Após autorizar o uso da vacina da Pfizer em crianças com idade entre 5 e 11 anos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apresentou hoje (16) algumas recomendações e condições que devem ser observadas pelas autoridades de saúde para a imunização desse público. De acordo com a agência, a atenção deve ser redobrada uma vez que tanto a dose como a formulação da vacina a ser aplicada serão diferentes das aplicadas em jovens e adultos.

A exemplo do que ocorreu nos demais grupos, a vacinação em crianças deve priorizar grupos consideradas como de risco. Um ponto muito importante, ressaltado pela diretora da Anvisa e relatora do processo de liberação do medicamento, Meiruze Sousa Freitas, é que pais ou responsáveis fiquem atentos com relação ao frasco da vacina, que terá cor laranja. Para adultos, o frasco é roxo.

A administração da vacina em crianças será de duas doses de 10 microgramas com três semanas de intervalo. “O volume a ser aplicado é de 0,2 ml em uma seringa de 1 ml”, explicou a diretora.

Recomendações

Meiruze lembrou que caberá ao Ministério da Saúde a decisão sobre “conveniência e oportunidade” para inclusão da vacina no Programa Nacional de Imunização, mas que cabe à Anvisa apresentar as recomendações e condições que devem ser seguidas para a vacinação das crianças nessa faixa etária.

“A vacinação das crianças nessa faixa etária deve ser iniciada após treinamento completo das equipes que de saúde que farão a aplicação, uma vez que a grande maioria dos eventos adversos pós-vacinação é decorrente da administração do produto errado a faixas etárias erradas, de doses inadequadas e da preparação errônea do produto”, disse a diretora.

Uma outra recomendação da Anvisa é de que a vacinação das crianças seja feita em “ambiente específico e segregado da vacinação de adultos”. O ambiente deve ser “acolhedor e seguro para a população pediátrica”. É também indicado que as crianças permaneçam no local em que a vacinação ocorrer por pelo menos 20 minutos após a aplicação, de forma a serem observadas por esse período.

A sala em que se dará a aplicação da vacina deve ser exclusiva para a aplicação dessa vacina. E não deve ser aproveitada para a aplicação de outras vacinas, ainda que pediátricas. Não havendo essa possibilidade na infraestrutura, para essa aplicação, que sejam adotadas todos cuidados visando uma administração segura.

No caso de comunidades isoladas, como aldeias indígenas, a Anvisa recomenda que, sempre que possível, a vacina seja feita em dias separados, não coincidentes com os dias de aplicação em adultos.

Intervalo de 15 dias

Segundo a diretora da Anvisa, a vacina não deve ser administrada de forma concomitante com outras vacinas do calendário infantil. “Por precaução é recomendado intervalo de 15 dias”, disse a diretora.

A modalidade de vacinação drive thru também deve ser evitada

Outra recomendação é que os agentes de saúde devem informar aos pais ou responsáveis que acompanham crianças e adolescentes sobre sintomas e reações esperadas após a vacinação, como dor, inchaço ou vermelhidão local, febre, fadiga, dor de cabeça ou linfadenopatia (gânglios) na axila do braço que recebeu a vacina.

“Pais ou responsáveis devem procurar um médico, caso a criança apresente dores repentinas no peito, falta de ar ou palpitações após a aplicação da vacina”, afirmou a diretora. Crianças que completarem 12 no intervalo entre a primeira e a segunda dose deverão manter a dose pediátrica.

Secretários de Saúde

O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) divulgou nota na qual manifestou apoio à aprovação do imunizante para esse público. Nela, o presidente da entidade, Carlos Lula, destaca que o imunizante já foi aprovado para a faixa etária pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA), pela Agência Americana Food and Drug Administration (FDA) e pelo governo de Israel.

“Tendo em vista que para dar início à vacinação nesta faixa etária será necessária formulação específica desta vacina com um terço da fórmula padrão [10 microgramas por dose], o Conass aguarda posicionamento do Ministério da Saúde quanto à sua aquisição, o que é de sua competência. Aguardamos também, com expectativa, o processo de avaliação da vacina CoronaVac, do Instituto Butantan, para a vacinação de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos, já amplamente utilizada em outros países, com disponibilidade imediata no Brasil”, disse Carlos Lula.

Contatado pela Agência Brasil, o Ministério da Saúde informou que não há, ainda, previsão sobre quando começará a aplicar a vacina da Pfizer em crianças com idade entre 5 e 11 anos.

Ameaças

O diretor presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, aproveitou o anúncio para denunciar que todos diretores da Anvisa receberam ameaças – algumas de morte – de pessoas contrárias à vacinação em crianças.

Segundo Torres, “o acirramento da violência anti-vacina está em viés crescente”, mas o trabalho que vem sendo desenvolvido pela agência não será prejudicado.

Ele informou que “não cabe à Anvisa e, sim, às autoridades de saúde, a aplicação do imunizante”.

Nota da Secretaria de Saúde de Santa Catarina

Secretaria de Saúde presta esclarecimentos sobre a aprovação da Pfizer pela Anvisa para a vacinação de crianças de 5 a 11 anos

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta quinta, 16, a indicação da vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela Pfizer/Wyeth para crianças de 5 a 11 anos. A avaliação técnica realizada pelo órgão regulador concluiu que a vacina é segura e eficaz para o público infantil, podendo ser incorporada ao Programa Nacional de Imunizações (PNI).

Ainda, durante o anúncio, a Anvisa esclareceu que a vacina aprovada para a imunização das crianças de 5 a 11 anos é diferente daquela utilizada para a vacinação das pessoas maiores de 12 anos . As vacinas utilizadas para pessoas com 12 anos ou mais tem uma composição de 30 microgramas por dose e está identificada com uma tampa roxa. Já a vacina que será aplicada nas crianças de 5 a 11 anos terá o equivalente a um terço da fórmula “padrão” (10 microgramas por dose) e será identificada com uma tampa laranja. Até o momento, este imunizante não está disponível no Brasil.

É importante destacar que a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou sobre uma maior proteção para crianças de 5 a 14 anos, que são as mais afetadas pela nova onda de Covid-19 que vem ocorrendo na Europa, e a vacinação é uma estratégia importante para se fortalecer essa proteção.

Assim como a OMS, a Secretaria de Saúde de Santa Catarina (SES/SC) acredita na importância da vacinação deste público e aguarda informações oficiais do Ministério da Saúde (MS) quanto à aquisição da vacina, bem como orientações técnicas sobre o prazo para inclusão de crianças de 5 a 11 anos no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a COVID-19. No estado, a população na faixa etária dos 5 aos 11 anos está estimada em 642.800 crianças.

Desde o início da pandemia foram notificados em Santa Catarina 28.788 casos de Covid-19 em crianças de 5 a 11 anos, dos quais oito evoluíram para óbito. Também foram registradas 1.188 hospitalizações, das quais 169 necessitaram de internação em leito UTI.

Com informações da Agência Brasil