobre a importância da história e de seus profissionais. Ouça na íntegra:

 

De acordo com Pimenta, os historiadores possuem importante papel no estudo de temas específicos que contribuem na construção e reconstrução do conhecimento a ser oferecido à sociedade. “Mas também formamos professores, também somos professores. Isto é, não apenas pesquisamos essa história, sempre renovada, sempre mais verdadeira, mas também formamos, ensinamos, porque afinal de contas, é muito importante conhecer o passado para conhecermos o próprio presente e pensarmos o futuro”, ressalta.

O professor explica que todas as sociedades existentes da humanidade foram encarregadas de narrar o seu passado em algum momento, seja em guardar documentos ou de ensinar algo sobre o passado para as pessoas. No Brasil, a profissão de historiador só foi surgir de fato no século 19, no qual José da Silva Lisboa, o Visconde de Cairu, é apontado como referência na área. Talvez, por isso, seja lembrado como primeiro historiador do país, estudando também a Independência. “Mas, mesmo antes dele, nos tempos coloniais, a colônia tinha os seus historiadores e, repito, todas as sociedades sempre narraram e tentaram explicar o passado”, completa Pimenta.

O historiador também é o responsável por continuar aprofundando assuntos que já foram estudados por outros historiadores no passado. Pimenta esclarece que isso é uma forma de “jogar novas luzes” sobre essas fontes antigas, já que a história é um trabalho dinâmico, que sempre está se renovando por conta de novos olhares existentes sobre o próprio passado. “Nosso principal desafio é oferecer a verdade sobre o passado. Uma verdade criteriosa, rigorosa, mesmo que ela nunca seja uma verdade definitiva, ela está sempre se aprimorando como todo e qualquer conhecimento científico”, frisa. João Paulo acrescenta ainda que todos os grandes acontecimentos e processos serão novamente estudados por historiadores para que a história seja revista de acordo com as condições do presente, conforme a atual sensibilidade e entendimento.

Pimenta ainda ressalta que a história não é somente estudar o distante. “Estudamos o passado porque o passado aconteceu e quando ele estava acontecendo ele não era passado, ele era presente. Então ele importava mais do que qualquer coisa para as pessoas que estavam vivendo”, reforça. “Mas o passado não é só o passado, o passado é história e a nossa realidade é a história em permanente construção”, completa. É por isso que João Paulo Pimenta buscou reunir nove historiadores e especialistas na história da Independência para tratar períodos do processo histórico e de temas que marcaram a época. Capítulos como a participação das populações indígenas, escravidão, o surgimento da imprensa no Brasil, a economia e outros fazem parte da obra “E Deixou de Ser Colônia”.

Livro detalha como o Brasil deixou de ser colônia

Celebrado em 2022, o Bicentenário da Independência do Brasil incita comemorações e também o resgate histórico do processo de separação de Portugal. Neste sentido, a editora Almedina Brasil lança “E Deixou de Ser Colônia”, obra coletiva organizada pelo historiador João Paulo Pimenta. A novidade reúne artigos assinados por doutores em história e oferece uma síntese factual com enfoque analítico rigoroso sobre os acontecimentos que levaram à independência e suas consequências. Este trabalho, porém, é feito de forma fluída e educativa sem deixar de cativar o leitor.

Sobre os autores

João Paulo Pimenta (organizador): doutor em História e professor do Departamento de História da USP desde 2004.

Alain El Youssef: doutor (2019) em História Social pela Universidade de São Paulo.

Ana Rosa Cloclet Da Silva: doutora em História pela Universidade Estadual de Campinas (2000), com pós-doutorado pela Universidade de São Paulo (2007).

Andréa Slemian: doutora em História pela Universidade de São Paulo (2006).

Cecília Helena L. De Salles Oliveira: doutora em História Social pela Universidade de São Paulo.

Eduardo Silva Ramos: é doutor em História Econômica pela mesma instituição.

Fernanda Sposito: doutora em História pela Universidade de São Paulo.

Juliana Gesuelli Meirelles: doutora em História Política pela Universidade Estadual de Campinas.

Marcelo Cheche Galves: doutor em História pela Universidade Federal Fluminense.

Marisa Saenz Leme: professora do Departamento de História da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Estadual Paulista, em Franca.

Adquira o livro clicando aqui.