Com vida estabilizada e uma carreira já sólida, a carioca Isabel Arruda, junto com o esposo e a filha, decidiram mudar a rotina. Mas a mudança não atingiu só o cotidiano, mas sim a vida. A família se mudou para o Canadá, onde moram há quase sete anos. Uma decisão de coragem e ousadia, mas que Isabel sentia há anos a inquietação de experimentar coisas novas e de conhecer o mundo. Os anos de experiência e o sentimento fizeram com que Isabel escrevesse o livro “A Despedida de Quem Fui”, no qual conta os desafios da mudança de vida, além das dificuldades e obstáculos de morar em um país completamente novo.

Antes de se mudar, Isabel atuava há dez anos na produção de conteúdo dos programas de entretenimento da TV Globo. Ela iniciou a carreira atuando como estagiária no programa Caldeirão do Huck, tendo também trabalhado nos programas Estrelas, Big Brother Brasil e The Voice. “Pedimos demissão dos nossos trabalhos, vendemos a casa toda, entramos no avião, botamos a vida em oito malas e viemos, e tem sido uma montanha russa de experiências, de desafios, de aprendizados. Mas é uma montanha russa que está valendo a pena”, conta.

Isabel explica que se mudar de país foi realmente o querer mudar de vida. “Quando eu mudei, eu queria mudar de vida, assim, esse era o meu lema. Eu queria mudar de vida, eu queria fazer coisas diferentes, eu achava que a minha carreira não cabia mais na vida que eu levava, na vida que eu queria levar”, afirma. “Eu cheguei aqui e eu tinha que pagar conta, e eu não sabia muito bem o que eu queria fazer. É a dificuldade também para entrar no mercado de trabalho. Fui trabalhar com diversas coisas, trabalhei em café, em loja, em estádio de futebol, trabalhei em milhões de lugares até ir entendendo o que eu queria fazer”, completa.

Mesmo morando no Canadá há mais de seis anos, Isabel ainda se vê passando por experiências todos os dias, desde quando começou a mudança. Todo o processo de readaptação e as vivências fizeram Isabel criar formas de ajudar pessoas que passam pela mesma situação. “Eu fui fazendo a minha transição de carreira, e fui indo mais para esse lado do desenvolvimento pessoal, de estudar o comportamento humano e tal. Daí comecei a trabalhar sozinha, e hoje em dia eu trabalho em uma organização não governamental auxiliando imigrantes e refugiados quando eles chegam aqui no país, a se entenderem, se recolocarem. É um trabalho muito significativo”, conta.

A história de Isabel e o seu projeto auxiliando pessoas que se mudam para outros países foram destaque em entrevista no Ponto de Encontro. Confira na íntegra:

 

Quando se mudou, Isabel começou a registrar tudo que vivia em um blog na internet. Com a correria da mudança e de encontrar um novo emprego, ela acabou deixando de lado o blog, já que não tinha tanto tempo para se dedicar a ele. “Mas aquela sementinha foi plantada ali, e aí alguns anos depois, em 2020, eu falei ‘está na hora desse livro nascer’, e assim foi um transbordo”, comenta. “Metade do livro são crônicas que já foram publicadas em algum momento, ou no meu blog, ou no Instagram, e a outra metade eu sentei e escrevi, em alguns meses o livro estava pronto”, acrescenta.

Sobre o novo ciclo de vida, Isabel frisa que a sua experiência de vida antes de se mudar, principalmente a carreira no trabalho, foram fatores que ajudaram no processo. “Os imigrantes que chegam aqui, ou em qualquer outro lugar, fazem esse processo de mudança e falam ‘ah, eu vou começar do zero’. Eu acho isso uma bobagem. Ninguém começa do zero, porque a gente traz tanta bagagem na nossa vida, sabe? A gente traz tanto repertório assim, de vida vivida, de experiência, de tudo isso”, destaca. Para Isabel, trabalhar em uma emissora de televisão ajudou em sua resiliência e contribuiu no processo de transição.

Além do livro de crônicas e de seu trabalho ajudando imigrantes e refugiados, Isabel também é cocriadora do Wholehearted, em Vancouver. O grupo presta suporte para mulheres brasileiras e promove encontros para troca de experiências cotidianas, contribuindo para o bem-estar emocional. “Começou on-line por conta da pandemia. Foi no meio da pandemia que a gente resolveu fazer esse círculo”, conta. “É sempre com esse foco de oferecer esse espaço de acolhimento, de escuta e de afirmação para as pessoas poderem se expressarem. Tem sido uma jornada muito bonita acompanhar esse processo das mulheres, eu mesmo me transformo a cada círculo também”, ressalta.

O livro digital “A Despedia de Quem Fui” pode ser adquirido acessando aqui.