Os vereadores de Urussanga usaram a tribuna na reunião ordinária desta terça-feira, dia 26, para falar sobre gestão pública, discutir as prioridades na aplicação dos recursos públicos e comparar as administrações recentes, lideradas por PP, PSD (interinamente) e MDB.

Daniel Moraes, o Nel (PSD), fez um requerimento pedindo ao Executivo uma prestação de contas completa do programa Porteira Aberta em 2023, em especial sobre os equipamentos que estejam fora de operação. “Vi vários carros da prefeitura, patrolas, retroescavadeira, ônibus escolar que estão parados há vários meses. O caminhão da agricultura tem mais de 80 caçambadas que o pessoal está na fila esperando, e esses veículos estão na oficina esperando o ‘ok’ para fazer”, cobrou o vereador.

Ele questionou as prioridades da administração municipal num momento em que há veículos importantes à espera de conserto e, segundo ele, faltam itens básicos na saúde. “A gente sabe que houve uma queda significativa na arrecadação. Mas, quando se faz gestão, tem que estar preparado para tudo. Quando o Nandi saiu da Prefeitura, havia 720 funcionários. O prefeito Gustavo assumiu e inchou a Prefeitura com mais 150 servidores. Se considerar uns R$ 3 mil de salário na média, são em torno de R$ 450 mil que poderia economizar por mês”, argumentou Nel.

O vereador leu o relato do pai de uma criança autista, que tem o direito a uma professora na sala. Mas a Secretaria de Educação, conforme o relato, demitiu e colocou uma estagiária no lugar. “Se faz uma boa gestão, não há necessidade de cortar de quem realmente precisa”, disse. “Espero que o prefeito pense direito e enxugue a máquina pública”, acrescentou.

Nel informou que há equipamentos que são fruto do trabalho dos vereadores na busca por recursos que, agora, estão parados e sem manutenção. “Esses 150 certamente são por compromissos políticos que assumiu, mas é preciso pensar na população. A gestão deve vir em primeiro lugar”, pontuou.

Tidinho cobra cumprimento de promessas

Erotides Borges Filho, o Tidinho (PDT), esteve na semana passada na Assembleia Legislativa e solicitou ao deputado estadual Sérgio Guimarães (União Brasil) recursos de R$ 200 mil para contribuir na pavimentação da estrada geral da Linha Teixeira.

“O que me deixou preocupado foi o fato de que todos os deputados estão a par do que acontece aqui no município e a forma como o prefeito age diante desses recursos. Utiliza e dá a entender que os méritos são dele. Os deputados responsáveis por mandar os investimentos para cá não são sequer convidados. E o pior: as obras estão inacabadas”, criticou Tidinho.

O vereador citou os R$ 350 mil encaminhados pelo deputado Rodrigo Minotto (PDT) para a escola Lydio De Brida, R$ 250 mil para a Alda Brognoli, R$ 150 mil para o CEI Erotides Borges e R$ 100 mil para a instalação de lixeiras de contêiner. Todas essas ações, segundo Tidinho, ainda estão pendentes.

O parlamentar também lembrou dos R$ 100 mil encaminhados pelo ex-deputado Luiz Fernando Vampiro (MDB) para o CEI Magnólia Branca. “Só foi terminado porque era o Nandi que estava à frente da reforma. O que foi pedido para o prefeito fazer, que era um ‘escovódromo’ e uma pintura, até agora nada”, relatou.

“Está praticamente insustentável buscar recursos de deputados sérios. Aparentemente, a prefeitura está sem recursos. Os de fora serão escassos”, antecipou. “Quantas vezes falei que dinheiro não aceita desaforo? Estamos começando a sentir o efeito desse desgoverno”.

Erotides frisou, também, que ainda não foi feito o pagamento retroativo dos servidores públicos, além dos cortes na saúde citados pelo vereador Luan Varnier (MDB) na reunião da semana passada. “Não quero acreditar que seja verdade que estão cortando especialistas. Recebi inúmeras reclamações a respeito disso. O prefeito tem condições de fazer duas festas no mesmo ano e não tem para a saúde, para fazer o básico?”, afirmou.

O parlamentar citou promessas do pacote “Ainda Mais Urussanga”, como instalação de câmeras nas escolas, reforma do telhado da rodoviária, bolsa atleta, entre outras. Nenhuma delas foi cumprida, segundo o vereador. “Se não cumpre o que escreve, imagina o que promete”, finalizou.

Sartor se despede e reitera compromisso com partido

Jailton De Bona Sartor, o Ito (PP), lembrou que esta foi a última reunião da qual participou como vereador de Urussanga, cargo que exerce ao longo de setembro. Ele agradeceu todos os envolvidos que possibilitaram essa experiência.

