Uma estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) indica o surgimento de 44 mil novos casos por ano de câncer de intestino, ou câncer colorretal, no Brasil. Conforme o instituto, a alimentação inadequada, pobre em fibras e o consumo de carne vermelha, está relacionado ao aumento no número de casos. De acordo com a representante da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (SOBED), doutora Cintia Zimmermann de Meirelles, a maioria dos casos de câncer no intestino são assintomáticos. No entanto, existem alguns sinais, que não são específicos, que podem indicar algo relacionado a doença, como desconfortos abdominais e alteração no hábito intestinal.
Pacientes que apresentam mudanças no hábito intestinal sem terem mudado o estilo de vida, como na alimentação e a prática de exercícios físicos, devem ficar atentos. Conforme a doutora Cintia, as campanhas de conscientização estão alertando sobre a importância de se realizar a colonoscopia, principalmente para os que têm mais de 50 anos de idade. É através do exame que é feito o diagnóstico da doença, além de servir como um meio de prevenção do câncer. “No câncer colorretal a gente pode tirar pólipos, que são pequenas verrugas que podem se transformar em câncer”, explica.
Conforme a doutora, o exame é tranquilo, sendo realizado com uma sedação leve na maioria dos pacientes. A colonoscopia deve ser realizada a partir dos 40 anos de idade em pessoas que possuem histórico familiar da doença, como nos pais, irmãos e filhos. O programa Ponto de Encontro abordou mais sobre o câncer de intestino em entrevista com a doutora Cintia. Ouça na íntegra:
Além da genética, os hábitos de vida podem influenciar no desenvolvimento do câncer. Mesmo que seja rico em proteínas e em ferro, o consumo elevado de carne vermelha deve ser evitado, principalmente o churrasco, no qual a carne muitas vezes é queimada e tem mais gordura. Além disso, a alimentação deve ser rica em fibras, já que o cólon precisa delas para fazer o bolo fecal. “A pessoa tem que comer bastante fibra, tomar bastante líquido, fazer atividade física”, reforça a médica. O tabagismo, alcoolismo, obesidade e o consumo de alimentos industrializados também são fatores de risco para o desenvolvimento do câncer.
O Doutor Victor Hugo Fonseca de Jesus, especialista em oncologia gastrointestinal, esclarece que o câncer colorretal, assim como outras doenças pode estar ligado a fatores genéticos ou hereditários. “O câncer de cólon e reto, basicamente algo em torno de 10 a 15% deles, tem alguma associação com alguma síndrome genética. Portanto, pessoas que têm um risco, que tem história familiar de câncer de cólon tem mais chances de desenvolver câncer do intestino grosso. Então é bastante importante que, especialmente em famílias que tem múltiplos casos de câncer, nesse caso do intestino grosso, elas têm que pesquisar, procurar uma assistência especializada e, no caso de oncologia ou de oncogenética, tentar estabelecer se há realmente algum fator genético que está levando ao aparecimento desses tumores. A gente consegue nesses casos não apenas utilizar intervenções que diminuem o risco de aparecer novos tumores em outros membros da família, mas a gente também consegue estabelecer a estratégia de rastreamento, que são estratégias diferenciadas. Essas são estratégias que são mais intensivas com o objetivo de tentar minimizar a mortalidade dessas pessoas por meio de um diagnóstico mais precoce”, informa Fonseca, membro da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC).
O tumor, mais comum do que muita gente imagina, foi tema de conversa com o Oncologista Clínico Doutor Victor. Saiba mais sobre sintomas, exames, diagnóstico, complicações e tratamento. Confira no player abaixo:
Normalmente, se existe uma suspeita de câncer colorretal, é realizada uma biópsia. “Uma vez que o paciente tem o diagnóstico comprovado por biópsia, isso serve para todos os tumores, a gente precisa saber para onde o tumor foi. É preciso avaliar se o tumor ainda é um tumor confinado ao órgão onde ele se originou, aqui no caso o intestino grosso, ou se ele já criou ramificações para os linfonodos perto do tumor, que a gente chama de doença regional, ou se ele eventualmente já se disseminou para tecidos e órgãos distantes, que é o que comumente se chama de metástase. Então, a primeira coisa que a gente faz são os exames de estadiamento para avaliar até que ponto a doença já se disseminou”, comenta o médico Fonseca.
Quando falamos de prevenção e conscientização do câncer, ainda há um longo caminho a ser percorrido para que a saúde e o autocuidado façam parte do cotidiano de cada um. Nesse contexto, a SBOC trabalha fortemente pela ampliação do conhecimento oncológico e o diagnóstico precoce da doença. “A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica tem na internet uma página onde existe um material bastante didático e ilustrativo para que as pessoas tenham um acesso à informação. Então a gente tem esse material com dicas a respeito de prevenção e diagnóstico precoce, não só de câncer no intestino grosso, mas também de outros tumores. Então vale a pena os seus ouvintes darem uma olhada nisso e tentarem replicar essa informação para todo mundo que eles conhecem”, finaliza.