Em muitas situações as pessoas não sabem quando devem procurar ajuda psiquiátrica e nem imaginam que o que estão sentindo é um sinal para buscar apoio. Quando uma pessoa sente um sofrimento mental já é um motivo para procurar um profissional e iniciar um tratamento, seja ele medicamentoso ou não. A médica psiquiátrica doutora Fernanda Bora explica que esse sofrimento mental pode ser caracterizado por uma ansiedade, tristeza profunda, pensamentos de morte, desesperança profunda, insônia, estresse e falta de prazer em fazer atividades que antes gostava. “A parte da tristeza, humor deprimido, não é o maior dos sintomas, ele não é o que mais acontece, que é o que a gente pensa. A depressão, na maioria das vezes, é uma pessoa anedonia, é uma pessoa que perde o prazer nas coisas que eram prazerosas”, comenta.
A doutora Fernanda ressalta que todas as pessoas possuem vivências e questões de suas próprias vidas que precisam ser trabalhadas a fundo, seja na psicologia ou psiquiatria. “São situações que às vezes a gente não se dá conta que tem necessidade. Aquela insônia que atrapalha, aquela irritabilidade que está constante, que a gente acorda irritado, dorme irritado, é um sintoma”, reforça. Ao não procurar ajuda especializada, muitas vezes essas pessoas que sentem isso acabam buscando outras formas para tentar “escoar” esse sentimento, recorrendo ao uso de álcool e drogas. “São fugas que muitas vezes, quando a gente vai lá no cerne, que a gente vê que é um sintoma que não foi tratado de forma adequada, é uma depressão, é um conflito familiar, é algo que conseguiria tratar com a saúde”, completa.
A psiquiatra Fernanda participou de entrevista no programa Ponto de Encontro e explicou mais sobre a depressão, o tratamento e o que fazer para ajudar alguém que está passando por uma situação parecida. Confira na íntegra:
Parte 01
Parte 02
A especialista frisa que é importante que as pessoas fiquem atentas aos sinais que alguém com depressão podem apresentar em relação a pensamentos de morte. De acordo com Fernanda, esses sinais indicam uma maior urgência para que um psiquiatra seja procurado e que o tratamento seja iniciado. “Pessoas que estão comentando ‘eu não faço tanta diferença’, ‘eu não sirvo para nada’, ‘eu não sei o que eu estou fazendo aqui’, ‘eu já fiz tudo o que eu tinha que fazer nessa vida’, ou a pessoa começa a se desfazer das coisas que antes tinha carinho”, ressalta Fernanda. Conforme a psiquiatra, existem diferentes graus para um quadro de depressão, que variam entre leve, moderado e grave.
O grau é de acordo com os sintomas que a pessoa está apresentando. “Tem pessoas que têm depressão leve e que conseguem começar o tratamento e melhorar trabalhando. Tem pessoas que precisam se afastar do trabalho, e aí tem a questão da ideia do suicídio, que se considera a depressão como grave”, exemplifica. Sobre o tratamento, há muitas pessoas que alegam que o acompanhamento psiquiátrico e o uso de medicamentos não ajuda. Fernanda comenta que mais de 60% das medicações psiquiátricas são feitas por médicos clínicos gerais, e não por um psiquiatra, como deveria ser. “A gente tem muita gente mal diagnosticada, tem muita gente fazendo tratamento de forma irregular, com medicação errada de forma errada. Tudo isso leva a gente a ter impressões erradas em torno da psiquiatria”, ressalta.
Fernanda frisa que uma pessoa que teve o diagnóstico de depressão grave e está tendo pensamentos de morte precisa de vigilância 24 horas da família e amigos. “É raríssima tentativas de suicídio com alguma pessoa por perto. Os suicídios acontecem quando a pessoa está sozinha. Pessoas que estão com esse pensamento necessitam de alguém tomando banho junto, entrando no banheiro junto, e não poder ir na padaria sozinho, não pode ficar sozinho de forma alguma e a gente precisa afastar os riscos, que são, principalmente, excesso de medicações, facas, armas brancas, de fogo, corda, tudo o que possa virar arma contra a pessoa”, reforça a psiquiatra.
Se você ou alguém que você conhece está tendo pensamentos do tipo, busque ajuda psicológica ou psiquiátrica.
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