Aliado a outras campanhas de conscientização deste período, o Fevereiro Laranja vem com o objetivo de alertar a população em relação à leucemia, câncer que se origina na medula óssea, no interior dos ossos, na “fábrica” do sangue. Esse processo é interrompido por clones malignos, impedindo a produção normal das células, conforme esclarece a doutora Ana Carolina Moreira de Carvalho Cardoso, médica especialista em hematologia e hemoterapia, com experiência em transplante de medula óssea e atuação na área desde 2015.

Há tipos de leucemia, a aguda e a crônica. A leucemia aguda progride rapidamente e produz células que não estão maduras e não conseguem realizar as funções normais. Já a leucemia crônica, normalmente, progride lentamente e os pacientes têm um número maior de células maduras. Além disso, há também uma classificação baseada no tipo de glóbulo branco envolvido, seja da linha mieloide ou linfoide. A doutora Ana abordou esse assunto em uma entrevista no programa Ponto de Encontro. Ouça:

 

A doutora Ana destaca que há faixas etárias quase específicas para os casos de leucemia, sendo a leucemia linfoblástica aguda comum em crianças, leucemia mieloide crônica em adultos e leucemia mieloide aguda e linfocítica crônica em idosos. Ela também esclarece que existem alguns fatores de risco genéticos e ambientais para o desenvolvimento da doença. No entanto, é difícil atribuir algum fator específico ao paciente doente. Sabe-se que o tabagismo aumenta o risco de leucemia, assim como a exposição à radiação e quimioterapia prévia, histórico familiar, síndromes genéticas, infecções por vírus, idade, entre outros fatores.

A especialista também alerta para os sintomas comuns da doença, que incluem fraqueza e cansaço devido à anemia, sangramento nas gengivas e no nariz, manchas roxas pelo corpo devido à contagem baixa de plaquetas, dores nas pernas e nos ossos, febre, aumento dos gânglios e, em alguns casos, dor abdominal.

Falando sobre o diagnóstico, ela explica que, normalmente, antes de descobrir a doença, os pacientes procuram o pronto-socorro na tentativa de resolver problemas como uma febre persistente ou sangramento anormal. O primeiro exame de rastreamento é o hemograma. Se os resultados estiverem alterados, o médico encaminha o paciente a um hematologista, que realizará a coleta direta de líquido da medula óssea para análise. Ana também esclarece os tipos de tratamentos possíveis, como a poliquimioterapia nas leucemias agudas e, se necessário, o encaminhamento para o transplante de medula.

A doutora Ana pontua que a leucemia é uma doença grave e que, se não descoberta precocemente, evolui mais rápido e demora mais a responder aos tratamentos. No entanto, quando diagnosticada precocemente, há cura e as chances são maiores, ainda mais com os atuais avanços tecnológicos. Manter hábitos de vida saudáveis e praticar atividade física regularmente ajudam a evitar várias doenças. “Informação é tudo. Quando a gente tem uma noção básica, é possível chegar a um diagnóstico precoce, o paciente procura antes o médico e com certeza a resposta é melhor”, explica a médica.