Urussanga inicia 2025 com um evento marcante: a 17ª Vindima Goethe, que celebra a colheita da uva com uma programação rica em cultura e tradição. As atividades, realizadas em parceria com as vinícolas da cidade, seguem até o dia 9 de fevereiro, destacando eventos que misturam os costumes e o melhor da produção local.

O vinho Goethe, símbolo da festividade, reflete décadas de dedicação e aprimoramento na produção. Segundo o pesquisador Emilio Della Bruna, com mais de 42 anos de experiência na Epagri, essa evolução é fruto de um trabalho persistente. “Quando cheguei em Urussanga, na verdade, encontrei uma estação experimental abandonada. Era um banhado de matagal, e nós nos propomos a reativar e voltar a ter a importância que tinha antigamente a estação experimental de Urussanga, de reorganizarmos, voltarmos a trabalhar com pesquisa em uva, em outras frutíferas e uma série de outras culturas também”, recorda.

O programa Ponto de Encontro abordou mais do assunto em entrevista com Emilio. Saiba mais:

 

Com o cenário diferente nos dias atuais, Della Bruna ressaltou o impacto da estação experimental de Urussanga para todo o estado e destacou a equipe de pesquisadores, muitos dos quais atuam hoje na fruticultura e na área ambiental, que contribuem para o desenvolvimento da agricultura catarinense. “A estação experimental de Urussanga não é de Urussanga, não é da região, é do estado todo. O nosso trabalho aqui abrange todo o estado de Santa Catarina. Quando eu falo em treinamento de profissionais, circulo o estado, treinando agrônomos, técnicos e também agricultores na questão da fruticultura, seja uva, pêssego ou ameixa”, enaltece.

O pesquisador, que vem de uma família tradicional de produtores, compartilhou em entrevista sua relação pessoal com o cultivo da uva. “Meu pai sempre cultivou uva e eu me criei cultivando uva, inclusive a uva Goethe. Então, desde criança eu tinha essa relação com a uva e com o vinho, e aí quando vim para cá, foi só relembrar o passado e adaptar a prática às novas tecnologias”, conta Della Bruna.

Emilio relembra ainda o início do trabalho com os produtores locais, que estavam acostumados a vinhos de qualidade inferior. “Quando chegamos aqui, na verdade, nós começamos a fazer vinho na estação experimental. E os produtores chegavam na estação experimental e diziam: ‘não, mas eu gosto do vinho mais forte, eu não gosto desse tipo de vinho’. Daí eu fiquei pensando o ‘que é o vinho mais forte’ e fui entender. O vinho mais forte é o vinho avinagrado, que as pessoas estavam acostumadas a fazer e tomar nas suas casas”.

“Na época, eu e o Luiz Carlos Zen (ex-prefeito de Urussanga), nós nos reunimos e tomamos uma decisão, nós tínhamos que melhorar o vinho da região. Daí nós começamos a fazer o concurso de vinho aqui na região. E daí as pessoas não acreditavam que os vinhos deles não ganhavam o concurso. Mas depois do concurso, nós colocávamos todos os vinhos à disposição de quem participava. E eles iam experimentando sem saber de quem era. E os próprios produtores diziam ‘esse vinho é bom, esse acho que é o meu’, mas não era o dele, era de quem ganhou o concurso. Então, isso aí facilitou a melhoria e, paralelo a isso, nós montamos um laboratório onde os produtores também entraram com algum recurso para começar a fazer análises químicas para saber quimicamente como é que o vinho estava e poder orientar os produtores a produzir um vinho de qualidade. E isso fez com que as coisas fossem melhorando”, lembra Della Bruna.

Com o apoio e as análises, os produtores começaram a receber orientações técnicas para elevar a qualidade do vinho. “Hoje as coisas são muito diferentes. Nos primeiros concursos, o que era campeão, talvez se nós fossemos colocar hoje num concurso, não seria nem classificado para as finais, o campeão da época, e você vê o quanto melhorou a qualidade do vinho na região, tanto os vinhos industriais como os vinhos coloniais também”, finaliza.

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