Com o aumento no número de casos de dengue no Brasil, as autoridades em Saúde reforçam os cuidados necessários para combater o mosquito Aedes aegypti. A professora e pesquisadora Joziana Muniz de Paiva Barçante destaca que as Américas representam 80% dos casos de dengue no mundo inteiro. Desse percentual, o Brasil simboliza 70% dos casos da doença nas Américas. “A gente está quase aí na marca não desejada de 1 milhão de casos só nesses dois primeiros meses de 2024”, comenta a especialista.

Para Joziana, diversos fatores colaboraram para o aumento no número de casos confirmados. As alterações climáticas, desencadeadas pelo aquecimento global, são um desses pontos. A pesquisadora explica que, para o Aedes aegypti se desenvolver, é necessário ter água e calor. Segundo ela, os períodos mais quentes somado com as chuvas possibilitam que o mosquito permaneça por mais tempo ou, ainda, que ele consiga sobreviver em regiões que antes eram frias, mas que agora apresentaram elevação da temperatura. “Esse aquecimento, essa alteração ambiental é um ponto importante para favorecer o ciclo desse inseto”, frisa.

O assunto foi abordado em entrevista no programa Ponto de Encontro com a pesquisadora Joziana. Ouça na íntegra e entenda mais o porquê os casos de dengue têm aumentado:

 

Conforme a pesquisadora, há estudos que indicam um aumento no número de casos desde 1980 nos países da América-Latina. Em média, o Brasil registra surtos da doença a cada três anos. “Cada vez que a gente tem um ciclo desse de número de casos, esses ciclos epidêmicos, a gente observa que o número foi maior do que o pico anterior. Então isso tem sido uma constante”, explica. “Essa elevação tem uma tendência desde que a dengue surgiu aqui no nosso território e nas Américas como um todo”, acrescenta.

Joziana ainda frisa que, além das mudanças climáticas, outros fatores estão ligados. “A gente tem o crescimento desordenado em alguns municípios e em alguns estados; a gente tem as desigualdades sociais, isso faz com que as pessoas tenham oportunidades diferentes, por exemplo, para uma coisa simples que é o abastecimento de água”, pontua a professora. A ausência de esgotamento sanitário e a produção de resíduos sólidos também são fatores que corroboram com a proliferação do mosquito.

Apenas a fêmea do mosquito Aedes aegypti transmite a doença. Para combater a proliferação desse inseto, Joziana reforça importantes dicas, como: a conscientização da população, principalmente das crianças nas escolas; e a maior transparência dos governos sobre as ações, objetivando também fortalecer o sentimento de responsabilidade de todos.