Na saudade da Pátria distante, no mistério da nova Nação, com ternura escreveste, Urussanga, nesta terra uma nova canção. Há 50 anos, a Câmara de Vereadores de Urussanga aprovava o hino da cidade, escrito por Monsenhor Agenor Neves Marques. “É um hino que foi muito bem escrito pelo Monsenhor na época porque, realmente, ele relata o que foi vivido aqui, como que a cidade foi, na verdade, construída”, destaca a diretora municipal de Cultura, Eliana Maccari. Além do município de Urussanga, a criatividade de Monsenhor também foi responsável por criar os hinos de outras cidades, como Cocal do Sul, Praia Grande e Jaguaruna. “Se nós tivéssemos que resumir o Monsenhor Agenor em uma palavra, eu diria polivalente. Ele era um homem entusiasmado além da religião, era um homem profundamente de Deus, mas também um homem profundamente do povo. Então, ele soube aliar os dois aspectos, a religiosidade e a cultura, e promoveu muito bem nesses dois campos”, afirma o pároco da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, padre Giliard Cesconetto Gava.
Ainda conforme o sacerdote, Monsenhor era considerado um homem de símbolos. “Ele gostava de deixar para as futuras gerações símbolos”, diz. “Por isso essa cultura dos hinos na nossa região, aqui, em muitos municípios que ele fez os hinos”, acrescenta. Além do hino em Urussanga, outro símbolo que Monsenhor deixou para o município é a magnólia branca. “Uma flor da imigração italiana e símbolo da imigração, e também de Urussanga. Eu acho que isso nós precisamos resgatar. Hoje já temos poucas magnólias plantadas”, comenta. A diretora Eliana também complementa sobre um trecho do hino de Urussanga que representa muito o município: Capital Adorada do Vinho. “Imagina que Urussanga foi um município firmado nos anos 1900 e ficou 75 anos sem ter um hino, tanto tempo depois para ter um hino. Mas, quando recebeu esse presente, então, do Monsenhor, um presente que realmente fez jus a história da cidade”, afirma.
O assunto foi abordado com mais detalhes em entrevista com a diretora Eliana e com o pároco Giliard no programa Ponto de Encontro. Ouça na íntegra e entenda mais:
O hino de Urussanga foi aprovado pelos vereadores no dia 23 de maio de 1975. Com a letra de Monsenhor, a canção possui o musical realizado pelo padre italiano Giuseppe Scappini. Rosa Miotello, apresentadora da emissora e que por muitos anos apresentou o programa Andorinha Mensageira ao lado de Monsenhor, conta que, naquela época, Agenor era secretário de Educação do município. “Ele percebeu que o município necessitava de muito mais, não havia bandeira, não havia brasão e não havia hino. O Monsenhor se dispôs a fazer tudo isso”, fala. “Naquele momento, o forte em Urussanga era a mineração, mas Monsenhor percebeu que a mineração não teria muito futuro e ele viu que os vinhedos, os parreiras poderiam ser o futuro de Urussanga e ele fala isso muito bem neste hino”, reforça. Ouça mais:
Recentemente, Rosa Miotello, que apresentou o programa Andorinha Mensageira por muitos anos ao lado de Monsenhor, presenteou a Rádio Marconi com a partitura original do hino. No próximo ano, a emissora irá inaugurar o seu espaço memória, com vários registros históricos da rádio e do município. Confira um registro:
Leia a letra do hino de Urussanga
Na saudade da Pátria distante,
No mistério da nova Nação,
Com ternura escreveste, Urussanga,
Nesta terra uma nova canção.
Estribilho
Capital adorada do vinho
Monumento de fé tu serás:
Alicerças o nosso futuro
No trabalho, no amor e na paz.
Respondendo a uma chuva de flechas
Enfrentado o perigo e a dor,
Ao nativo ensinastes cantando
A linguagem sublime do amor.
Tradição, liberdade, heroísmo,
O teu povo está sempre a cantar,
Nos vinhedos de pomos rosados
Teu destino é viver e lutar.
Urussanga, és um par de mãos dadas
Na bandeira, na fé, no brasão,
Que entrelaçam Brasil e Itália
Na nobreza do seu coração.