“Uma mulher sem precedentes na história. Nenhuma mulher na história da humanidade conseguiu se tornar uma heroína reconhecida em dois continentes diferentes”. É assim que Anita Garibaldi é descrita por Adílcio Cadorin, historiador e fundador do CulturAnita. A icônica revolucionária brasileira inclusive está presente na cultura de Urussanga, que carrega o seu nome na principal praça, no centro da cidade. Em suas pesquisas, Adílcio concluiu que a nomeação de Anita Garibaldi para a praça foi uma das primeiras homenagens a ela no Brasil, antes mesmo da cidade de Laguna, local onde viveu Anita.

O historiador e também advogado conta que se acredita que a praça Anita Garibaldi tem esse nome antes mesmo dos anos 1900. “Quando começou a colonização italiana, em que o primeiro núcleo se formou em Urussanga, logo foi formado por italianos egressos da região de Vêneto, é verdade, mas que ainda estavam sob impacto da grande ação de Giuseppe Garibaldi (marido de Anita), que havia recentemente unificado a Itália. Também da mulher dele, Anita, que era catarinense. Eu reputo que talvez seja por isso que Urussanga fez essa homenagem pioneira a memória dessa nossa grande heroína que o Brasil ainda não conhece muito direito”, comenta Adílcio.

Mas afinal, quem é Anita Garibaldi? “Anita saiu de Laguna com 18 anos de idade, apenas, e analfabeta. Morreu quando faltava 20 dias para completar 28 anos. Portanto, ela teve uma vida efêmera, de dez anos apenas. Porém, nesse curto espaço de tempo, nesses dez anos, foi pródiga em realização. Ela pegou em armas para lutar por quatro repúblicas: República Catarinense, República Rio-grandense, a República Uruguaiana e a República Romana”, explica Cadorin. Conforme o historiador, Anita foi ainda a pioneira e grande motivadora para que os exércitos tivessem seus batalhões de enfermagem.

Anita Garibaldi promoveu as mesmas ações na Europa. O esposo Giuseppe mandou Anita para a Itália, junto com os três filhos, sendo de menores inclusive. “Quando chegou já desceu no porto de Gênova falando, fazendo discurso, incitando os italianos de Piemonte a pegar em armas porque o líder que queria expulsar os austríacos estava chegando”, conta Adílcio. “Ela saiu de Laguna analfabeta, quando morreu falava cinco línguas. Ela se educou na luta, educou os filhos na luta. Uma mulher sem precedentes na história”, destaca. “Por isso que dedicamos muitos anos da nossa vida a pesquisar a grandiosidade da biografia dessa mulher e o legado que ela nos deixou”, completa o ex-prefeito de Laguna.

Cadorin frisa que é necessário destacar ainda mais a história de Anita Garibaldi, valorizando ela e transformando-a em um ícone do momento em que tantas pessoas lutam por igualdades entre homens e mulheres, contra o feminicídio e contra as desigualdades sociais. O historiador participou de entrevista no programa Ponto de Encontro e falou mais sobre a vida de Anita, sua importância para a região, outras curiosidades e sobre a peça teatral Tomada de Laguna, que será realizada neste mês. Ouça na íntegra:

 

Tomada de Laguna

Com o objetivo de retratar os fatos e reencenar a Tomada de Laguna, o Instituto Cultural Anita Garibaldi irá realizar uma peça teatral entre os dias 21 e 24 de setembro. O espetáculo acontece onde toda a história foi escrita, no Centro Histórico de Laguna. Mais de 200 atores e figurantes irão reviver a história, contando com um cenário especial. Batalhas navais, de cavalaria e infantaria que resultaram na conquista de Laguna por Giuseppe Garibaldi, em 1839, serão retratadas na peça teatral. O mega espetáculo ainda revive a história de amor entre Anita e Giuseppe. Os ingressos para ver a peça podem ser adquiridos clicando aqui.