Um sentimento que marca todos os mineiros. Desde aqueles que viveram os acontecimentos até os mais jovens, que sentem as mudanças no trabalho. Após quase 40 anos, a história ainda se mantém, seja entre os moradores, famílias ou trabalhadores. Infelizmente, as condições de trabalho e segurança na mineração só foram valorizadas após a morte de 31 mineiros, na tragédia da Mina Santana, no Rio Carvão, em 1984. Além do dia 10 de setembro, data em que o acidente ocorreu, os 31 homens são ainda mais lembrados no dia 4 de dezembro, dia de Santa Bárbara, a padroeira dos mineiros. O programa Ponto de Encontro realizou uma série de entrevistas especiais em alusão ao Dia do Mineiro.

A história da tragédia da Mina Santana foi documentada de forma ampla através da obra “Ouro Negro”. Em 2003, o urussanguense Yves Goulart decidiu realizar um resgate histórico, com o objetivo de ressignificar o acontecimento através da arte, por meio do audiovisual. “Eu olho essa história com um olhar de um menino de 9 anos, onde vê essa tragédia de maneira muito in loco, sabe, os olhares, o luto, a tristeza, esse resgate dos corpos, tudo isso me marcou muito, e transformar isso em um documentário é um caminho de cura, no meu ponto de vista”, comenta Yves. Ouça mais detalhes na entrevista completa:

 

A história de quem desceu as minas

Apesar de idades e épocas de trabalho diferentes, Rudmar Maciel, o popular Amarelinho, e Paulo Sérgio Teotônio viveram anos de suas vidas em baixo das minas. Quando Amarelinho se aposentou, em 2000, Paulo estava ingressando no ramo. Amarelinho iria trabalhar no mesmo turno das vítimas do dia 10 de setembro de 1984, mas acabou indo só à tarde a pedido de um supervisor. “Era contado os dias para fazer 21 (anos) para baixar mina na época, porque dava um salário muito bom”, afirma Amarelinho.

Em 13 anos, Paulo ingressou na mina como mecânico e, ao longo dos anos e com a experiência, tornou-se supervisor. “A gente tem orgulho de ter se aposentado como mineiro, porque a gente é filho de mineiro, meu pai foi mineiro”, ressalta Paulo. “Foi um aprendizado que eu vou levar para o resto da minha vida”, complementa. Diferente da época de Amarelinho, nos anos em que Paulo atuou na mina, os serviços já eram mecanizados, facilitando o trabalho, além de garantir mais segurança aos funcionários.

Das memórias, histórias engraçadas, piadas envolvendo apelidos dos mineiros até uma reflexão sobre o aumento da segurança das minas após a morte de 31 trabalhadores. Amarelinho e Paulo conversaram sobre diversos temas e relembraram os momentos que viveram nas minas. Ouça a entrevista completa:

Parte 01

 

Parte 02

 

As mudanças

A Mina de Santana foi desativada há anos. Na conhecida Região Carbonífera, algumas cidades vizinhas seguem com a mineração. Treviso é um desses municípios. Diego Daleffe, supervisor geral de elétrica da Carbonífera Metropolitana, frisa que muitas coisas mudaram no ramo. Atualmente, as estações são todas mecanizadas, com equipamentos que realizam o trabalho pesado. “Todos os dias a gente vai ao trabalho, organiza os trabalhos que devem ser feitos, executados durante aquele período, aquele turno de trabalho junto com os colegas, sempre pedindo a proteção, com certeza, de Santa Bárbara, para que ela interceda junto a nós, a nossos colegas de trabalho”, comenta. Confira a entrevista:

 

Do descanso uma arte

Nilton Santos Motta trabalha na Carbonífera Metropolitana e divide o seu tempo com uma paixão que surgiu há 22 anos: a restauração de imagens sacras. No início dos anos 2000, Nilton resolveu conhecer mais a área e se dedicou a um curso em Florianópolis para aprimorar as suas técnicas. De lá para cá, o artista já restaurou inúmeras imagens de santos e padroeiros. A mais recente foi a imagem de Santa Bárbara, que foi usada em uma procissão realizada pelos mineiros no último dia 4. Saiba mais na íntegra:

 

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