Cegueira, amputação, doença nos rins e infarto. Esses são os principais riscos que podem ser gerados pelo diabetes e que a maioria das pessoas lembra. No entanto, existe uma relação entre o diabetes e a depressão, que precisa ser destacada. De acordo com o endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP), doutor Fernando Valente, a depressão é de duas a três vezes mais frequente na pessoa com diabetes quando comparado com a população sem condição. Porém, para cada uma pessoa com diabetes que recebe o diagnóstico de depressão, há pelo menos mais duas na mesma situação que não são corretamente diagnosticadas. Ou seja, apenas um indivíduo terá a chance de receber a orientação e o tratamento correto para a depressão.

O especialista ressalta que o aumento do risco de cegueira, amputação e outros problemas gera sensações de impotência e solidão nas pessoas que têm diabetes. “A gente precisa acolher essas pessoas, dizer que não existe cura, mas existe tratamento e se a pessoa trata o diabetes e todas as comorbidades associadas, como pressão alta e colesterol, o risco dela infartar, por exemplo, fica igual ao de quem não tem diabetes”, comenta. O Dia Mundial do Diabetes foi lembrado na última terça-feira, dia 14. O assunto foi destaque em entrevista no programa Ponto de Encontro com o doutor Fernando. Ouça:

 

Sintomas como cansaço excessivo, emagrecimento, diminuição do desejo sexual e alteração do sono podem ser manifestações do próprio diabetes descompensado, mas também podem ser causados por depressão. “A depressão pode diminuir o autocuidado, resultando em descuido quanto à alimentação, à monitorização do açúcar no sangue e até mesmo quanto ao uso correto dos medicamentos. Por isso é tão importante falarmos sobre o assunto”, alerta doutor Fernando.

A hipoglicemia, que é a queda do açúcar no sangue para níveis muito baixos, ou a hiperglicemia, que é a elevação de açúcar no sangue, podem agravar todos esses sintomas no longo prazo, aumentando tanto o risco das complicações do próprio diabetes quanto agravar a depressão.

A associação entre a depressão e o controle glicêmico pode ser explicada pelo estilo de vida. Para pacientes com diabetes, é essencial praticar atividade física, controlar o peso, parar de fumar e, nos casos suspeitos de depressão, é importante também fazer uma avaliação com o profissional de saúde mental que vai identificar se há necessidade de tratamento com remédio ou também de psicoterapia. “Ninguém consegue ser forte o tempo todo: não tenha medo de pedir ajuda”, aconselha o endocrinologista.

Colaboração: Débora Torrente / Gengibre Comunicação