Apesar de muitas pessoas pensarem que o colesterol alto está associado à obesidade, o problema também pode afetar outras pessoas consideradas magras. A cardiologista Fernanda Tavares explica que existem duas formas do colesterol entrar no organismo: a produção endógena, no qual o colesterol é produzido pelo próprio corpo, principalmente pelo fígado; e a exógena, na qual o colesterol é produzido através da dieta da pessoa. Fernanda ressalta que a maior produção de colesterol vem do organismo, representando de 70 a 80%, enquanto a produção por alimentos varia de 20 a 30%.
“Tem pacientes que têm alterações genéticas na produção, isso se dá o nome de uma doença que é chamada de dislipidemia, hiperlipidemia, que é o aumento do colesterol de caráter familiar ou de caráter genético, doença herdada”, esclarece Fernanda. A cardiologista ainda acrescenta que mesmo o paciente tendo hábitos de vida saudáveis, os níveis de colesterol são excessivamente elevados por essa alteração genética. A doutora também ressalta que o nível de colesterol varia de acordo com cada paciente e suas necessidades, além do risco cardíaco, que é baseado através de consultas com especialistas. O tratamento adequado também é analisado no consultório, tendo como base o risco cardíaco determinado para a pessoa.
“O paciente que já teve infarto, que já teve AVC, que já teve algum evento, provavelmente as metas dele de alvo de colesterol vão ser muito mais rígidas do que outro paciente que nunca sofreu o evento cárdico, mas que tem colesterol alto”, comenta cardiologista. A doutora Fernanda Tavares participou de entrevista no programa Ponto de Encontro e falou mais sobre o assunto. Ouça na íntegra:
Parte 01
Parte 02
Fernanda explica que, dependendo dos níveis de colesterol do paciente, somente mudanças de hábitos de vida não serão o suficiente para o tratamento. “Tem paciente que tem doença genética, então, se você entender que o processo às vezes é uma própria produção do corpo e não o que o paciente está comendo, não vai resolver só fazer atividade física. É claro que é importante, aí tem que ter as duas coisas, a medicação associada com a mudança no estilo de vida é importante sim, é dieta, hábitos alimentares, fazer atividade física sim, é importante. Mas a grande maioria dos pacientes com risco cardíaco elevado e com o colesterol muito alto, o medicamento vai ser fundamental”, reforça.
A doutora também esclarece que o Ômega 3 tem relação com o coração, já que ele possui propriedades que agem no colesterol, nos triglicerídeos, agindo na inflamação. “O Ômega 3 está presente em alimentos como peixes, frutos do mar. Pacientes que têm uma dieta rica em Ômega 3, a gente sabe que a longo prazo, tem menos risco cardíaco”, comenta. No entanto, é importante ressaltar que, conforme estudos científicos, pacientes que usaram o Ômega 3 tipo EPA tiveram redução de risco de morte cardíaca. Porém, esse tipo EPA não é encontrado no Brasil, sendo que os que são vendidos comercialmente possuem outras combinações com baixa dose do EPA.
Outro ponto que Fernanda ressalta são os usos de anti-inflamatórios, no qual é necessário o cuidado ao consumir o medicamento. Isso porque ele acaba agindo não só na inflamação, mas em outros fatores, podendo agir também nos vasos sanguíneos e em outros sistemas de coagulação, afetando a pressão arterial. Por isso, é importante que o medicamento seja usado sob prescrição médica e por um curto período de tempo, já que seu uso indevido pode causar problemas cardiovasculares, principalmente para quem já tem alguma doença do tipo.
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