O quinto dos nove inquéritos da Operação Hera, desencadeada pela Polícia Civil em Urussanga, deve ser concluído entre hoje (21) e amanhã (22). A informação foi divulgada pelo delegado Ulisses Gabriel em entrevista ao programa Comando Marconi. A ação visou a apuração de crimes possivelmente feitos no âmbito da Fundação Ambiental Municipal de Urussanga (Famu), especialmente os crimes de extravio ou sonegação de documento público, corrupção passiva, prevaricação, crimes ambientais e organização criminosa. Segundo Ulisses, a Polícia Civil ainda analisa os documentos coletados durante a operação da última segunda-feira, dia 13, e ouvirá testemunhas e envolvidos.

No primeiro inquérito, um vereador afastado e também servidor do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Samae) foi indiciado por fraude processual por, em tese, ter obstruído a atuação da Justiça em inquérito policial que investigou fatos sobre o uso indevido de um automóvel do Samae para fins particulares. Entenda mais aqui.

No segundo inquérito foram indiciadas duas pessoas, ambas por peculato e apropriação. Um deles por 10 crimes de peculato em concurso material e outro, ex-diretor do Samae, foi indiciado por um crime de peculato em concurso com o primeiro indiciado. As provas indicam a utilização indevida e para fins particulares, de uma retroescavadeira pertencente ao Samae de Urussanga. O ex-diretor já foi denunciado pelo Ministério Público de Santa Catarina por crimes de peculato, dirigir sob efeito de álcool e falsidade ideológica, com base em inquérito que apurou o uso indevido de um veículo público. Leia mais acessando aqui.

Já no quarto inquérito um diretor, que foi exonerado pela prefeitura na última semana, dois empresários e uma mulher foram indiciados. Pelo inquérito, foram identificados pelo menos quatro crimes de advocacia administrativa. Segundo a Polícia Civil, ele teria intervindo em favor de três empresários em órgãos da prefeitura, tendo afirmado que o fiscal da Fundação Ambiental Municipal de Urussanga (FAMU) deveria receber “férias definitivas”. Também interveio para vacinar a própria sobrinha contra a Covid-19. Ulisses também acrescentou que o diretor também foi indiciado pela frustração de caráter competitivo de uma licitação no transporte de alunos de Urussanga a Criciúma. Saiba aqui.

Confira a entrevista completa realizada com o delegado Ulisses Gabriel sobre o andamento das investigações para o programa Comando Marconi. Ouça na íntegra:

Parte 01

 

Parte 02

 

Do início das investigações

Ulisses explicou que a Polícia Civil recebeu informações de que um procedimento em específico havia sido extraviado da Famu. O procedimento apurava a conduta de um vereador e ex-secretário de Agricultura. A pessoa teria usado uma máquina da prefeitura para fazer um serviço em uma propriedade particular. O serviço teria gerado um dano ambiental, onde a Famu aplicou uma multa e notificou em ato contínuo o então secretário, os proprietários do terreno e a prefeitura municipal. A partir disso, a Polícia Civil instaurou inquérito para apurar o extravio desse procedimento.

Além disso, a polícia instaurou o inquérito para apurar a autorização de um loteamento em Urussanga que estava em desacordo com a legislação ambiental, além de autorização indevidas para a ligação de água e energia. “Com base nesses dois inquéritos policiais nós começamos a levantar informações e constatamos a existência de outros possíveis crimes praticados no âmbito da Prefeitura Municipal, em especial dentro de determinadas secretarias”, explicou Ulisses. Depoimentos e diligências policiais foram feitas, o que resultou no desencadeamento da Operação Hera na última semana.

Duas pessoas investigadas foram presas temporariamente durante cinco dias para evitar o prejuízo na colheita de provas. Ambos foram liberados do presídio na última sexta-feira, dia 17. Além disso, três vereadores estão afastados desde então, Fabiano De Bona (PSDB), Rozemar Sebastião (PDT) e Odivaldo Bonetti (PP). Ulisses esclareceu que os três foram afastados para não prejudicar o andamento da investigação. O delegado frisou que a Polícia Civil não passará mais detalhes da investigação para não atrapalhar o trabalho além de preservar os investigados.