O vereador lembrou do presidente do PP, Gilson Casagrande, o assessor da bancada, Filippe Possamai, os servidores do Legislativo e parabenizou a condução dos trabalhos pelo presidente da Câmara, Daniel Moraes (PSD).

“Provavelmente não serei candidato na próxima eleição, mas sou um soldado do PP. Sou progressista de cruz na testa. Meus avós, meus pais, foram Arena e sempre fomos PP. Estarei fazendo o trabalho de formiguinha para que o meu partido continue na administração de Urussanga por mais quatro anos”, afirmou.

Zé Bis pede responsabilidade no uso da tribuna

José Carlos José, o Zé Bis (PP), esclareceu que é incorreta uma informação publicada em veículo de comunicação de que ele integrará a comitiva do Legislativo em Longarone, em outubro, durante os atos dos 60 anos da tragédia de Vajont.

“Mesmo que fosse escolhido, eu não viajaria para a Itália. A fase é difícil, tem que respeitar o dinheiro público. Temos que trabalhar com o que temos no momento. Sair para a Itália é uma obrigação do Executivo e não do Legislativo”, defendeu.

Zé Bis informou que está sendo realizada a manutenção pedida por ele na estrada de Urussanga a Siderópolis, embora a chuva tenha prejudicado os trabalhos. “Há trechos muito críticos, mas estão lá fazendo os trabalhos para melhorar a trafegabilidade”, relatou.

O vereador contrapôs a informação dada por outros vereadores sobre falta de materiais nos postos de saúde de Urussanga. “Fui a fundo, conversei com a secretária. Ela informou que não faltou nada. Tinha estoque, e a única forma de faltar algum item é por meio da licitação que atrasa a logística ou se houve falta de matéria-prima e alguns remédios não foram fabricados a tempo”, explicou.

Zé Bis cobrou que, antes de se tecer críticas semelhantes, a informação seja verificada in loco. “A tribuna é lugar de respeito, para falar a verdade. Não precisa vir falar ‘abobrinha’. Primeiro tem que se olhar no espelho, para ver o que fizeram na administração anterior, de 2013 a 2016. Faltou gaze, faltou soro, faltou médico, fecharam posto de saúde, fecharam creche. Faltou papel higiênico nos colégios, faltou merenda escolar. Hoje a Prefeitura dá mais de 5 mil refeições por dia nas escolas”, comparou. “Falhas existem, mas temos que ter a hombridade de ir lá verificar e vir aqui falar a verdade”.

Bonettinho trabalha por recursos para a Defesa Civil

Odivaldo Bonetti, o Bonettinho (PP), está fazendo o meio de campo entre a Defesa Civil do município e o Ministério Público para viabilizar recursos destinados à estruturação do órgão.

“Surgiu ideia de falar com a Promotoria de Justiça, que tem aqueles processos de menor potencial ofensivo, em que as pessoas são condenadas a pagar um salário mínimo e quantias assim, para que dê atenção para a Defesa Civil, ao menos para equipá-la de maneira adequada”, propôs Bonettinho.

Segundo o vereador, a resposta foi positiva e etapas burocráticas ainda precisam ser vencidas a fim de contar com o aporte financeiro. Recentemente, Paraíso da Criança, Polícia Civil e Polícia Militar têm sido beneficiados com os recursos provenientes das condenações.

Odivaldo Bonetti, que presidiu a Comissão Central Organizadora da Festa do Vinho, pediu às entidades que ainda não repassaram as informações sobre o balanço da festa para que assim o façam. “Queremos fazer a prestação de contas de forma completa. A transparência é necessária. Neste ano, foi colocado, por exigência deste presidente, que todas têm a obrigação de nos repassar. Está no contrato”, cobrou.

O parlamentar discorda do colega de bancada, José Carlos José (PP), a respeito da missão oficial a Longarone. Daniel Moraes (PSD), Bonettinho e Luan Varnier (MDB) representarão a Câmara e o povo de Urussanga nos atos dos 60 anos da tragédia da barragem de Vajont.

“Não tenho problema nenhum em explicar para a sociedade. Nós temos que representar o nosso povo. Não vamos a Milão, não vamos a Roma, não vamos fazer turismo. Vamos a Longarone, onde há uma programação extensa. Vamos trabalhar e representar bem o nosso município”, argumentou.

O vereador parabenizou Jailton De Bona Sartor (PP), que está encerrando o período no exercício do cargo de vereador.

“É importante os suplentes assumirem para oxigenar a Casa, ter outras vozes, de quem também representa determinados segmentos da sociedade. Até agora, temos nos surpreendido com todos que assumiram aqui, independente de partido. Todos deram seu recado e mostraram que merecem a confiança da população”, disse.

O parlamentar também manifestou pesar ao vereador Luan Varnier (MDB), cujo pai, Alazio Varnier, faleceu nessa segunda-feira, dia 25.

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